sábado, 30 de julho de 2016

FRENTE DE BATALHA 2 - FAZENDO LINGUIÇAS 5

FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Fazendo Linguiças – Parte II da Trilogia.
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma.
Por Marcos De Chiara     

PARTE CINCO

Terra – São Francisco
Centro de comunicações da Frota Estelar
Redação da INN-DNF

         Vários funcionários transitavam de um lado para o outro nervosamente. Era assim durante as vinte e quatro horas.
         Timothy Barinni procurava pelo seu chefe para receber sua nova credencial de correspondente interestelar.
         - Oi Tim! – cumprimentou um colega.
         - Oi Roy. Viu Zarc por aí?
         - Acho que foi tomar café.
         - Obrigado. – Timothy foi abrindo espaço entre as pessoas através dos pequenos corredores apertados e dezenas de divisórias.
         Displays conectados a várias localidades da Terra e dos territórios da federação mostravam reportagens sobre diversos eventos: nascimento de crianças fruto de relações interespécies, pirataria espacial, catástrofes, guerras e fenômenos espaciais.
 “Onde estavam as reportagens de esporte, musicais e humor?” – Pensava Timothy. Provavelmente não estavam na moda. Pelo menos nesta semana. Se não estivesse com a sua agenda lotada faria uma reportagem sobre como o noticiário era volátil nos dias de hoje. Bom...Talvez não desse uma boa matéria. Noticiários sempre haviam sido voláteis. O que importa é a notícia do momento. E era atrás da “notícia do momento” que ele estava atrás.
- Barinni! – um grito de um dos corredores da redação foi ouvido. A voz era inconfundível. Era Zarc Omala, seu redator-chefe. Um Tereliano de quatro braços e nariz engraçado e o motivo dele estar ali.
- Senhor Omala! O senhor está ótimo hoje. Esteve fazendo dieta?
- Sem bajulações, Barinni. Minha cintura aumentou cinco centímetros desde a última vez que o vi.
- Desde quando?
- ONTEM! Ah,ah,ah,ah! – Zarc Omala tinha um humor peculiar. – Quer café? – ofereceu um gole de sua xícara enquanto foi andando à sua frente. Timothy bebeu e esqueceu-se que Omala não usava açúcar e sim sal. Cuspiu o que bebeu, sem que ele visse, no primeiro vaso de planta que viu e devolveu-lhe a xícara.
- O que o traz aqui tão cedo?
-Você ligou para mim, lembra-se? Pediu que viesse voando. Por favor...São sete horas da manhã...Do que se trata?
Entraram no amplo escritório do chefe da redação.
- Ah, sim. Claro! Que estúpido que sou. Sente-se rapaz. – pegou uma vareta de sal e ficou a chupá-la. – Você é um cara afortunado, Barinni. Nunca vi um repórter com os contatos que você tem. – Omala ficou a procurar por algo em sua mesa entulhada de pastas, padds e e-papers. – AH! ACHEI! Aqui está sua credencial e autorizações para seu vôo. Vou sentir sua falta.
- Já não era sem tempo. Estou a uma semana esperando por isso.
- Aí tem também reservas de um hotel em Jalandra city em Bajor. É uma cidade agradável. Sua família vai adorar. Muito ar fresco, música por todo o canto...
- Pensei que ia ficar na estação nove. – disse desapontado.
- Ela não está aceitando hóspedes no momento. Problemas de infra estrutura Pelo menos foi o que alegaram.
- Jalandra? Não é a cidade dos artistas? Não é lá que vive o grande músico Varini?
- Isso mesmo. Você pode até entrevistá-lo, que tal?
- Parece bom.
- Só temos um problema.
- Sabia que estava faltando algo. Qual?
- É quanto ao seu transporte. Hoje existe muita restrição para viagens ao setor bajoriano. Conseguimos uma autorização do vice-almirante Toddman para você e sua família. Sua mulher será uma enviada especial dos Médicos Sem Fronteiras em ajuda humanitária em Bajor. Seus filhos quase não conseguiram a autorização, mas quem gostaria de ver uma mãe chorando? – sorri Omala -Vocês deverão ir em uma nave da quinta frota para a base estelar 375 e de lá serão levados em um explorador até DS9 antes de pegarem um vôo comercial para Bajor. Você terá duas horas na estação nove. Não desperdice este tempo.
