sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 11.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XI

Todos os oficiais seniores da USS Albedo estavam perfilados, lado a lado, na frente do almirante Petersen, mesmo a Dra. T´Vel, Allison, e Klag; que não tinham participado da missão e não tinham ideia do porquê daquela reprimenda. O almirante expressava mais decepção do que raiva em seu rosto. Ele andou duas vezes na frente deles buscando as palavras certas a proferir.

_O que eu farei com vocês ? – enfim perguntou.

_Permissão para falar, senhor ? – solicitou o capitão Alkon.

_Concedido.

_Não vejo por que constranger os meus oficiais. Assumo total responsabilidade pelos seus atos. Se alguém tiver que ser punido, que seja eu.

_Muito nobre, capitão, mas não estamos falando de constrangimento. Nem mesmo estou falando de punição. Na verdade, vocês não deveriam nem estar na minha sala uma vez que, neste exato momento, estão perdidos em uma anomalia espacial em algum lugar entre o sistema Hatarian e aqui. O que quero deixar claro a todos vocês que soldados obedecem a ordens sem questionar, caso contrário não servem para usar estes uniformes. Deixe a espionagem para os nossos espiões. Quando vocês tiverem que ser informados de algo , e se eu achar conveniente, vocês o serão.

_Não vejo a necessidade de criar esta falsa notícia ou de deter meus tripulantes como se fossem criminosos. Se é preciso uma ação secreta contra os inimigos poderia requisitar alguns de nós ou enviar os M.A.C.O.  – contrargumentou Alkon.

_Capitão...- Petersen parecia estar perdendo a paciência. - A missão em que vocês serão enviados é extremamente secreta. Precisamos nos salvaguardar de qualquer vazamento de informação. A inteligência da Frota achou necessário plantar várias informações e desinformações nos sistemas que nem o melhor investigador do Universo saberia o que realmente acontecera com vocês. Mesmo que descobrisse seria desacreditado com tantas contra-provas que em pouco tempo todos se esqueceriam o por quê da investigação. E até lá a sua missão teria acabado e vocês reapareceriam para acabar com qualquer boato da imprensa. Portanto, capitão Alkon, para o que irão enfrentar, vocês devem continuar desaparecidos e incomunicáveis, inclusive seus vinte tripulantes que foram afastados desta primeira etapa da missão.

_Primeira etapa? – perguntou Alkon.

_Sim. Haverá mais de uma incursão no território inimigo. Eles ficarão aqui na base para servir de retaguarda. – explicou Ross.

_Peças de reposição, você quer dizer. – disse Alkon sem meias palavras.

_Você pode chamar assim. Eles serão reincorporados à tripulação caso aja alguma baixa durante uma missão. – respondeu Ross.

_Os senhores poderiam ter evitado tudo isso se tivessem sido mais claros quanto aos objetivos da missão. – disse o capitão ainda inconformado.

_Vocês possuem um senso aguçado de lealdade, criatividade e desconfiança. Tais qualidades serão cruciais em sua força tarefa. Infelizmente os capitães da Frota têm um hábito de agirem por conta própria e nem sempre seguirem às ordens dadas. – disse o almirante Petersen.

_Eu sou um oficial da Frota estelar e fui treinado para obedecer a ordens, senhor; mas no espaço profundo temos que saber andar com nossas próprias pernas se para toda ação tivéssemos que pedir consentimento do alto comando...

_Então escute mais uma vez, capitão. Você e sua tripulação estão sob MEU comando. E irão obedecer às MINHAS ordens. OBEDECER. Não confrontá-las.

_Senhor, eu...- Alkon tentou ponderar mas foi impedido.

_SILÊNCIO! Não dei permissão para falar. Não quero ouvir mais nada. Já disse tudo que precisavam ouvir. Até mais do que deveriam. Estarão confinados em seus alojamentos até segunda ordem. Dispensados. Agora saiam da minha frente.

O grupo de Alkon retirou-se em silêncio. Petersen finalmente se sentou e enxugou o suor de sua testa com um lenço.

_Você deveria ter me avisado antes sobre este negócio de criar fantasmas. Teria me poupado deste stress.- reclamou Petersen com Ross.

_Para um almirante de gabinete você se saiu muito bem.- desconversou Ross.

_Eu já tive alguma experiência em comando, rapaz, não me subestime.

_Este Alkon será um problema. Seria melhor escolhermos outro para liderar a força tarefa. – comentou Bennett.

_Outro? Depois de tudo que investimos neles. Impossível! Embora eu ainda não tenha certeza de que ele tenha sido uma boa escolha. – diz Ross.

_Precisava isolar os homens deles? A tripulação para um capitão é tão preciosa quanto um filho. Vocês não vão fazer mais nada sem o meu consentimento. Esta missão tem um comando, está claro?

_Eu achei que ele não era confiável e que precisaríamos ter uma salvaguarda. – explicou-se Ross.

_Usando a tripulação dele como refém? Está louco, homem? Estamos do mesmo lado. Mesmo que este esteja podre. E não creio que o próprio chefe de operações da Frota os tenha escolhido ao acaso e tenha investido tantos recursos na reforma da Albedo à toa. – disse Petersen irritado.

_Talvez ele queira matar dois coelhos com um mesmo tiro. – comentou Bennett.

_O que quer dizer com isso? – perguntou Petersen.

_Acho que o comandante quer dizer que o capitão Alkon tem o hábito de constranger a Frota e...- Ross ia explicando, mas Petersen termina o raciocínio.

_O almirante Leyton os jogaria contra o Dominion para provocar uma guerra? Isto por causa de uma missão que antes ele comprometera? Você só pode estar brincando, Ross. Você é um homem prático e trabalhou para a inteligência da Frota por tanto tempo que está começando a ver fantasmas onde não existem.

