terça-feira, 21 de janeiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 10.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo X

Siro Lian estava se sentindo traído. Parecia que havia trocado uma prisão por outra. A exceção dos treinos diários, que era obrigado a fazer, sua vida não havia mudado muito. Nem a mudança de cardápio valia muita coisa. È claro que, ao invés de uma cela, estava em um quarto confortável, mas ainda não possuía o que mais queria: sua liberdade. Mas como dizem...Tudo tem o seu preço.

Escutou a sua porta abrir. Nem se deu o trabalho de se levantar do sofá em que estava deitado.

- O que é agora, Kobler? Outro treino? Eu já estou cheio destes testezinhos. Quando vou conhecer o tal capitão que você falou?

- Talvez se der ao trabalho de se levantar para me cumprimentar poderemos resolver esta parte. – disse Alkon que estava ao lado do tenente Kobler.

Lian deu um salto do sofá e, constrangido, tentou se desculpar.

- Desculpe, eu...Eu não tinha a mínima idéia....Eu não tive a intenção...

- Deixe de gaguejar homem. – ordenou Kobler – Alferes Siro Lian este é o capitão Dorian Alkon da USS Albedo. – Kobler, enfim, fez as apresentações. Os dois homens estenderam as mãos e se cumprimentaram.

- Alferes Siro. Estou ciente de sua ficha e... – dizia Alkon quando foi interrompido por um comentário do alferes.

- Curioso...- disse Lian sorrindo.

- Perdão?- Alkon não entendia o que o alferes queria dizer.

- O senhor se referiu a mim pelo nome de modo correto. Muitos me chamariam de alferes Lian.

- Já trabalhei com bajorianos  no passado e conheço um pouco de sua cultura. Como ia dizendo sei de seu acordo com a Frota para a redução de sua pena e...- Alkon é interrompido mais uma vez.

- Ei! Espere um segundo! Redução? Não! Acho que houve um engano nesta parte. Kobler...Você me garantiu o perdão total se entrasse na sua Frota e orientasse seus homens contra os Jem´ Haddares.

Alkon olha para o tenente que estava se sentindo acuado. Ele tentou se explicar o mal entendido, sem muita habilidade:

- Entenda Lian...Os meus superiores resolveram que devemos dar um passo de cada vez. Dependendo de como você se portar durante as missões...aí sim poderemos rever o seu caso e dar-lhe o perdão total.

- Rever o meu caso? Missões? Você me disse uma missão. Uma missão muito arriscada no quadrante Gamma. Se conseguíssemos sair com vida eu poderia cair fora. Que história é essa agora? E o contrato que eu assinei?

- Você leu antes? – perguntou Alkon tentando retomar sua participação naquela conversa.

- Não, mas - Lian, percebendo que fora ludibriado, voou no pescoço de Kobler–ORA SEU .....!

Alkon tentou separar os dois e foi arremessado para longe por Lian. Kobler aproveitou o momento para se soltar desferindo um soco no bajoriano que o fez ficar mais irritado. Lian acertou um chute em Kobler que o jogou contra a parede. Alkon, deitado, usou o seu poder psicocinético e lançou uma estatueta, que estava sobre uma mesa, na cabeça de Lian, que, antes de cair desmaiado, ainda se virou na direção do capitão Alkon demonstrando surpresa pelo golpe que recebera.

Alkon se levantou e foi ajudar o tenente Kobler.

- Você está bem?

- Um pouco...sem...ar. Me dê dois minutos...Aí estarei em forma de novo. – respondeu o tenente.

- Vou ter que exercitar toda a minha capacidade de tolerância com este aí. Tem certeza de que ele vale a pena?

- O almirante disse que ele será vital para esta missão.

- Espero que o almirante esteja certo. – diz Alkon ajeitando o seu uniforme.

Os dois oficiais ficaram olhando o bajoriano desmaiado por alguns instantes. Alkon foi até o sintetizador, pediu um copo com água gelada e em seguida derramou sobre a cabeça de Lian, que acordou assustado.

- O quê?

- Vamos, levante-se alferes. Temos muito que conversar.

- Não creio que queira mais conversar com vocês. – respondeu Lian massageando o galo que crescia em sua cabeça.

- O que o senhor quer é irrelevante, alferes. A partir de agora ou é seguir as minhas ordens ou voltar para Meldrar I e pegar mais dois anos por ter agredido oficiais da Frota Estelar. Estamos entendido?

- Sim.-disse Siro Lian baixinho.

- Não ouvi direito a sua resposta, alferes. – disse Alkon com autoridade.

- SIM, SENHOR. – respondeu Lian mais alto.

- Parece que estamos nos entendendo. Agora pegue suas coisas. Irá embarcar. Partiremos em dois dias. Até lá você se acostumará com a nave. Não deixe de passar na enfermaria para cuidar deste galo.

Lian se afasta para pegar sua mochila e algumas roupas dentro do armário. Depois ele é escoltado para fora da cabine por Kobler que o leva até o deck de atracação. Alkon fica para trás. Respira fundo, fecha os olhos e tenta ouvir as vozes dos tripulantes perdidos. Naquele deck não conseguia sentir nada. Ou eles estavam desmaiados ou estavam mais abaixo. Resolveu chamar Okaido.

- Número um...Encontre-me no bar panorâmico em dez minutos. Chame a nossa amiga.

“Sim, senhor. Estaremos lá.”


BAR PANORÂMICO
DEZ MINUTOS DEPOIS


Alkon, Sarah e Naomi estavam reunidos mais uma vez, sob o pretexto de relaxarem um pouco tomando alguns sucos de frutas, para tentarem descobrir o paradeiro dos seus colegas desaparecidos.

- O que vocês conseguiram? – perguntou logo o capitão.

- Eu não obtive sucesso até agora. Esta base é imensa. Levaríamos mais de uma semana para revirar. Eu só pude usar um tricorder quando tive algum tempo livre. O que não foram muitos.

- Temos menos de dois dias para achá-los. – diz Alkon com  certa apreensão.- Por que não usamos os sensores da nave? Se eles podem vasculhar um planeta... – sugere logo em seguida.

- A base está com os escudos levantados. De vez em quando eles os baixam para efetuar um transporte, mas o tempo de janela é muito curto para realizar uma sondagem completa. Acredite. Eu já tentei isso. – explica Naomi para a frustração de Alkon

- Que tal o centro de operações da base? – pergunta Sarah tentando encontrar uma outra opção.

- Muito vigiado. Se tentássemos usar um terminal seríamos detectados. – diz Alkon decepcionando a sua imediato. – Eu fiz uma sondagem mental e eliminei dez decks esta manhã. – informou sem muito entusiasmo.

- Ótimo! Só faltam mais trezentos e oitenta e sete! – disse Okaido ironicamente

- É parece que não estamos indo nada bem. Vamos precisar desabilitar os escudos da base. É a nossa única opção. Teremos que fazer isso o tempo suficiente para fazer a sondagem  através da Albedo. – Alkon definiu o plano a ser executado.

- Não conseguiremos fazer isso sozinhos. Eu e o senhor estamos sendo bastante requisitados para os preparativos de partida. – ponderou Sarah Okaido.

- Eu estou sendo farejada de perto pelo tenente Kobler. Parece que ele sabe que estamos tramando algo. Só pude vir aqui por que ele teve que estar com o senhor. Ele esteve a manhã toda atrás de mim e nem se deu o trabalho de disfarçar. Pedi ao alferes Crispen para dizer, caso ele me procurasse, que estava no banho. Deixei meu distintivo  em meu alojamento na nave no caso dele querer confirmar minha localização. Este aqui peguei emprestado do pobre Crispen. Espero que o tenente seja um homem paciente. Mas não posso me demorar muito. Tenho tanto trabalho que vou ter que ficar na nave pelo resto do dia. – justifica-se a engenheira – Quanto àquela investigação que o senhor pediu para fazer... Os arquivos deles estão bloqueados. São altamente confidenciais. Não possuo os códigos de segurança para desbloqueá-los. Contornei alguns protocolos de segurança e achei muito pouco. Ross e Bennett são oficiais de carreira. Já possuíram alguns comandos. Kobler é peixinho de alguém e os segue para onde vão. Mas o que mais me 
intrigou foi que, o nome Petersen não me era estranho e descobri, no nosso banco de dados, que ele é gerente administrador do projeto das naves classe Nova, ou foi,  até a pouco tempo. O nosso almirante Petersen era um almirante de escritório, um engenheiro.

- Interessante...O que faria um homem deste ser destinado para o tipo de operação que está sendo montada aqui? – Alkon ficou muito intrigado.

- Parece que vamos ter que envolver mais gente nessa. Nós três não daremos conta disso pois estamos sendo muito solicitados e visados. – sugere a imediato.

- Eu não queria que isto fosse necessário...- resmunga Alkon.

- Dorian...CAPITÃO – se corrige Sarah percebendo que Naomi estranhara a intimidade da imediato com o capitão – Não precisaremos contar tudo. É só explicar o que queremos que eles façam e o resto fica por nossa conta.

- Está bem. Elaborem um plano. Confio em vocês. Tenho uma reunião com o almirante Petersen em cinco minutos. Boa sorte.

- Pode contar conosco. – diz Sarah sorrindo.

Alkon sai do bar e Sarah retoma a palavra:

- Quem você acha que pode nos ajudar?

- Acho que sei como podemos fazer isso. É uma idéia maluca, mas acho que vai dar certo.- Naomi fica a explicar os detalhes e, pelo sorriso estampado na cara da comandante, ela estava adorando cada parte dele.


CENTRO DE OPERAÇÕES
DUAS HORAS DEPOIS


Dorn surge do elevador empurrando um carrinho cheio de guloseimas para a surpresa dos oficiais de plantão.

- Um presente de despedida da tripulação da USS Albedo, pessoal. Não se acanhem, podem se servir, é de graça. – disse o luriano da forma mais simpática possível.

- O senhor não pode ficar aqui. Este setor é restrito. – disse um oficial.

- Ora, eu sei. Mas tenho uma autorização do próprio almirante para esta confraternização. Eu segui os protocolos e, como taifeiro da nave e oficial da moral, estou apenas cumprindo ordens. – Dorn mostra-lhe uma folha de polímero com a ordem e a assinatura do almirante Petersen.

O documento é passado ao comandante Bennett que a lê e a escaneia para confirmar a validade da assinatura. Somente depois que o computador reconhecer a ordem como válida é que o comandante permite que os petiscos sejam devorados. Ele próprio é o primeiro a se servir de um canapé.

No meio do pequeno tumulto que se segue, Sleek, o sauriano, sai debaixo do carrinho, onde estava contorcido devido a maleabilidade de seus ossos, e se esgueira até o console de controle dos escudos da estação. Da Albedo Naomi e Zagar acompanhavam o sucesso da empreitada de um console da engenharia. Assim que os escudos caíram, Naomi começou a fazer a sondagem. Com a base quase vazia, não foi difícil e nem demorado encontrar vinte pessoas em um mesmo ambiente.

- Armazém dezoito. Vai! – ordenou Naomi.

O jovem elaysiano se transporta carregando uma grande maleta. Ao chegar onde seus companheiros estavam cativos, não perdeu tempo mesmo quando vieram saudá-lo como seu salvador.

- Escutem, tenho pouco tempo para tirá-los daqui. Preciso que me ajudem. Colem estes dispositivos nas paredes, rápido! Òtimo! Agora fiquem nas mesmas posições em que estavam antes e ajam com naturalidade. – neste momento Zagar filma a todos e transfere a imagem para os projetores holográficos que acabaram de instalar. No minuto seguinte tocou em seu comunicador avisando que estavam prontos para partir. McCormick e a Dra. T´Vel  esperavam o grupo na sala de transportes da ala de carga da Albedo no deck sete. Assim que o transporte foi efetuado uma imagem holográfica do grupo surgiu no local.

Um bip soou no comunicador de Dorn avisando que obtiveram sucesso. O luriano, com apenas um olhar, avisou a Sleek que era hora de saírem, este, a esta altura, estava misturado com os outros oficiais que não estranhavam a sua presença,.

- Isto bebam mais um pouco...Está gostoso não? Aproveitem o presente. Mando buscar a bandeja e os copos mais tarde. Agradecemos a hospitalidade mas tenho que voltar para a nave e...preparar o jantar. Não bebam demais, hein? Até! – Dorn se retira com seu carrinho e segue para o elevador de costas e só percebe a chegada do almirante Ross e do tenente Kobler quando esbarra neles.

- Mas o que está havendo aqui? – grita irritado o almirante.

- É um prefente da Alf..bedo, fenhor. Quer um ?– responde inocentemente o comandante Bennett com a boca cheia de canapés.

Dorn tenta sorrir e disfarçar todo o seu medo de ser descoberto. Sleek, por sua vez, não conseguia parar de sibilar de nervoso, o que chama a atenção de Ross e o faz levantar a toalha que encobria o carrinho e navegador da Albedo. Em seguida o almirante olha para o luriano em busca de uma explicação.

Dorn só consegue engolir a saliva e sorrir nervosamente. Não tinha o que falar. Haviam sido descobertos. Ele só se lamentava em ter falhado na primeira missão que lhe confiaram.

Texto por: Marcos De Chiara.

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