terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 14.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XIV

USS ALBEDO
Hangar principal - Uma hora depois

Naomi, Brixx e Alkon estavam no hangar para se despedir da equipe que iria se embrenhar no espaço do Dominion. O grupo avançado já estava com trajes espaciais indo na direção a nave auxiliar.

_A nave está pronta para o embarque, senhores. Os emissores holográficos só ficam ativos por uma hora. Usem somente quando necessário. Vocês possuem um armamento reforçado como quatro torpedos, sendo um quântico e duas salvas de dez micro torpedos. Além de bancos phasers. Apesar disso evitem o confronto ao máximo. É uma operação fantasma, lembram-se? É para entrar e sair sem serem vistos. – explicava a engenheira-chefe.

Sarah observa o nome escrito na lateral da nave: Azimute.

_Belo nome. Quem escolheu? – perguntou.

_Foi o pessoal da engenharia. Escolhemos batizar as naves com nomes de coordenadas astronômicas. Temos ainda a Zênite e a Nadir. – responde Naomi.

_Gostava mais dos nomes das naves antigas: Alfa, Gamma e Theta. – comenta Alkon.

_Bom...As naves anteriores eram do tipo 6 e 15... – a engenheira-chefe tenta se justificar.

_Não eram tão velhas assim...- lembra Sarah com saudades.

_Os nomes tinham mais a ver com o nome da nave. Referia-se a tipos de radiação. – justificava Alkon.

_É...Albedo é a percentagem da radiação incidente refletida por uma superfície sem que esta se aqueça. A placa de batismo da nave diz: “Que uma fração da luz possa ser refletida nos astros por onde passarmos. A luz da razão, da justiça, do amor e da paz.” Este era o cerne de nossa missão. Missões diplomáticas e científicas. – lembra Sarah com certa tristeza face ao que estavam prestes a fazer.

Siro Lian, o bajoriano, não estava mais agüentando aquele papo furado e resolveu se manifestar.

_Senhores...Desculpe interromper, mas temos que chutar os traseiros de uns lagartões lá fora.

A impaciência do ex-maqui interrompeu a conversa e seus modos irritaram a comandante.

_Alferes Siro...Deve aprender a conter o seu ímpeto. Ninguém irá lá fora chutar nada de ninguém. Temos os nossos objetivos e espero que eles tenham ficado claros para o senhor durante a reunião sobre a missão. Se há algo que o senhor não entendeu, espero que faça todas as perguntas agora ou então fique de boca fechada até segunda ordem. Fui clara?

_Sim, senhora. Alferes Siro pedindo permissão para embarcar, madame. – Siro estava sendo sarcástico. Se fosse outro comandado seu ela o teria colocado na prisão por alguns dias, mas a Frota acreditava que ele era importante para a missão, então ela fez um gesto com a cabeça permitindo que ele embarcasse. Klag e Vulpes foram os próximos.

O capitão Alkon apertou a mão de Sarah desejando-lhe boa sorte.

_Se ele lhe der algum problema, tem a minha permissão para chutar o traseiro dele.

A comandante sorriu, virou-se e também embarcou. O capitão, Naomi e Brixx foram para a cabine do controlador de vôo para se protegerem da despressurização. O chefe Caballero acionou os controles. A porta do hangar se abriu e a nave decolou tendo Sarah e Klag nos controles. Eles contornaram alguns asteróides até chegarem em espaço livre.

_Sondando a área...Duas naves Jem’Hadar detectadas e...espere...Não é possível!

_O que foi Klag? – a imediato ficou curiosa.

_Uma nave cardassiana. Está entrando em dobra rumo a fenda espacial de volta ao quadrante alfa.

_Uma nave cardassiana por aqui? Estão muito longe casa. – Siro também estava confuso.

_Será que eles também estão espionando o Dominion? – perguntou Sarah.

_Não é o que parece. As duas naves Jem’Hadar pareciam escoltá-la. Uma atitude muito amistosa da parte deles. – revelou Klag.

_Bom...Vamos resolver um problema de cada vez. Este mistério ficará para outra hora. Rume para o planetóide. Ligarei o nosso holo-disfarce.

A Azimute se transforma em um caça Jem’Hadar em segundos. Contudo o disfarce ainda não estava completo.

_Alterando a assinatura dos motores de dobra. Até aqui tudo bem.- passaram perto de uma nave Jem’Hadar e não foram atacados. Todos suspiravam aliviados, bom, pelo menos ela pode notar o alívio em Siro. Klag e Tosk ficaram impassíveis. - Parabéns Naomi. – cumprimentou a comandante o belo trabalho da engenheira-chefe. Já possui informações climáticas do planetóide? – perguntou para o alferes Siro.

_Ahnn...Planetóide classe H. Atmosfera : 65 % monóxido de carbono, 25% de oxigênio. 8 % de metano e 2% de outros gases. Já respirei coisa melhor, mas sugiro não tirarmos o capacete.Quarenta e oito graus Celsius negativos. Tem também uma tempestade de neve varrendo todo o hemisfério sul. É para lá que apontam as assinaturas de dobra deles.

