segunda-feira, 8 de agosto de 2016

FRENTE DE BATALHA 2 - Fazendo Linguiças - 9

FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Fazendo Linguiças – Parte II da Trilogia.
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma.
Por Marcos De Chiara



            PARTE NOVE

Quadrante Gamma – Um dia depois

         A Azimute a Zênite, as duas naves auxiliares tipo IX da Albedo, estavam prontas para serem lançadas.
         Os times de assalto já estavam prontos também. Apenas aguardavam a ordem de partida da ponte. Enquanto isso não acontecia estavam revisando os dados da missão na cartografia estelar.
         - Sensores, Brixx? – solicitou Alkon ao seu novo oficial tático.
         - Nada nos sensores num raio de um ano-luz. A exceção da USS Protheus.
         - Informe à capitão Sobieski para manter posição. Mensagem criptografada emitindo radiação de fundo. Cortar comunicação logo depois e restabelecer daqui a cento e vinte horas. Sleek...Rume para a nebulosa NG 101 nas coordenadas 085 marco dois. Dobra oito em cinco minutos.
         - Ssimm, ssenhor! Cursso implementado. Chegada programada em  quatorze horasss, vinte nove minutosss e quarenta e cinco segundosss.
         - Excelente. Baia Dois?
         <Chefe Dillinger a postos, capitão!>
         - Quero as naves prontas para partir assim que chegarmos na nebulosa. Alkon desliga.
         <Sim, senhor!>
         - Sleek transfira nossas futuras coordenadas para as naves auxiliares. Alerta amarelo.
         A USS Albedo rumou para o seu esconderijo no espaço: a nebulosa Jenkata ou NG 101 como a Frota a designara.
        
Cartografia Estelar – Deque Cinco

         - A Albedo ficará escondida aqui até que terminemos a missão. A Protheus ficará patrulhando o perímetro. Se naves de guerra Jem´Hadar aparecerem ela deverá atraí-las para longe do esconderijo da Albedo garantindo assim um retorno seguro para nós. – explicava Klag aos seus companheiros enquanto na tela principal era mostrada o cenário onde iriam atuar.
         - Mas enquanto a Albedo estiver dentro da nebulosa ela não poderá saber se, do lado de fora, existem naves de patrulha, pois os sensores estarão inoperantes. – lembra Allison.
         - Já havia calculado isso. Inventei um brinquedinho que a equipe da engenharia deve estar finalizando agora. Não se preocupe. – disse McCormick enigmaticamente.
         - A camuflagem holográfica nos acobertará até a chegada neste planeta. Ele é classe M e a área de pouso fica numa densa floresta do tipo tropical, sujeita a fortes chuvas nesta época. Emissores holográficos pessoais não ficarão prontos a tempo, então recorreremos à maquiagem.
         - Vamos virar Jem´Hadares? – diz Gilbert preocupado.
         - Não posso dizer que estou ansioso por isso também, alferes, mas será o melhor para a nossa infiltração. – responde Klag.
         - Não gosto de usar essas coisas. Estraga a minha pele. – reclama Allison.
         -Temos maiores preocupações do que a ação dos cosméticos que usaremos. – bronqueia Klag.
         - Desculpe. – diz Allison meio sem graça.
         - Eu, Siro e Vulpes iremos na frente. Vocês ficarão na retaguarda garantindo um caminho livre pro nosso retorno. Se algo der errado conosco, vocês devem terminar a missão. Entendido?
         - Perfeitamente. – respondem os demais.
         - Dispensados. Nos encontraremos amanhã às seis horas no hangar dois.
         - Sim senhor.
         Allison antes de sair olha para o klingon e ele retorna o olhar como que dizendo “Não se preocupe. Tudo dará certo”.Aquela troca de olhares estava incomodando muito McCormick.

Na manhã seguinte, na ponte...