_Acabamos de ver alguns saindo desta sala.- brincou Ross.

_Me recuso acreditar que mandaríamos o nosso pessoal para uma missão suicida. Isto vai contra tudo aquilo em que acreditamos e temos lutado em nossas carreiras.

_Eu apenas conjeturei, senhor. É o meu trabalho. Imaginar todos os cenários possíveis, senhor.- disse Ross por fim.

Petersen já estava sentindo saudades de seu velho escritório. Não tinha certeza se realmente tinha estômago para este tipo de serviço. A atitude de Ross e Bennett havia demonstrado que não eram confiáveis, e, ao que deixaram transparecer, o almirante Leyton menos ainda. Começou a ter a sensação que havia feito um contrato com o diabo e penhorado a sua alma em troca da continuação do projeto de sua vida: as naves da classe Nova.

...

Na Albedo Sarah puxa o braço de Alkon assim que transpassam a escotilha de atracação. Eles ficam para trás enquanto o resto da tripulação segue caminho para os seus postos. A comandante aproveita para falar com o capitão a sós:

_O quanto de dopaminalina você ainda toma?

_Quem te...Ah! Dra. T´Vel! Pensei que ela mantivesse sigilo sobre os seus pacientes.

_Ela honra seu juramento médico. Eu entrei nos arquivos dela. Queria saber por que você a via com tanta freqüência. Estava preocupada com você. Eu perguntei isso para entender como, com toda a sua capacidade psíquica, você não previu isto tudo? Como não prescrutou as mentes podres destes caras para saber que eles estavam aprontando com a gente?

_Sarah... As coisas não funcionam assim, você sabe. – diz Alkon segurando nas mãos dela. – Você está pensando que eu deveria ter sido mais agressivo, ter confrontado mais o almirante ou quem sabe, ter exigido desculpas pelo que fizeram conosco.

_Ah, comigo sua telepatia funciona, não é? – Sarah se desvencilha dele. – Esses caras estão nitidamente extrapolando a autoridade que possuem. Nós deveríamos...

_Nos queixar ao alto comando? Você sabe o que aconteceu da última vez.

_URRR! – grunhiu Sarah para extravasar a raiva que sentia – O que podemos fazer? Eu odeio sentir-me de mãos atadas.

Alkon a abraçou e disse: - Podemos assombrá-los, uma vez que agora somos fantasmas. – brinca Alkon para aliviar a tensão.

_Não brinque com isso. – Sarah tenta conter o riso – Temos que fazer alguma coisa. Não podemos deixar que nos manipulem assim.

_A verdade é que estamos presos ao nosso juramento à Frota Estelar. Como o almirante mesmo ressaltou somos soldados cumprindo ordens. Se nos rebelarmos isto será um motim e seremos os fantasmas mais caçados do universo.

_Talvez seja melhor nos unirmos aos Maquis. – comenta Sarah sarcasticamente. 

_Não temos escolha. Ou melhor, duas. Seguir as ordens ou enfrentar uma corte marcial. Você questionou sobre meus poderes e o que posso dizer é que senti que o almirante Petersen é uma boa pessoa. Ele está sendo pressionado tanto quanto nós. Senti um grande desconforto vindo dele. Creio que ele também não está gostando muito do rumo que as coisas estão tomando. Ele poderá ser a nossa salvaguarda no futuro. Quanto a Ross e Bennett não senti muita sinceridade. Estão escondendo algo. E ainda tem Brixx...

_O primo de Borix,? O que tem ele?

_Eu li a mente dele, sem querer, é claro. Às vezes não consigo me controlar.Não sem meu remédio. Principalmente quando capto ondas de ódio. Ele nos culpa pela morte do primo. Sua mente está cheia de ressentimentos. Acho que ele possa até estar planejando uma vingança contra nós. Ou contra mim.

_Então o transfira. Diga que não o quer. Invente uma desculpa.

_Não posso. A presença dele é uma imposição do almirante por ele ter conhecimento sobre o Dominion.

_Vou ficar de olho nele então. Você acha mesmo que ele pode nos fazer algum mal?

_Talvez. Seus pensamentos eram incertos. Acho que está indeciso. Por outro lado ele poderá nos espionar para Petersen. Devemos ter cuidado com os comentários que fazemos em sua presença. Mas ainda creio que quem nos dará mais trabalho será o bajoriano.

_O alferes Siro? É verdade. Ele é uma casca de ferida. Não se confraterniza com ninguém.

_Ele também foi enganado. Sei como ele se sente. Mas ele será  seu problema. 

_Meu problema?

_Claro! É a função do imediato. Lidar com a tripulação, escala de serviço...Além disso, ele está na sua equipe.

_Ok. Eu sei qual é minha função. – Sarah fecha a cara.

_Você fica tão bonitinha quando está nervosa, sabia disto? – Alkon a abraçou mais forte.

_Cap...Dorian... Aqui não. – ela tentou se desvencilhar de seus braços, mas a saudade de sentir seu cheiro, do calor de seu corpo e dos seus beijos foram mais fortes. Não soube quanto tempo ficaram na baia de atracação se beijando. Pareceram horas, mas na verdade foram alguns minutos.

_Senti tanto a sua falta...Queria tanto tocá-la... – disse Alkon entre um beijo e outro.

_Eu sei...Eu também... Temos que fazer algo a respeito....-disse ela enquanto Alkon beijava o seu pescoço.

_Na sua cabine ou na minha? – perguntou o capitão.

_Leia a minha mente. – disse ela baixinho e desafiadoramente antes de puxá-lo para o chão.

Texto por: Marcos De Chiara.

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