_Parece Marte, só que com um pouco mais de gelo.Arrume um local mais próximo para o pouso, Klag. – ordenou Sarah.

_Detectando um pequeno platô a uns sessenta metros de altura e a um quilômetro de um espaço-porto. 

_Teremos que escalar? Ótimo. Não escalo desde meus tempos de academia. Isto não havíamos previsto nos exercícios de simulação. Espere até o comandante Bennett saber disso. – comenta Sarah.

A Azimute pousa com alguma turbulência devido à nevasca.

_Retirem o traje espacial e vistam o traje de isolamento. É hora do show. Não se esqueçam de manter as câmeras do capacete ligadas. Vamos lá!

Os quatro saem da nave logo depois sob fortes rajadas de vento e neve. Sarah aciona um dispositivo no bracelete de seu traje mudando a holografia da nave para um monte de neve. Isto a deixaria camuflada por um tempo. Mesmo quando a holografia desligasse a neve verdadeira já teria coberto a nave de qualquer maneira e a camuflagem ainda se manteria.

[Essa foi boa comandante. Esteja lá onde a senhora estiver.] - disse Siro ao ver o truque da holo-camuflagem.

[Para que a gente se veja basta acionar o botão amarelo do punho direito. O visor de nossos capacetes ficará na mesma freqüência de nossas roupas. A camuflagem só durará mais dez minutos. Isto será o suficiente para a nave estar coberta.]

[Os ganchos estão prontos. Venham por aqui!]- Klag chamou seus companheiros para a beira do platô. Siro caminhou até a borda, mas deu um passo a mais no vazio e caiu. Era difícil se habituar com aquele visor cheio de instruções digitais além de ter uma nevasca prejudicando ainda mais a sua visão. Vulpes o segurou antes que fosse tarde demais.

[Obrigado!] - agradeceu o bajoriano.

Klag fincou a sua corda e começou a descer o paredão. Seus colegas fizeram o mesmo.  A descida durou quinze minutos, mas pareceu uma eternidade para Sarah. Vulpes foi o primeiro a chegar. Sua agilidade era incrível. Por isso os Hunters os admiravam e por isso eles o caçavam.

[Creio que posso ir na frente para ver se teremos problemas.] - falou o reptóide.

[Não há necessidade, Vulpes. Temos como enxergar à distância com nossas lunetas embutidas no visor do capacete.] - explica Klag.

[Não com toda esta neblina. Jem’Hadar podem estar de patrulha camuflados também. Vulpes enxerga eles. Vulpes enxerga o que vocês não conseguem ver.] - insistia ele.

[Camuflados?] - Sarah  não entendeu o que o tosk dizia.

[Os Jem’Hadar possuem um dispositivo que os deixam camuflados também.] - explicou Siro.

[Por que Brixx não nos contou sobre isso? Por que você não falou nada antes?] - reclamou Sarah.

[Ei! Ninguém me perguntou.Pensei que vocês já soubessem disso.] Siro se eximiu de qualquer culpa.

[O que a senhora acha, comandante?] - Klag esperava que Sarah desse o aval para a idéia de Vulpes.

[Ele é um tosk, sabe se virar. Pode ir.]

Vulpes então comete um gesto inesperado. Retira o seu traje e só com sua armadura leve avança pelo território inimigo. A sua agilidade era tanta que logo ele desaparece da vista de seus colegas. Além do mais os tosk tinham a habilidade natural de se camuflarem, como se fossem camaleões terrestres.

[Consegue vê-lo?] - perguntava Siro.

[Não, mas tenho o seu sinal.] - informava Klag observando o sensor acoplado ao rifle que carregava.

[Siro, recolha o traje e a mochila dele. Não podemos deixar pistas sobre nossa presença aqui.]-ordenou a comandante. O bajoriano cumpre a ordem a contragosto.

Os três avançaram com dificuldade pelo terreno coberto de neve. Lá na frente, Vulpes, que possuía uma visão infravermelha, estava sondando o terreno. Uma torre de comunicação com radar e pelo menos oito guardas transitando perto de uma entrada encravada na montanha.

[Vulpes para líder]

[Líder na escuta]  respondia Sarah a uns quinhentos metros de distância.

[Zona quente a quinhentos metros da sua posição. Oito espinhos.]

[Mantenha posição.] Espinhos era o código para se referirem ao Jem´Haddar. Sarah manda seus comandados se separarem e avançarem para posições diferentes. Siro largou o material de Vulpes e seguiu pela direita.

Os soldados não estavam a vista. Mas podiam ser detectados pelos sensores dos rifles. Cada um tinha que pegar dois soldados de uma forma cronometrada. Quando todos estavam posicionados, Sarah seu o sinal de ataque. O primeiro a agir foi Vulpes que atingiu seus oponentes tão rápido que eles não tiveram chance de reagir. Klag usou sua qutluch  , foi por trás de um dos soldados, e cortou o tubo que fornecia o KW na altura do pescoço. Isto o fez virar para receber o golpe fatal. O outro soldado escutou o gemido de dor do colega e virou-se. Klag retirou a adaga do peito de um Jem’Hadar e lançou-a no peito do outro. Este não fez muito barulho. Klag arrastou os corpos e  cobriu-os de neve.

Siro tinha que pegar dois guardas que vigiavam o portão da montanha. Esperou que os dois cruzassem o caminho um do outro, quando faziam a ronda, e usou um único disparo para tentar pegar os dois de uma vez. O raio tonteou-os, mas não os abateu. Um deles chegou a devolver o fogo.Mas errou o alvo pois não podia ver seu agressor. Isto alertou os guardas da torre que começaram a atirar. O elemento surpresa já havia sido perdido. Sarah teve que agir e atirou nos soldados, usando disrupção máxima, vaporizando-os. 

Klag e Vulpes avançaram para atacar os guardas do portão. Siro também avançou atirando.

[Cessar fogo!] - ordenou Klag, vendo que Siro ainda  continuava atirando a esmo, o klingon teve que esmurrá-lo. Siro caiu para trás e ameaçou atirar contra seu colega.

[Eu mandei cessar fogo, alferes. Que parte desta ordem você não entendeu ? Esqueceu-se do treinamento? Investida silenciosa. Nada de phasers. Você quase estragou a missão.]

[Tá bom, eu errei. Achei que poderia ser mais rápido com o phaser. Não sabia que eram tão resistentes. Nunca combati corpo a corpo com um deles. Tive muita sorte de fugir das suas naves patrulhas no passado. Além do mais não é muito fácil lutar com este traje.]

[Não me interessa o que você acha, alferes. Apenas cumpra as ordens.Entendido?]

Neste momento Sarah aparece.

[O que está acontecendo aqui? Mas o que deu em você? Está a fim de nos matar?] - bravejou a imediato com o bajoriano.

[Ele estava confuso, mas agora creio que se lembrou do procedimento correto.] - informou Klag estendendo a mão para que o bajoriano se levantasse. Siro recusou a oferta e levantou-se sozinho.

[Com o devido respeito, comandante. Estamos perdendo tempo aqui. Vamos entrar logo antes que descubram  o que está havendo aqui.] - Siro não dava o braço a torcer. Pegou o material do tosk e jogou-o de volta para o dono.

Sarah sabia que não adiantava mesmo ficarem ali discutindo. Ordenou que colocassem os explosivos no portão. Enquanto a porta era preparada, Sarah retirava amostras de células de um Jem’Hadar e também da droga. Futuramente essas informações seriam úteis. Tudo estava sendo registrado pela sua câmera.

Um chiado foi ouvido e depois sobreveio um pequeno clarão. A porta veio abaixo. Klag jogou uma granada de fumaça para dificultar a visão dos soldados. Confusos seriam mais fáceis de pegá-los.

Ao entrar observavam os sensores acoplados nos rifles e poucos guardas estavam a frente deles. Na certa jamais pensariam que alguém se atrevesse a invadir aquela base.

[Algum tipo de alarme?] - perguntou Sarah. Klag balançou a cabeça negativamente. Pelo menos não havia nada que os sensores captassem. Vulpes se separou do grupo e entrou em um corredor quando um campo de energia o aprisionou.

[Vocês vêem algum painel?] perguntava Sarah nervosamente querendo libertar o companheiro daquela enrascada. Siro e Klag procuraram, mas nada encontraram.

[Ele deve ter acionado o campo por acidente. O controle deve estar em outro lugar.]- deduziu Klag.

O número de guardas estava aumentando nos sensores. Precisariam libertar Vulpes o quanto antes. Em breve estariam cercados e descobririam se os teriam detectado. Klag observou que existia um corredor paralelo ao que Vulpes estava e teve uma idéia. Implantou cargas explosivas nele. Mandou Siro e Sarah se afastarem e detonou-as. Abriu uma porta para a fuga de Vulpes. A poeira proveniente da explosão caiu por sobre os trajes deles fazendo-os ficar parcialmente visíveis. Foi o suficiente para serem descobertos pelos soldados Jem’Hadar que haviam chegado. Começaram a troca de tiros enquanto corriam por túneis que não sabiam aonde dariam. Um deles parecia levar até uma mina e tinha um carrinho de carga. Entraram nele e liberaram uma trava que o mantinha freado. Se afastaram dos soldados, mas não deixaram de atirar um minuto. Infelizmente o carrinho levava até um pátio onde o KW bruto era descarregado. Lá foram cercados por pelo menos duas dúzias de soldados e operários Jem´Haddar.

A aparente frágil segurança externa na verdade escondia a forte defesa interna daquela fortaleza. Klag olhou para cima e para baixo e viu vários níveis de túneis. Aquilo era um labirinto e provavelmente existia centenas de Jem’Hadar a serem enfrentados. Eles não tinham chance. Retirou seu capacete e jogou sua arma ao chão. Siro e Tosk fizeram o mesmo.

Sarah sabia que estavam derrotados e que a missão já era. Lançou mão de um último recurso antes de ser capturada. Mentalmente pediu socorro para seu amado.

Texto por: Marcos De Chiara.

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