sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 3.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.

Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo III.

A estratégia tinha que ser bem elaborada. Havia vários riscos para o grupo de descida a serem considerados. Não contavam encontrar um planeta a beira de uma guerra civil. O comodoro Solano teve que reavaliar vários ítens de seu plano e agora era hora de pô-lo em prática.

“Senhores - toma a palavra o comodoro - a nossa situação é bem delicada. Precisamos sumir ou destruir as evidências físicas da passagem de Kirk e seus oficiais pelo planeta. Precisamos confirmar a presença de sobreviventes da nave mercante SS Beagle que estava neste sistema fazendo mapeamento estelar, a pedido da Frota, e foi dada como desaparecida a seis anos. Se estiverem vivos teremos que resgatá-los, mesmo contra as suas vontades. Não podemos interferir na cultura desta civilização que é um simulacro da Roma antiga da Terra , com uma religião politeísta que está subjugando o surgimento de uma nova corrente filosófica e religiosa chamada de ‘adoradores do Sol’.”

“Filhos do Sol, senhor.”- corrige o comandante sem ser insolente.

“Obrigado.”- agradece o comodoro como quem estivesse decretando uma trégua.

“Como uma Roma antiga surgiu aqui com tantas similiaridades com a Roma da Terra, a milhares de anos-luz de distância?”- indaga ponderadamente o comandante Bergman.

“Para responder a essas perguntas que envolvam a evolução de culturas interplanetárias é que contamos com a presença do Tenente Marino. Por favor, tenente, esclareça-nos”- diz o comodoro passando a palavra.

O tenente Caio Marino era italiano e um xenosociólogo com muitos trabalhos publicados sobre mundos paralelos.

“Uma das coisas que mais intrigam os exobiologistas é a presença de humanóides com culturas similares a da Terra, porém, com períodos de desenvolvimento fora dos parâmetros.

Existem três correntes de pensamento que atualmente tentam explicar tal fenômeno.

A primeira delas se refere ao êxodo da era Zefram Cochcrane. Com a propagação do uso da dobra espacial, vários grupos viram a possibilidade de deixar o caos social da Terra e procurar outros planetas para viverem em paz. Muitas naves partiram com o sonho de criar sua cultura ideal e depois perderam o contato com o planeta-mãe, a maioria propositadamente. Havia aqueles que tentaram reproduzir, como uma cultura única e planetária, o paraíso bíblico, um mundo só de criminosos ou a glória do Imperio Romano”.

“Interessante...” - interrompe o capitão a explanação - “Quer dizer que vários mundos que a Federação visita são na verdade dominados por descendentes de humanos da Terra vindos do êxodo de Cochrane?”.

“É uma teoria” - continua o tenente Marino - “Dada às semelhanças morfológicas e fisiológicas”.
“E as outras duas outras teorias?” - indaga com curiosidade a Dra. Andrews.

“Bom, doutora, a segunda nos diz que em planetas de classe M as formas de vida se desenvolvem de forma semelhante como que seguindo uma receita de bolo. Uma vez que os componentes químicos são os mesmos e o meio ambiente também, a possiblidade de surgir formar de vida semelhantes superam a marca de 75%.”

“Isto explicaria a biologia mas não o desenvolvimento cultural, estou certo?” - comenta o capitão.
“Está correto. Alguns colegas preferem acreditar num inconsciente coletivo cósmico que levaria a evolução cultural por caminhos semelhantes, não importando em qual quadrante do universo a civilização esteje; desde que seja humanóide com padrões cerebrais parecidos.”

“Mas isto é uma grande bobagem” - exclama o comandante.

“Talvez não. Já ouvi falar de uma tal teoria de Hodgkin de mundos paralelos” - acrescenta o capitão.

“Isto mesmo. Esta obra é a base dos meus estudos.” - confirma Marino.

“Bom, então pode se supor que, neste caso, possa , quem sabe, ter havido uma contaminação externa? Uma cultura primitiva sendo manipulada por outra mais avançada?” - acrescenta ao hall de perguntas sem respostas o comodoro Solano tentando encadear seus pensamentos.

“Isto também é provável, comodoro. A Terra é um exemplo disso. Hoje sabemos que civilizações mais avançadas visitaram nosso planeta no passado e chegaram a governar várias extensões territoriais. Mas isto gerou muitos conflitos e elas voltaram para as estrelas. A própria mitologia Greco-Romana nos conta várias destas histórias.” - o tenente Marino estava gostando da conferência. Seu trabalho era demais delicado e pouco reconhecido, pois autorizações para estudar culturas humanóides não eram frequentemente autorizadas pela Frota ou pela Federação. Esta estava sendo uma oportunidade única que não queria desperdiçar. Foi uma grande sorte estar na Aries quando esta partiu num tipo de missão que lhe servia como uma luva.

“A terceira teoria - continua- é a mais fantástica!”

“Exite uma mais fantástica?”- exclama o comandante com ar de deboche. A Dra. Andrews o olha com ar de reprovação e ele treme. Não sabia como ela fazia isso com ele. Mas ele se calou. Por que ela tinha que se parecer tanto com sua mãe?

“A terceira teoria fala de seres que chamamos de semeadores. Esta raça, da qual não temos ainda uma comprovação de sua existência, tem como objetivo observar culturas de diferentes planetas e espalhá-las para povoar o universo. Muitos seres são abduzidos e transplantados para outro planeta onde podem continuar sua evolução”.

Isto explicaria o porque da Roma lá de baixo ter tanto tempo de evolução quanto teria na Terra se Roma não tivesse sido dividida por Constantino no ano 330dC, o que abriu espaços para as invasões bárbaras.”

“Isto é realmente surpreendente, tenente.”- exclama a doutora.”Mas em qual das teorias se encaixa a nossa Roma?”

“Bom, doutora, esta é a questão. Não sabemos. Se pudermos descer e pesquisar em suas bibliotecas poderemos ter uma nova perspectiva para esta situação incomum.”

“Não sei se teremos tempo para isso” - diz o comodoro dissipando as esperanças do jovem pesquisador e lembrando que a prioridade da missão é de limpar todos os vestígios da presença da Federação até quando esta julgar o momento propício para um primeiro contatato oficial.- “Temos que montar uma equipe para descer e evitar ao máximo o contato com os habitantes. Temos que investigar as cavernas para recuperar os uniformes que Kirk deixou lá. Uma outra equipe deverá ir à cidade devidamente disfarçada como cidadãos comuns e descobrir se há algum sobrevivente da Beagle e resgatá-los ou, como o tenente Marino deve preferir, abduzí-los, por bem ou por mal.”.

“Senhor, com todo o respeito. Devo insistir na possibilidade de também colher algumas informações sobre a cultura deste povo. É uma oportunidade única para um cientista da minha área. É como morrrer de sede perto de una fontana.”

“O comodoro irá considerar o pedido... - diz o capitão sorrindo para seu velho conhecido como quem diz ‘Ora dê uma chance ao rapaz’.

“Bom... como o capitão disse, irei considerar o pe...”.

O comodoro é interrompido no meio da frase pelo soar do painel de alerta que começa a piscar numa cor bem chamativa: o amarelo. Alguma coisa estava errada. O capitão Goldman toca no intercom da mesa, “Jamal, o que está havendo aí em cima?”

“Capitão, ao completar-mos a órbita visualizamos quatro naves coletando destroços da Beagle que ainda estão vagando no espaço”.

“Alguma identificação?”

“Parecem piratas Elasianos”.

Finalmente alguém estava recolhendo o lixo, pensou Goldman.

Texto por: Marcos De Chiara.

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