FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Fazendo Linguiças – Parte II da Trilogia.
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma.
Por Marcos De Chiara
PARTE NOVE
Quadrante
Gamma – Um dia depois
A Azimute a Zênite, as duas naves auxiliares tipo IX
da Albedo, estavam prontas para serem lançadas.
Os times de assalto já estavam prontos
também. Apenas aguardavam a ordem de partida da ponte. Enquanto isso não
acontecia estavam revisando os dados da missão na cartografia estelar.
- Sensores, Brixx? – solicitou Alkon ao
seu novo oficial tático.
- Nada nos sensores num raio de um
ano-luz. A exceção da USS Protheus.
- Informe à capitão Sobieski para
manter posição. Mensagem criptografada emitindo radiação de fundo. Cortar
comunicação logo depois e restabelecer daqui a cento e vinte horas.
Sleek...Rume para a nebulosa NG 101 nas coordenadas 085 marco dois. Dobra oito
em cinco minutos.
- Ssimm, ssenhor! Cursso implementado.
Chegada programada em quatorze horasss,
vinte nove minutosss e quarenta e cinco segundosss.
- Excelente. Baia Dois?
<Chefe Dillinger a postos,
capitão!>
- Quero as naves prontas para partir
assim que chegarmos na nebulosa. Alkon desliga.
<Sim, senhor!>
-
Sleek transfira nossas futuras coordenadas para as naves auxiliares. Alerta
amarelo.
A USS Albedo rumou para o seu
esconderijo no espaço: a nebulosa Jenkata ou NG 101 como a Frota a designara.
Cartografia
Estelar – Deque Cinco
- A Albedo ficará escondida aqui até
que terminemos a missão. A Protheus ficará patrulhando o perímetro. Se naves de
guerra Jem´Hadar aparecerem ela deverá atraí-las para longe do esconderijo da
Albedo garantindo assim um retorno seguro para nós. – explicava Klag aos seus
companheiros enquanto na tela principal era mostrada o cenário onde iriam
atuar.
- Mas enquanto a Albedo estiver dentro
da nebulosa ela não poderá saber se, do lado de fora, existem naves de
patrulha, pois os sensores estarão inoperantes. – lembra Allison.
- Já havia calculado isso. Inventei um
brinquedinho que a equipe da engenharia deve estar finalizando agora. Não se
preocupe. – disse McCormick enigmaticamente.
- A camuflagem holográfica nos
acobertará até a chegada neste planeta. Ele é classe M e a área de pouso fica
numa densa floresta do tipo tropical, sujeita a fortes chuvas nesta época.
Emissores holográficos pessoais não ficarão prontos a tempo, então recorreremos
à maquiagem.
- Vamos virar Jem´Hadares? – diz
Gilbert preocupado.
- Não posso dizer que estou ansioso por
isso também, alferes, mas será o melhor para a nossa infiltração. – responde
Klag.
- Não gosto de usar essas coisas.
Estraga a minha pele. – reclama Allison.
-Temos maiores preocupações do que a
ação dos cosméticos que usaremos. – bronqueia Klag.
- Desculpe. – diz Allison meio sem
graça.
- Eu, Siro e Vulpes iremos na frente.
Vocês ficarão na retaguarda garantindo um caminho livre pro nosso retorno. Se
algo der errado conosco, vocês devem terminar a missão. Entendido?
- Perfeitamente. – respondem os demais.
- Dispensados. Nos encontraremos amanhã
às seis horas no hangar dois.
- Sim senhor.
Allison antes de sair olha para o
klingon e ele retorna o olhar como que dizendo “Não se preocupe. Tudo dará
certo”.Aquela troca de olhares estava incomodando muito McCormick.
Na
manhã seguinte, na ponte...
Uma ordenança, alferes Dalila Madson, serve café
para o pessoal de plantão na ponte. O capitão agradece com um sorriso.
- Chegamos na nebulosa, senhor.
Sensores inoperantes. Temos flutuação nos escudos. Estão em noventa e um por
cento e caindo. – informa Brixx.
- Parada total. Cortar energia
principal. Desviar energia secundária para os escudos.
- Senhor.Permissão para falar. –
solicita o oficial boliano.
- Permissão concedida.
