terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 13.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XIII

SISTEMA TORGA
EM UM PLANETÓIDE DESCONHECIDO...

A paisagem era inóspita. Uma nevasca assolava todo o hemisfério. Uma pequena abertura iluminada, em uma montanha, denunciava a única entrada para o complexo de produção de ketracel-white. Poucos guardas rondavam do lado de fora, suportando a neve e a temperatura de cinqüenta graus Celsius negativos.

No interior, a atividade da fábrica era grande. Vários soldados Jem’Hadar e alguns supervisores karemma controlavam não só a  produção da droga, mas a sua administração nos bebês Jem’Hadar em um berçário macabro

Do alto de uma torre de observação, Elik, o administrador Karemma local, controlava o andamento do trabalho com certo nervosismo. Ele parecia estar pressentindo que algo aconteceria de ruim. Ele sempre tivera este tipo de premonição e não gostava delas. A aparição de duas pessoas, através de um feixe de teleporte, no meio de sua sala, veio comprovar que ele, mais uma vez estava certo. Eram o casal Vorta, seus contratantes, que vieram fazer uma inspeção surpresa. E eles não podiam ter escolhido uma época pior.

_Oh...senhores...Eu não esperava...Fizeram boa viagem?

_Deixe de bajulação, Elik. Queremos ver os relatórios de produção. – diz o macho.

_Relatórios? Oh, sim, vou pegá-los. Só um momento. – Elik se afasta e procura em cima da bagunça de sua mesa os documentos solicitados.

Kelian, a fêmea Vorta e mulher de Dorth, aproxima-se da janela de observação e faz um comentário.

_Eles parecem estar trabalhando muito devagar.

_Estão? – pergunta Elik assustado enquanto ainda procurava os documentos pedidos. – É que eles estão tranqüilos com sua dosagem de White em dia. – tenta se justificar.

_Jem’Hadar tranqüilos? Eles são guerreiros. Precisam estar um pouco irritados quando confrontarem os nossos inimigos, não acha querido?

_Você tem razão, querida. Elik...reduza a dose de todos eles. Se quiserem mais White terão que trabalhar mais por isso.

_Reduzir? Sim, senhor! Achei! Aqui estão! – Elik mostra os gráficos de rendimento para que Dorth faça a sua apreciação. Ele mostra os relatórios para a sua companheira. Esta fecha os olhos e suspira demonstrando descontentamento.

_Precisamos melhorar, Elik. Os Fundadores só poderão aumentar o seu poder através dos nossos gloriosos guerreiros. Como posso fabricar mais guerreiros se não tiver White para estimulá-los? Elik...Elik...Você me decepcionou.

_Oh, não, senhor. Não tive intenção. Estamos trabalhando muito. Estou com o pessoal reduzido. Mês passado tivemos problemas com os aquecedores do complexo. O senhor não sabe como faz frio aqui neste planetóide....Prometo que, na próxima inspeção, estaremos com a produção dobrada. Eu prometo.

_O que você acha, Kelian? – diz Dorth virando-se para a esposa.

_Acho que podemos dar-lhe uma nova chance.

_Oh, obrigado, madame.- Elik faz uma referência – Obrigado, senhor. Prometo não decepcioná-los.

_Assim esperamos. Vejo você em um mês. E Elik... – diz Dorth.

_Sim?

_Você sabe o que acontece com quem me decepciona, não sabe? – dizendo isso o casal aperta um botão em seus braceletes e somem tão rápido quanto apareceram.

Elik sabia a resposta. O último administrador virou ração para os animais que montavam guarda na entrada da montanha.

_Sajmar! Zaldro! Seus incompetentes! Onde estão vocês? Verifiquem os sensores e os escudos da base! Quero saber por que eles não estão funcionando! – gritou com seus ajudantes. Não queria ser pego desprevenido de novo.

Na nave vorta Kelian conversa com seu esposo.

_Não confio em Elik. Você sabe que em breve precisaremos que todos os centros de produção estejam no máximo de suas capacidades. Mesmo o dele, que é pequeno.

_Ele é um bom homem. E nos teme. Ele irá cumprir o contrato. Não se preocupe.

_Eu me preocupo mesmo é com essa Federação que existe do outro lado da fenda espacial.

_Acho que você está superestimando essa tal de Federação.

_Eles não parecem tão inofensivos assim. Lembra do que Weyoun nos disse?

_Weyoun é um paranóico. Não acredite em tudo que ele diz. O Dominion é mais forte que qualquer civilização do quadrante alfa. Além do mais temos os nossos agentes infiltrados no meio deles, minando suas forças, confundindo-os e eles nem percebem. Em breve o grande plano será posto em prática e eles não serão mais ameaça. É claro que eles tentarão contra-atacar, mas, até lá, será tarde demais.

_Espero que você tenha razão. – Kelian abraça o marido, mas seu olhar demonstrava a sua preocupação.

Na USS Albedo...Dois dias depois...

A tenente Naomi Silva procurava a imediato Sarah Okaido e a encontra no corredor do deck dois.

