segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 22.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.
Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo XXII.

A casa de banhos Coríntos estava fechada, mas o dono devia alguns favores ao senador Cassius. Algo a respeito de uma redução de impostos, portanto não se negou a abri-la para aquele encontro importante. O senador Lucius foi o segundo a chegar.

“Você tem certeza de que não foi seguido?” - pergunta Cassius olhando sobre os ombros do amigo.

“Como se tem certeza disso? Só posso dizer que não vi ninguém me seguindo”.

“Isto não é suficiente, mas não temos outra escolha, entre”.

Os dois senadores caminharam até o salão de banhos quentes. Tiraram as suas roupas e se enrolaram em toalhas. Andaram até um grande salão onde existiam piscinas de todos os tipos. Preferiram as banheiras individuais e então se deitaram lado a lado. A água quente era extremamente relaxante e por alguns segundos eles se esqueceram completamente os motivos que os levaram até ali.

Um minuto depois chegava Otavius.

“Senhores... Não é preciso que se levantem” - O cônsul retirou suas roupas e deitou-se em uma banheira paralela aos dois. “Aahh, isto é muito bom.... Bom, senhores, chamei-os aqui para que tenhamos uma conversa que poderá mudar o destino de nossa nação. O senador Cassius já serviu em um departamento de segurança do estado. De acordo com sua ficha era um dos nossos melhores espiões e , espero, que ainda o seja. Quanto a você, Lucius, já esteve no exército e ajudou a manter a paz nas questões de disputas de fronteiras. Sua diplomacia é vital para o que tenho em mente.”

“Senhor, sabe que lhe somos fiéis e que a república deve sofrer sérias mudanças. O povo clama por isso”.

“Eu sei, Cassius. Nestas semanas que estive longe de Roma, pude perceber, em cada cidade que visitei, que há uma tensão no ar. Um descontentamento que parece não ter uma origem certa. Várias camadas sociais se manifestam contra alguns atos da república. A repressão aumenta mais o descontentamento. A censura não cala mais a voz da razão. Qual a solução?”

“Senhor, a solução parece-me bastante óbvia: temos que ouvi-la do nosso povo. Temos que dar-lhes voz. Uma maior participação nas decisões sobre suas vidas.”

“Mas eles têm o senado que os representa” - argumenta Otavius.

“Ora, você e eu sabemos muito bem que os aristocratas que fazem parte do senado só estão lá para cuidar de seus próprios interesses. A escravidão é uma indecência que nós não conseguimos mais esconder através de beneces do estado como uma assistência social que paga mais pensão para viúvas do que cuida do escravo. Isto quando ele tem permissão do dono para casar. A maioria serve aos jogos e morrem na arena num espetáculo repugnante. Podemos aumentar nossa força de trabalho com as mulheres que estão cansadas de cuidar de casa e de crianças birrentas. Para que o povo possa ter uma maior representatividade eles deverão escolher seus representantes...”

“Eleições diretas para o senado? É isto que está dizendo homem?”

“Exatamente , senhor. Creio que não devemos parar por aí. A divisão de poderes deve ser bem clara e elegeríamos um único governante para o mais alto posto. Não para ele ser um ditador ou um tirano ou um imperador. Caso seu governo não agradasse o senado se reuniria e o destituiria e elegeríamos um outro. Isto minimizaria os anseios pelo poder. Imagine um governante eleito por toda uma nação. Alguém que sempre presidisse a vontade popular. Um presidente !”

“Presidente? Eleições populares? Participação feminina na força de trabalho? De onde tirou essas idéias? Sua videira deve conter algum alucinógeno ou então os vapores dos banhos estão a cozinhar-lhe os miolos.” - rebate o cônsul a idéias vanguardistas do iminente senador.

Lucius percebe que talvez tenha falado demais. O cônsul não estava preparado para mudanças tão radicais. Tais mudanças podiam representar também uma ameaça à sua posição e o que ele queria para o momento era um meio de se livrar de Claudius Marcus e agradar ao povo ao mesmo tempo.

Cassius fica pensativo e arrisca um comentário: “O que o nobre senador parece propor é uma revolução em todo o sistema. Uma nova ordem mundial. Não há em todo o mundo algo similar com o que você propõe. Mas acredito que o povo vá encontrar muita simpatia com suas idéias. Isto iluminará o período de trevas pelo qual estamos passando. Fiat lux.”

“A luz não é para se ver e sim sentir.” - filosofa Lucius.

“Sentir a luz ? Interessante....” - agora era a vez de Otavius ficar pensativo. Ele mergulha na banheira e fica submerso por algum tempo. Quando retorna, mais relaxado, resolve expor o seu plano.

“Preciso de apoio político, militar e dos cidadãos para por as reformas em prática. Talvez nada tão radical quanto Lucius prevê, mas o suficiente para agradar a todos. Porém Claudius é um grande adversário e não creio que concordará com todos os aspectos de meu plano, se é que me entendem.”

“Poderei suprí-lo com informações do departamento de inteligência sem que Claudius saiba. Ainda tenho amigos lá que me devem alguns favores.”

“Ótimo. Assim poderei saber o que ele sabe, o que nos igualaria num confronto. Quanto à você, Lucius, preciso que fale com o maior número possível de senadores para obter maioria nas votações das reformas quando eu as apresentar.”

“Desde que as mesmas não mexam em suas posições sociais eu creio que posso conseguir o maior número de aliados. Mas e quanto ao exército? Eles apoiam integralmente o cônsul Claudius.”

“Esta é a parte que dará mais trabalho mas deixe isso comigo. Nos encontraremos em 48 horas em minha casa de campo na colina Palatino.” - dizendo isso Otavius se levanta, pega suas roupas e caminha até o vestiário.

Os senadores não o acompanharam. Ficaram cada qual pensando em seus objetivos. Aquele era um momento de transição. Ao longo da história conhecida todos eles foram marcados por profundas dores, grandes perdas. Eles estavam decidindo o destino de uma nação. Talvez do planeta inteiro. Vidas estavam em suas mãos. Era algo muito sério a ser considerado. Teriam este direito? Até mesmo Júpiter desafiou Cronus, seu pai, para formar um novo panteão. Mas teriam eles os poderes de deuses? A única arma que teriam era informação. Novos métodos de guerrear eram criados, mas tudo se resumia em informação. Se eles obtivessem um volume de informações maior que Claudius teriam uma chance. O poder da informação é que levará a luz para o povo. Pelo menos era nisso que tinham que acreditar. O conhecimento terá que ser partilhado. Será isso que Septimus busca ? Será esse o seu Sol ?

Lucius resolveu que já havia se banhado o suficiente e saiu da banheira. Quando olhou para trás não mais pode ver seu colega. Ele havia sumido. Este ato de desaparecimento era algo que havia aprendido, possivelmente, quando era espião.

O velho senador foi dirigindo até à sua casa para elaborar um manifesto a ser entregue aos demais senadores. Ele não nota, ao sair, que o comandante Adriano estava atrás de uma das pilastras da casa de banhos e que ele caminhou, calmamente, na direção do dono do estabelecimento que o esperava no portão para entregar-lhe uma fita e receber a recompensa prometida em sestércios de ouro.

O senador entrou apressado em casa e foi logo na direção de seu escritório, mas quando passou pelo corredor ouviu um barulho de garrafas quebrando. O som parecia vir de sua adega no porão.
Desceu as escadas com uma vassoura na mão. Talvez um rato intrometido estivesse fazendo derramar suas preciosas safras de vinho. Uma luz vinha do fundo de um lugar que nem ratos descobririam. A sala secreta estava aberta.

Lá dentro o cônsul Claudius e dois guardas estavam destruindo tudo. Lucius estava certo. Havia realmente um rato intrometido em sua casa.

Quando Claudius o viu lançou um sorriso na sua direção. O senador teve a impressão de seu coração ter parado.

“Oh, senador. Que prazer em vê-lo. Desculpe a bagunça, mas é que eu não estava conseguindo trabalhar com uma dúvida me remoendo. Quem teria avisado Otavius para ele abreviar sua viagem? Bem, pensei, só poderia ser alguém que tivesse um rádio. Mas então percebi que nenhum cidadão tem permissão de ter um rádio em casa e todas as mensagens das casas de radiofonia são registradas e censuradas. Isto estava me incomodando...”

O cônsul chutou alguns cacos de vidro que estavam sobre o assoalho, caminhou na direção do senador e retirou a vassoura de suas mãos. Lucius ficou imóvel.

“Quem então poderia mandar tal mensagem? Só se fosse alguém que tivesse prestígio, regalias e não gostasse de minha pessoa! Bom, daí você vê que eu fiquei na mesma, pois a lista era grande.” - Claudius sorri e põe o braço sobre os ombros de Lucius e começa a caminhar com ele sobre o vinho derramado.

“Mas, para que serve um departamento de espionagem? Aí a lista ficou pequena e era só manter os olhos e ouvidos abertos e...” - Claudius retira do paletó um pequeno gravador, aperta um botão e revela uma voz familiar: “Nós representamos o povo não os caprichos de um homem com manias de grandeza”.

“Reconhece isso, senador ? “- Claudius agora estava apertando o pescoço de Lucius e esfregando o gravador em seu rosto.

“Você não conseguirá nos deter...” - diz Lucius desafiadoramente e com a voz sufocada.

“Não? Você acredita mesmo nisso? Não me ameace velho!” - Claudius mudou seu semblante irônico para uma feição de completa fúria - “Tenho gravações, bilhetes, provas suficientes que poderão ser montadas para acusá-los de traição e mandar executá-los imediatamente. Portanto vocês são os bandidos agora e eu o mocinho. Assim será quando a imprensa divulgar essas notícias para o povo. Não creio que, depois disso, terei mais oposição. Não agora que estou próximo da minha meta!” - Claudius faz um sinal para que os guardas removam o senador.

“Meta ? E qual seria ela, Claudius ? Ser imperador ? Dominar o mundo ? “ - esbraveja o senador enquanto é levado à força escada acima.

“Não, meu caro Lucius. Eu serei um Deus!”

Texto por: Marcos De Chiara.

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