- Zarc! Você é incrível! – Barinni beija a testa de seu chefe. – Sabia que você ia conseguir uma brecha nas defesas deles!
- Não me agradeça. O maior mérito é de seu amigo Lanin. Ele soube mexer os pauzinhos certos.
- Vai ser uma viagem longa, cansativa e perigosa.
- Sei disso. E não se preocupe. Sei que sua esposa também iria reclamar e então o que eu fiz?
Barinni fez uma expressão de “surpreenda-me”.
- Contratei uma segurança do maior gabarito e como prova de confiança em seus serviços vou até mandar meu sobrinho com vocês.
- Sobrinho? – Timothy estranhou a presença inesperada deste companheiro de viagem.
Omala começou a se explicar. Aproximou-se o máximo de Barinni, estando sentado, e falou com voz baixa com medo que alguém o escutasse.
- Ele é filho de minha irmã, compreende? Ele andou fazendo umas besteiras, se metendo em más companhias, pondo as mãos onde não devia... Você sabe...Vai ser melhor para ele mudar de ares por uns tempos. Digamos que o sistema solar não é seguro para ele no momento, entende?
- Entendo. Você é um tio e um patrão muito zeloso. Quando será o meu vôo?
- Daqui a dois dias. Você vai até o espaço-porto central e pega o vôo das dezesseis horas até à doca espacial da Frota. Lá procure pela capitã Sobieski. Ela estará no comando da USS Protheus, classe Prometheus, uma das novas naves que a Frota estará testando. Mais uma boa matéria, não? Isto o ocupará nas duas semanas de viagem até a base 375. Eu o invejo Barinni. Estará onde está a ação e viajará numa nave de guerra nova da Frota.Com sua capacidade de contar histórias e o faro que você tem...Vejo mais um Olho de Shiva na sua estante, meu jovem.
- Depois eu é que sou bajulador.
- Mas é verdade. Com sua capacidade de convencer os outros não há limites até onde você possa ir e a INN estará lá com você. Você convenceu a sua mulher e o alto comando da Frota Estelar! Isto não é pra qualquer um não. Você está com a bola toda garotão!
- Devem ser os meus Olhos de Shiva! – brinca Timothy.
- Mas não confie muito neles. Não vai ver demais. Você sabe como são os militares. Não se arrisque. Nós precisamos de boas histórias e não obituários, entendeu? – agora Omala falava como seu chefe.
- Pode deixar, Zarc. Obrigado por todos os arranjos. Vou para casa fazer as malas. – Timothy barinni aperta a mão de seu redator-chefe e se retira da sala.
- Mande lembranças minhas para Liz e os meninos. – gritou Omala ainda sentado e roendo uma vareta de sal.
Barinni passava por seus colegas exibindo a plaqueta de correspondente interplanetário que acabara de conseguir. Era aplaudido por onde passava. O que ele daria para Liz vê-lo agora. Pegou o elevador até o terraço onde estacionara o seu transporte. Estava eufórico. Sentia que aquela seria a matéria da sua vida. Já podia ver uma série de programas relatando a sua viagem. Relatos sobre a vida de Bajor. Entrevista com o capitão Sisko e seu staff. Com o chefe da estação Odo e sua impressão de seus pares do Dominion...A atividade Maqui...Os conflitos entre klingons-cardassianos-federação... Um sem número de reportagens brotava na sua cabeça. Era material para um ano de trabalho. Talvez mais. Só teria que convencer a sua esposa a ficar longe da Terra tanto tempo. Retirou um pequeno gravador do bolso e começou a fazer suas anotações do dia:
-“Lembrar de agradecer Yryal por abrir as portas.” – desligou o gravador para em seguida ligá-lo novamente.

- “Comprar um presente para Liz. Bem vistoso!”

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