         Uma ordenança, alferes Dalila Madson, serve café para o pessoal de plantão na ponte. O capitão agradece com um sorriso.
         - Chegamos na nebulosa, senhor. Sensores inoperantes. Temos flutuação nos escudos. Estão em noventa e um por cento e caindo. – informa Brixx.
         - Parada total. Cortar energia principal. Desviar energia secundária para os escudos.
         - Senhor.Permissão para falar. – solicita o oficial boliano.
         - Permissão concedida.
         - Com os sensores inoperantes não ficaremos vulneráveis? Não saberemos o que ocorre lá fora. Se por acaso quando sairmos dermos de cara com naves Jem´Hadar?
         - É por isso que vamos testar uma invenção do Sr. McCormick. – dizendo isto a imediato Naomi entra na ponte fazendo sinal de positivo para o capitão. Ela esteve supervisionando a construção da invenção do oficial de ciências.
         - Acho melhor testá-la logo enquanto as coisas estão calmas. – diz Naomi assim que se senta.
         - Muito bem. Sala de torpedos?
         -< Chefe de artilharia Murdock falando, senhor.>
         - A sonda sensora está pronta?
         -<Pronta para o lançamento. É só mandar, senhor.
         - Obrigado. Aguarde.
         - Chefe Dillinger informa que as naves estão prontas para partir. Todo o pessoal está embarcado. Hologramas funcionais. – diz Zagar.
         - Mande soltar nossos passarinhos. Senhor Brixx...Qual a distância entre a nave e a borda da nebulosa?
         - Vinte e cinco mil quilômetros.
         - Se diminuirmos a distância em dez mil quilômetros poderíamos aumentar a capacidade da recepção dos sensores da sonda. Você acha que assim poderíamos ser detectados pelas naves inimigas?
         - Não há como ter certeza, senhor. Não temos conhecimento de como funcionam os sensores das naves Jem´Hadar.
         - Vamos especular, tenente... – pede Alkon que o boliano tenha um pensamento mais livre.
         - É possível que não, senhor. A atividade eletromagnética no interior da nuvem é bem forte.
         Alkon levantou-se e caminhou até o leme. Observou os controles e voltou-se para o tenente Brixx para explicar o plano que desenvolvera com Klag e McCormick.
         - É o seguinte, senhor Brixx, vamos improvisar um periscópio.
         - Periscópio, senhor? – Brixx não estava entendendo aonde o capitão queria chegar. Estava um pouco aborrecido de ter sido deixado de fora do planejamento tático da missão e só estar sendo informado na última hora.
         - Nossos sensores estarão debilitados enquanto estivermos dentro da nebulosa. Devo admitir que o raio trator sofreria de interferência também, correto?
         - Sim senhor, mas...- Brixx continuava no escuro.
         - Vamos lançar uma sonda sensora que ficará lá fora próxima a borda da nebulosa e ataremos à ela um cabo. De tempos em tempos a emergiremos da nebulosa para sondar a aproximação inimiga. Isto nos dará uma vantagem tática. Sendo a sonda muito pequena será de difícil detecção por eles. O que acha tenente?
         - Apesar de não ter sido consultado anteriormente, creio que é um plano arrojado que poderá dar certo.
         - Este assunto havia sido discutido antes de você ser colocado neste posto. Mas o estou informando agora. Alguma objeção?
         - Não senhor. – respondeu o boliano seriamente. Alkon podia sentir a raiva emanando dele.
         - Gostaria que o senhor coordenasse esta tarefa. Se sente capaz disso?
         - Sim, senhor.
         - Ótimo. Já temos com o que passar o tempo. Sleek reduza a distância entre nós e a borda da nebulosa em dez mil quilômetros; depois parada total. Naomi a ponte é sua. Quando a sonda obtiver os primeiros dados, me avise. Estarei em meu escritório.
         - Afirmativo, senhor. – respondeu a imediato.
         Alkon se retira sentindo ainda uma animosidade vindo do boliano. Depois de tanto tempo não conseguira se aproximar daquele rapaz, nem de obter sua simpatia ou diminuir o seu rancor. Depois de tanto tempo ele ainda não se conformava da morte de seu primo. Um dia destes eles teriam que conversar sobre isso.
        
