segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 20.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.
Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo XX.

O capitão Goldman preferiu uma conversa franca, porém reservada com Septimus. Já que o disfarce não funcionou, o único caminho era falar a verdade para obter a colaboração dos nativos. Afinal a primeira diretriz havia sido quebrada há seis anos atrás e menino Espartacus era uma prova incontestável disso. Felizmente o líder deles era alguém letrado, culto, com uma boa inteligência; ou seja, alguém possível de dialogar. Mas Goldman não se iludia quanto à necessidade de barganhar pelo sucesso de sua missão.

“Espero que o senhor compreenda a nossa situação. Pertencemos a uma Federação que congrega várias raças do espaço e temos como regra mais sagrada a não interferência em civilizações em desenvolvimento para não descaracterizar sua cultura e desenvolvimento social. Há seis anos uma de nossas naves se perdeu e seus ocupantes vieram até seu planeta. Fizeram contato com um homem chamado Claudius Marcus. Ele, habilmente, os capturou e os obrigou a fornecerem conhecimento e tecnologia para seu proveito próprio. Isto serviu como propaganda política de seu governo, mas tornou a sua civilização mais poderosa do que era. Eu comando uma missão que tenta consertar isso. Outros vieram antes de mim, mas não obtiveram sucesso. Nós não podemos permitir que esta contaminação continue. Merricus, como o senhor deve ter conhecido, era o capitão desta nave perdida e contribuiu bastante para que este grande erro fosse cometido. Infelizmente ele foi julgado por isso da pior maneira, pelo que sei”.

“Exatamente. Nos culpam pela sua morte”.- comenta o ancião.

“Por isso precisamos de sua ajuda. Nós temos que apagar todos os resquícios de contato com a nossa cultura para que vocês possam ter uma evolução natural. Com o devido tempo vocês alcançarão as estrelas e também, eventualmente, farão parte da nossa federação, mas no momento propício”.

Septimus ouviu toda a explicação sem mudar de expressão. Ficou pensativo por alguns segundos e depois falou: “Sempre desconfiei do edi Merricus. Sabia que seu prestígio junto ao pro-consul era grande. Só não sabia que a fonte deste prestígio era algo que em mil anos não poderia sonhar. Tivemos tantos avanços científicos nos últimos anos. Os jornais não paravam de publicar artigos sobre as grandes conquistas científicas. Eu me perguntava como havíamos produzido mentes tão brilhantes em tão pouco tempo”?

O líder dos rebeldes estava visivelmente chocado com a revelação tanto que começou a ter tonturas e se apoiou no ombro de Goldman.

Julius correu para ajudar o seu mestre a se sentar. Enquanto tenta tomar ar. A doutora oferece um pouco de água.

“Ainda bem que sou médica e não uma simples garimpeira. O que disse a ele capitão? Preciso saber para poder receitar o calmante adequado”.

“Disse a verdade”

“A verdade? Quer dizer... toda?”

“Sim, toda”.

“É, acho que um copo d’água não fará muito efeito. Talvez um brandy seria a melhor opção. Se eu tivesse uma dose...”- a doutora enfia a mão em seu casaco e retira um pequeno frasco metálico.
“Senhor Septimus, o senhor sofre de algum problema do coração?” - pergunta a doutora.

“Até agora, não.”- responde o velho demonstrando bom humor.

“Então eu recomendo um gole disso aqui. Esquenta um pouco no início, mas depois anestesia.” - diz a doutora dando um tapinha confiante no ombro de seu paciente.

“Doutora, o que está fazendo? Isto não faz parte do kit médico padrão” - diz Goldman tentando corrigir a postura da tenente-comandante.

“Faz parte do meu kit médico. Afinal de contas, como dizia meu terceiro marido, ‘Não devemos ir a um acampamento sem levar algo que nos esquente por dentro’”

“Terceiro?” - o capitão declara seu total espanto enquanto Septimus engasga com a bebida e Julius fica preocupado com a condição de seu mestre.

“Calma grandão. Não estamos envenenando o seu líder. Isto é apenas um efeito colateral.” - diz a doutora tentando apaziguar os ânimos do musculoso rapaz.

“Cola... o quê?” - pergunta Julius tentando entender o que se passava.

A dra. Marta Andrews olha o rapaz de cima a baixo com certa volúpia , mas logo desvia o seu olhar demonstrando um grande desapontamento. “Como podem tantos músculos funcionarem com um cérebro tão pequeno?” Era o axioma do belo-burro.

Lucília aproveita o momento de distração de todos solta-se de seus captores e se aproxima correndo do capitão.

“Senhor me desculpe. Eu não teria vindo aqui tão cedo, mas é que...”- antes de terminar a frase a emoção toma conta e lágrimas e soluções começam a brotar em sua face.

“Calma, senhora. Não precisa se desculpar. Eu compreendo seu anseio em partir e....”- Goldman também não consegue terminar o que queria dizer sendo interrompido por uma Lucília desesperada.

“Não é isso, senhor. Ë meu filho, Espartacus. Ele se perdeu de mim na floresta e não pude encontrá-lo. Temo que possa acontecer algo a ele. Por favor, me ajude. Não quero perdê-lo.” - e pôs-se a chorar novamente, agora agarrada no ombro do capitão.

Bom, dizem que os problemas sempre vêm aos pares. Enquanto Goldman tentava se conformar elaborava um plano de ação.

“Calma Lucília. Escuta. Pode me dizer exatamente onde vocês se desencontraram?”

Ela balança a cabeça afirmativamente.

“Ótimo. Rodrigues, Baudelaire. Peguem seus instrumentos. Temos um resgate a fazer.”

Quando o capitão tenta dar o primeiro passo, mas a mão pesada de Julius bate contra o seu peito com a suavidade de uma pata de cavalo.

Goldman fica avaliando a possibilidade de seu Krav-magá não estar muito enferrujado, mas Septimus se levanta e resolve o problema de intolerância mais uma vez, sem a necessidade do uso da violência.

“Deixe-os ir. Vá com eles. É a segurança de um dos nossos que está em jogo. Primeiro cuidar, depois julgar.”

Um não muito conformado Julius aceita o argumento de seu líder e acompanha Goldman e os outros mata adentro.

A Dra. Marta fica para trás assim como Septimus.

“O que era aquela bebida que me deu? É muito diferente dos vinhos que estava acostumado a beber.”

“É uma receita caseira. Mas não posso revelar. É contra as regras, sabe?”

“Você parece não siga-las a risca, não é mesmo?”

“Bom, é que eu gosto de um pouco de emoção às vezes. A adrenalina me mantém jovem. Mas a bebida ajudou, não?”

“Minha filha, sua medicação foi maravilhosa!”

A dra. Andrews sentiu orgulho de si quando a muito tempo não sabia o que era este sentimento. Talvez um dos motivos de se enganjar na frota fosse este: Resgatar seu orgulho. Ou então aquele velho simpático fazia lembrar seu pai. Isto lhe trazia boas recordações de um tempo que não se podia reviver. Na verdade aqueles sentimentos se misturavam. Talvez ela estivesse nervosa com toda aquela agitação ou então o sol a tocara e a modificara de certa forma. Já ouvira falar que quando se está na presença de uma pessoa iluminada todas as almas se revelam e se purificam. Um sentimento de gratidão tomou conta de seu corpo e , ao tocar a mão daquele homem, sentindo a aspereza dela, o seu olhar tranquilo, tinha certeza de estar vivendo um momento especial.

Texto por: Marcos De Chiara.

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