- Com os sensores inoperantes não
ficaremos vulneráveis? Não saberemos o que ocorre lá fora. Se por acaso quando
sairmos dermos de cara com naves Jem´Hadar?
- É por isso que vamos testar uma
invenção do Sr. McCormick. – dizendo isto a imediato Naomi entra na ponte
fazendo sinal de positivo para o capitão. Ela esteve supervisionando a
construção da invenção do oficial de ciências.
- Acho melhor testá-la logo enquanto as
coisas estão calmas. – diz Naomi assim que se senta.
- Muito bem. Sala de torpedos?
-< Chefe de artilharia Murdock
falando, senhor.>
- A sonda sensora está pronta?
-<Pronta para o lançamento. É só
mandar, senhor.
- Obrigado. Aguarde.
- Chefe Dillinger informa que as naves
estão prontas para partir. Todo o pessoal está embarcado. Hologramas
funcionais. – diz Zagar.
- Mande soltar nossos passarinhos.
Senhor Brixx...Qual a distância entre a nave e a borda da nebulosa?
- Vinte e cinco mil quilômetros.
- Se diminuirmos a distância em dez mil
quilômetros poderíamos aumentar a capacidade da recepção dos sensores da sonda.
Você acha que assim poderíamos ser detectados pelas naves inimigas?
- Não há como ter certeza, senhor. Não
temos conhecimento de como funcionam os sensores das naves Jem´Hadar.
- Vamos especular, tenente... – pede
Alkon que o boliano tenha um pensamento mais livre.
- É possível que não, senhor. A
atividade eletromagnética no interior da nuvem é bem forte.
Alkon levantou-se e caminhou até o
leme. Observou os controles e voltou-se para o tenente Brixx para explicar o
plano que desenvolvera com Klag e McCormick.
- É o seguinte, senhor Brixx, vamos
improvisar um periscópio.
- Periscópio, senhor? – Brixx não
estava entendendo aonde o capitão queria chegar. Estava um pouco aborrecido de
ter sido deixado de fora do planejamento tático da missão e só estar sendo
informado na última hora.
- Nossos sensores estarão debilitados
enquanto estivermos dentro da nebulosa. Devo admitir que o raio trator sofreria
de interferência também, correto?
- Sim senhor, mas...- Brixx continuava
no escuro.
- Vamos lançar uma sonda sensora que
ficará lá fora próxima a borda da nebulosa e ataremos à ela um cabo. De tempos
em tempos a emergiremos da nebulosa para sondar a aproximação inimiga. Isto nos
dará uma vantagem tática. Sendo a sonda muito pequena será de difícil detecção
por eles. O que acha tenente?
- Apesar de não ter sido consultado
anteriormente, creio que é um plano arrojado que poderá dar certo.
- Este assunto havia sido discutido
antes de você ser colocado neste posto. Mas o estou informando agora. Alguma
objeção?
- Não senhor. – respondeu o boliano
seriamente. Alkon podia sentir a raiva emanando dele.
- Gostaria que o senhor coordenasse
esta tarefa. Se sente capaz disso?
- Sim, senhor.
- Ótimo. Já temos com o que passar o
tempo. Sleek reduza a distância entre nós e a borda da nebulosa em dez mil
quilômetros; depois parada total. Naomi a ponte é sua. Quando a sonda obtiver
os primeiros dados, me avise. Estarei em meu escritório.
- Afirmativo, senhor. – respondeu a
imediato.
Alkon se retira sentindo ainda uma
animosidade vindo do boliano. Depois de tanto tempo não conseguira se aproximar
daquele rapaz, nem de obter sua simpatia ou diminuir o seu rancor. Depois de
tanto tempo ele ainda não se conformava da morte de seu primo. Um dia destes
eles teriam que conversar sobre isso.
A bordo da Zênite, que como a sua
nave-irmã, estava camuflada holograficamente como um caça Jem´Hadar; Allison
conversava com seus companheiros de viagem. Ela já estava sentindo coceira da
pele artificial em seu rosto.
- Ei, pessoal, vamos abrir a boca um
pouco. Eu já estou tensa e com uma vontade enorme de me coçar. Contem uma piada
ou cantem uma canção. Pelo amor de Deus!
- Estou me ocupando dos sensores Ally.
Além do mais a minha voz não é muito boa. – explicou-se McCormick.