         A bordo da Zênite, que como a sua nave-irmã, estava camuflada holograficamente como um caça Jem´Hadar; Allison conversava com seus companheiros de viagem. Ela já estava sentindo coceira da pele artificial em seu rosto.
         - Ei, pessoal, vamos abrir a boca um pouco. Eu já estou tensa e com uma vontade enorme de me coçar. Contem uma piada ou cantem uma canção. Pelo amor de Deus!
         - Estou me ocupando dos sensores Ally. Além do mais a minha voz não é muito boa. – explicou-se McCormick.
         - Eu estou checando nosso armamento e provisões. – justificou-se Gilbert.
         - Pela décima vez? Deixe isso pra lá Gil! – reclamou Allison.
         - O que eu posso fazer? Sou perfeccionista. – explica-se o alferes.
         - É só perguntar ao “Senhor Memória” que ele te diz tudo o que temos a bordo. Inclusive onda há cada parafuso nas junções de encaixe das placas de revestimento do casco da nave. Não é Doug? - brincou Allison com o namorado.
         - As naves auxiliares não têm parafusos nas placas de revestimento. – diz McCormick corrigindo a piloto.
         - O inventário, tenente. O inventário... – provoca Allison.
         - Três roupas espaciais com botas magnéticas e coletes propulsores, caso  precisemos sair da nave quando estivermos no espaço. Kit médico padrão da Frota bem como ração para três dias. Um tricorder médico e um para análises de campo. Três vestes termorreguláveis com recicladores de fluidos corporais para ambientes hostis. Três máscaras de gás. Armamento: Três rifles-phasers tipo IV com 3 recarregadores para três mil disparos. Três pistolas phaser tipo II, três cintos com granadas dos tipos F[1],G,L e S. Um traje isolante para incursões invisíveis, se necessário... – McCormick começou a falar sem parar.
         - Tá bom! Tá bom! Chega. Eu vou ficar quieto. – se rendeu Gilbert. – Eu também estou nervoso. Só tentava matar o tempo. E você Mac? Não faz nada para se distrair?
         - Claro. Eu estou me distraindo. – responde sem delongas.
         - Como? Vendo a tela dos sensores a cada cinco segundos? – pergunta debochadamente o alferes.
         - Isto, jogando xadrez tridimensional, cantando a minha música preferida e refazendo algumas fórmulas de uns experimentos que deixei à bordo da Albedo. – revela na maior simplicidade.
         Allison e Gilbert olham espantados para o colega.
         - Você está brincando, não é? – pergunta Allison sem acreditar no que acabara de ouvir.
         - Como isto é possível? – Gilbert ainda não acreditava no colega.
         - Mentalmente. – explica o ruivo marciano.
         O espanto foi maior ainda. Sabiam da capacidade de memória de McCormick. Só não sabia que chegava à tanto.
         - Às vezes eu acho que você tira sarro com a nossa cara Mac. – Gilbert não havia se convencido da explicação do colega.
         - Talvez sim, talvez não. Quem sabe? – diz sorrindo McCormick. Allison lhe dá um cutucão.
         - Quanto tempo falta para chegarmos ao tal planeta, Allison? – pergunta Gilbert mudando de assunto.
         - De acordo com as informações passadas pelo capitão Alkon, estaremos lá em duas horas. Naomi melhorou os projetores holográficos aumentando sua durabilidade para oito horas.
- Vamos repassar o plano? – pergunta McCormick – Quero ver se vocês também tem uma boa memória.
- Deixa comigo. – disse Allison prontamente - Pousaremos a quinhentos metros da  Azimute e seguiremos separados até uma aldeia em um sopé de uma montanha. Lá Mac deverá usar o traje de isolamento para sondar o terreno. Vulpes fará o mesmo, pelo seu grupo, só que usando a sua capacidade de camuflagem natural. Depois Klag entrará na vila e se informará para achar o nosso contato. Ficaremos na retaguarda garantindo um caminho livre para o retorno. Se existir muitas patrulhas no local deveremos criar distrações. Depois de decolarmos temos até três horas para voltarmos até o ponto de encontro com a  Albedo. Se as coisas ficarem feias a USS Protheus atrairá o fogo inimigo.
- Parabéns! – exclama McCormick e presenteando-a com um beijo. Gilbert fica constrangido.
- É...Acho que então vou tirar um cochilo. – comenta o jovem alferes.
- Pode ir. Quando chegarmos você saberá. A entrada na atmosfera não será suave. – informa Allison.
Sem maiores problemas as duas naves continuaram seu caminho rumo ao desconhecido.



[1] Granada do tipo F – Fragmentação, grande poder de destruição; tipo G – de gás; tipo L – luminosa, contém um flash cegante e tipo S – sônica, que pode ser regulada para diversas freqüências auditivas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário