segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 19.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.
Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo XIX.

As horas de interrogatório pareciam intermináveis. Todos estavam muito cansados.

O comandante Adriano estava curioso com o phaser. Olhava-o bem de perto, mas como não tinha um cabo ou cano não parecia uma arma. Não entendia a finalidade daquele aparelho. Para que serviam seus botões? O emissor de raio estava voltado para seu rosto e Bergman se viu na obrigação de advertí-lo.

”Se eu fosse você não mexeria nisso.”

“Ah é? Por que não?”

“Porque...”- antes de Bergman continuar o tenente Marino o interrompeu vendo que aquela era uma boa oportunidade de tentarem uma fuga.

“Não, signore. O senhor não pode dizer à ele. É um segredo nosso. Não podemos confiar num homem que nos mantém prisioneiros.”

“O que é isso, tenen... senhor Caio? Eu só ia dizer que...”

“Qual é o segredo?” - diz Adriano ordenando que lhe dessem uma resposta favorável.

“Ah, não podemos dizer. Como revelar um dos nossos mais poderosos segredos sem nenhuma garantia?”- continua Marino instigando a curiosidade do soldado romano.

“Marino, o que deu em você? Está maluco, homem?” - Bergman não havia entendido as intenções de seu comandado.

“Vocês não estão em posição de barganhar. Diga o que eu quero saber ou...” - ameaça Adriano.

“Ou o quê? Irá nos matar? Torturar talvez? Saiba que jamais revelaremos nada. Somos treinados para resistir a qualquer tortura que você possa inventar.”

“Marino...”- Bergman começava a ficar preocupado. Não sabia qual seria a reação do comandante romano diante de tal provocação.

“Muito bem o que você quer?” - diz Adriano caindo no jogo de Marino.

“Que tal a minha liberdade? O que acha é um preço justo?”

“Ei, não esqueça de mim.” - lembra Bergman que ficava a parte daquela conversa maluca.

“Depende. Você ainda não me mostrou nada. Diga-me para que serve essas máquinas e então poderemos fazer um acordo. Vamos diga!” - Adriano estava cada vez mais ansioso em descobrir os segredos da Frota Estelar.

“Marino, muito cuidado com o que vai dizer.”

“Calma, senhor. Parece que tenho tudo sob controle. - voltando-se para o romano continua - Senhor, esta máquina que está segurando lhe dará a força de dez homens . Será quase invencível com ela. O que um militar poderia desejar? Uma grande arma. Um grande poder.” - Marino esperava que a estupidez de Adriano fosse tão grande quanto a sua vaidade.

“Como eu a faço funcionar?” - aquelas eram as palavras mágicas que Marino esperava serem pronunciadas.

“Você aponta para você e aperta o botão no alto e ... puf! Estará tão forte quanto um Hércules.” - Marino pisca para Bergman que só então começa a entender o plano.

Adriano começa a seguir as instruções. Bergman e Marino se aproximam do vidro mas o chefe da guarda pretoriana abaixa o phaser e faz mais uma pergunta. Os oficiais da Frota tentam não demonstrar muito interesse pelo desfecho da situação, e disfarçando, se afastam do espelho duplo.

“Espere. Me respondam uma coisa. Se este aparelho nos faz tão forte assim como você diz, como nós os capturamos tão fácil?”

Marino dá um tapa em seu próprio rosto e tenta inventar uma resposta convincente.

“É que vocês nos pegaram desprevinidos e não tivemos tempo de usá-la.” - e sorri nervosamente.

“Ah, bom.!”- exclama Adriano parecendo concordar com a resposta. Pega novamente o phaser e aponta mais uma vez para seu rosto.

O tenente e o comandante Bergman prendem a respiração. O dedo do militar romano começa a pressionar o gatilho e seu nocaute parecia inevitável. O phaser estava em posição de tonteio e não o faria nenhum mal, a não ser uma pequena dor de cabeça depois de acordar.

Subitamente Adriano solta um berro.

“Loucos! Vocês estão loucos!Vocês acham que eu ia realmente cair nessa? Seus imbecis! Eu já estou farto de vocês! Vou arranjar uma cobaia melhor!” - Adriano sai de sua sala. A luz se apaga e os dois voltam a ver apenas seus reflexos preocupados no espelho. Bergman estava a beira de um colapso nervoso, mas antes iria quebrar o pescoço do tenente. Assustadoramente Marino começou a sorrir. Estaria ele realmente demonstrando sinais de debilidade?

“De que está rindo? Seu plano foi por água abaixo.” - Bergman tentava entender o sorriso do pequeno e bonachão italiano. O sorriso poderia ser sinal de nervoso. Talvez ele estivesse em choque.

Antes que o tenente Marino pudesse explicar seu comportamento a porta da sala onde estavam se abriu.

Um furioso Adriano entrou jogando os objetos capturados no chão e ainda portando o phaser na mão.

“Vocês vão me dizer agora quem são, da onde vieram e o que são esses objetos ou então vou usar vocês como cobaias.”

“Se nós estivermos certos o senhor não teme por sua vida?”- provoca Marino.

Um guarda aparece atrás de Adriano portando uma sub-metralhadora.

“Eu vou me arriscar.” - responde o romano com segurança.

Marino fica impassível. Bergman sabe do perigo em revelar segredos sobre tecnologia avançada para povos primitivos. Seu senso de dever o faz ficar de boca fechada.

“Ah, não vão falar, não é? Então vocês não me deixam outra escolha.”- Adriano aponta para Bergman que, fora uma gota de suor que começa a escorrer por sua testa, não esboça nenhuma reação. Já Marino, por sua vez, fecha os olhos torcendo para que seus desejos sejam atendidos.

O facho de phaser atinge Bergman em cheio que tomba imediatamente. Marino se agacha para verificar a condição de seu comandante.’Está desacordado. Que bom!’- pensa o tenente. Adriano fica surpreso e eufórico com o seu primeiro tiro com uma arma de raio.

“Você viu? - diz para o guarda atrás dele - Eu tenho um poder tão grande quanto Júpiter! Eu serei invencível!” - o comandante romano ergue os braços em júbilo e não percebe que a sala em sua volta havia desaparecido.

Enquanto isso , no palácio do governo, o senador Lucius esperava sentado para poder falar com o cônsul Otavius. Até agora ele não conseguia entender como Claudius Marcus podia manter o projeto Mercúrio em segredo do senado e que Otavius pudesse estar conivente com tudo aquilo. Se assim o fosse, seu cargo não teria mais função e o mundo caminharia para uma nova realidade que ele não estava preparado.

“O senhor já pode entrar.” - avisou a secretária.

Lucius entra no escritório do cônsul que o recebe com um grande abraço.

“Meu grande amigo. A que devo sua visita?”

“Senhor, o que me traz aqui não é uma visita de cortesia. Tenho que lhe falar seriamente sobre meus receios quanto à condução da política do Estado.”

“O que foi Lucius? Nunca o havia visto tão preocupado.”

“Eu direi o que está havendo já que, pelo que estou percebendo, você não sabe. Um cônsul auto-proclamado, um projeto de milhões de sestércios esvaziando os cofres públicos não são assuntos preocupantes para você?”

“Já conversei com Claudius, está tudo esclarecido”- Otavius tenta esfriar os ânimos.

“Só vós conseguis ver com clareza dentro deste nevoeiro em que nos encontramos. Que esclarecimentos foram esses? Por que não somos informados? Por que devemos portar archotes pelo interior de uma caverna sombria? A censura chegou também ao senado? Nós representamos o povo não os caprichos de um homem com manias de grandeza.”

“Vejo que você tem reservas quanto a pessoa do cônsul Claudius...”

“Otavius... Ele é um cônsul armatus agora. Ele controla todo o exército da república. Controla toda nossa marinha, e em breve controlará o ar e as nossas mentes. Quanto tempo ele levará para começar a achar que você é dispensável? Já parou para pensar nisso?”

O cônsul togatus sabia que seu poder político estava em desvantagem e as preocupações de Lucius começaram a incomodá-lo. Mesmo podendo haver lucros na associação com Claudius, mais cedo ou mais tarde um tentaria se livrar do outro. Claudius estava subindo depressa demais, estava tendo poder demais e aparentemente Otavius não tinha como pará-lo. Em breve seu prestígio valeria muito pouco e poderia ser descartado como Merricus o foi. Lucius revelou uma visão aterradora do futuro que talvez o melhor píton não poderia.

Estava de mãos atadas e não gostava daquela sensação. Teria que articular uma contra-ofensiva e ser o mais cauteloso possível. Para isso tinha a pessoa certa para agir sem levantar suspeitas.

“Lucius, você está certo. Fico honrado com sua visita e seus conselhos - discretamente caminha até sua mesa e rabisca uma nota e a coloca no bolso do senador.- Espero contar sempre com seu apoio. Roma precisa de senadores preocupados com o bem estar do povo.” - e apressa a saída do senador de seu escritório.

O senador fica sem entender porque fora praticamente expulso do gabinete do cônsul mas quando lê o bilhete tudo se esclarece: “Entre em contato com Cassius. Encontro em Coríntos ao meio dia.”

Lucius sorri e apressa o passo, talvez ainda houvesse tempo de parar a sede de poder de Claudius Marcus.

Em algum outro ponto do palácio o novo cônsul retira os fones de ouvido e coloca o gravador para rodar novamente um trecho da gravação feita.

“...Quanto tempo ele levará para começar a achar que você é dispensável? Já parou para pensar nisso?”

O gravador é desligado. Claudius percebe que se tivesse um inimigo como o senador Lucius ele precisaria tomar muito cuidado. Talvez uma visita o fizesse pensar de forma diferente.

Texto por: Marcos De Chiara.

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