- Eu estou checando nosso armamento e
provisões. – justificou-se Gilbert.
- Pela décima vez? Deixe isso pra lá
Gil! – reclamou Allison.
- O que eu posso fazer? Sou
perfeccionista. – explica-se o alferes.
- É só perguntar ao “Senhor Memória”
que ele te diz tudo o que temos a bordo. Inclusive onda há cada parafuso nas
junções de encaixe das placas de revestimento do casco da nave. Não é Doug? -
brincou Allison com o namorado.
- As naves auxiliares não têm parafusos
nas placas de revestimento. – diz McCormick corrigindo a piloto.
- O inventário, tenente. O
inventário... – provoca Allison.
- Três roupas espaciais com botas
magnéticas e coletes propulsores, caso
precisemos sair da nave quando estivermos no espaço. Kit médico padrão
da Frota bem como ração para três dias. Um tricorder médico e um para análises
de campo. Três vestes termorreguláveis com recicladores de fluidos corporais
para ambientes hostis. Três máscaras de gás. Armamento: Três rifles-phasers
tipo IV com 3 recarregadores para três mil disparos. Três pistolas phaser tipo
II, três cintos com granadas dos tipos F[1],G,L
e S. Um traje isolante para incursões invisíveis, se necessário... – McCormick
começou a falar sem parar.
- Tá bom! Tá bom! Chega. Eu vou ficar
quieto. – se rendeu Gilbert. – Eu também estou nervoso. Só tentava matar o
tempo. E você Mac? Não faz nada para se distrair?
- Claro. Eu estou me distraindo. –
responde sem delongas.
- Como? Vendo a tela dos sensores a cada
cinco segundos? – pergunta debochadamente o alferes.
- Isto, jogando xadrez tridimensional,
cantando a minha música preferida e refazendo algumas fórmulas de uns
experimentos que deixei à bordo da Albedo. – revela na maior simplicidade.
Allison e Gilbert olham espantados para
o colega.
- Você está brincando, não é? –
pergunta Allison sem acreditar no que acabara de ouvir.
- Como isto é possível? – Gilbert ainda
não acreditava no colega.
- Mentalmente. – explica o ruivo
marciano.
O espanto foi maior ainda. Sabiam da
capacidade de memória de McCormick. Só não sabia que chegava à tanto.
- Às vezes eu acho que você tira sarro
com a nossa cara Mac. – Gilbert não havia se convencido da explicação do
colega.
- Talvez sim, talvez não. Quem sabe? –
diz sorrindo McCormick. Allison lhe dá um cutucão.
- Quanto tempo falta para chegarmos ao
tal planeta, Allison? – pergunta Gilbert mudando de assunto.
- De acordo com as informações passadas
pelo capitão Alkon, estaremos lá em duas horas. Naomi melhorou os projetores
holográficos aumentando sua durabilidade para oito horas.
- Vamos repassar o plano? – pergunta McCormick –
Quero ver se vocês também tem uma boa memória.
- Deixa comigo. – disse Allison prontamente -
Pousaremos a quinhentos metros da
Azimute e seguiremos separados até uma aldeia em um sopé de uma
montanha. Lá Mac deverá usar o traje de isolamento para sondar o terreno.
Vulpes fará o mesmo, pelo seu grupo, só que usando a sua capacidade de
camuflagem natural. Depois Klag entrará na vila e se informará para achar o
nosso contato. Ficaremos na retaguarda garantindo um caminho livre para o
retorno. Se existir muitas patrulhas no local deveremos criar distrações.
Depois de decolarmos temos até três horas para voltarmos até o ponto de
encontro com a Albedo. Se as coisas
ficarem feias a USS Protheus atrairá o fogo inimigo.
- Parabéns! – exclama McCormick e presenteando-a com
um beijo. Gilbert fica constrangido.
- É...Acho que então vou tirar um cochilo. – comenta
o jovem alferes.
- Pode ir. Quando chegarmos você saberá. A entrada
na atmosfera não será suave. – informa Allison.
Sem maiores problemas as duas naves continuaram seu
caminho rumo ao desconhecido.
[1] Granada
do tipo F – Fragmentação, grande poder de destruição; tipo G – de gás; tipo L –
luminosa, contém um flash cegante e tipo S – sônica, que pode ser regulada para
diversas freqüências auditivas.