_Comandante! – disse a tenente correndo em sua direção.

_Sim?

_Gostaria de falar com a senhora, tem um minuto?

_Podemos falar enquanto andamos? Estou indo ao deck seis  encontrar  Klag.

_Não tem problema. É que eu encontrei um problema durante a última verificação de rotina dos sistemas.

_Que problema?

_Alguns minutos de gravação de algumas das câmeras de segurança foram apagados.

Sarah gelou. Puxou Naomi para o turbo elevador e o travou.

_O que foi? – Naomi não estava entendendo a atitude da imediato.

_Naomi...Eu não sei como dizer isso...- Sarah estava muito embaraçada. A tenente quase não a reconheceu. Alguma coisa estava definitivamente errada

_A senhora tem alguma coisa a ver com isso?

_Sim. – Sarah responde com grande dificuldade. – E gostaria que você guardasse segredo sobre isso. Alguém mais sabe disso?

_Não. Eu mesma fiz a verificação. Achei que fosse importante reportar o defeito para a senhora pessoalmente. Poderia não ser nada, apenas um pequeno defeito...Mas por que a senhora fez isso?

_Tenente...Naomi...As imagens....São confidenciais, entende?

_Confidenciais? – Naomi tornava as coisas mais difíceis para Sarah.

_Eu precisei apagá-las. Elas gravaram um momento íntimo meu e ...

Naomi demorou, mas entendeu a situação. – Oh, MEU DEUS! – exclamou a engenheira em meio a um riso nervoso. – Você e o capitão ? Na baia de atracação...Comandante eu jamais poderia pen...Oh, meu Deus!

_Silêncio! Fale baixo! Como sabia que o capitão estava envolvido ? Você tentou recuperar as imagens das fitas?

_Não, mas todo mundo andava comentando o caso de vocês. Eu apenas deduzi. Vocês têm estado muito ...como direi...afáveis um com o outro nos últimos dias.

_Todo mundo comenta? – Sarah estava surpresa.

_A senhora sabe que é difícil guardar segredos aqui na Albedo.

_Sei...Mas este terá que ficar entre nós, entendeu?

_Sim, senhora. Creio que estes defeitos acontecem com as câmeras. Acho que vou até substituir algumas.

_Ótimo, faça isso. Obrigado, Naomi.

_Não há de quê.

O turbo elevador recomeça a descer ao comando vocal de Sarah. Ela desce no deck 7 e Naomi fica no elevador para voltar a engenharia. Antes da porta se fechar, Sarah ainda pode ver a engenheira sorrindo e acenando para ela com o polegar para cima aprovando seu romance. Sarah sabia que a tripulação ficaria sabendo o que estava acontecendo mais cedo ou mais tarde e que ficariam feliz por eles. Contudo ela ainda não se sentia segura em admitir o romance publicamente. Ao se encontrar com Klag, o klingon nota a face ruborizada da imediato.

_A senhora está tão corada...A senhora está bem?

_Só com um pouco de calor. Não é nada, tenente. É coisa de fêmea humana. – desconversa a número um – O que você tem para mim?

_Estive pesquisando o sistema Torga, de acordo com a sugestão do agente Vulpes. Encontramos três planetóides a doze milhões de quilômetros. O problema é que não podemos manter a camuflagem por muito mais tempo e ficaremos visíveis antes de chegarmos a qualquer um deles. A alternativa é esconder a nave em uma nebulosa aqui ou neste cinturão de asteróides. Isto colocará a nave longe do alvo pelo menos em um ano-luz. – Klag mostrava em uma mesa  mapas e as rotas alternativas.

_Hummm...Isto nos deixará vulneráveis caso a camuflagem holográfica não funcione e, se precisarmos da ajuda, não poderemos obtê-la sem que a Albedo revele sua posição.- disse a comandante preocupada com a estratégia.

_A senhora acha que poderemos usar uma segunda equipe?

_Não. Seria muito arriscado. Em quanto tempo a Albedo poderia nos resgatar no caso de dar algo errado?

_A senhora sabe que, neste caso as ordens são para não nos ajudar. A missão deverá ser abortada. – Klag foi taxativo.

_Você acha que o capitão Alkon seguiria estas ordens? – Sarah relembra o laço de lealdade que existia entre eles. Klag arfou e procurou responder às dúvidas da imediato.

_A maior distância, em warp seis, seria coberta em dez horas e a menor em dois minutos. É claro que a esta altura a nave ficaria tão vulnerável quanto nós.

_Dois minutos sozinhos com os Jem´Haddar...Será interessante. Principalmente porque não conhecemos o total da força deles. Vamos combinar com o capitão um horário para nos comunicar. Caso não recebam nenhum contato nosso a Albedo irá ao nosso encontro. Qual deles será a nossa escolha?

_Os três têm potencial. Utilizei os sensores de longo alcance e detectei assinaturas das naves Jem’Hadar partindo de todos eles, mas um tem um fluxo menor de naves.

_Hummm...Estranho, não? Parece uma rota restrita. Se fazem esta restrição é porque há algo muito importante pra ser protegido. É uma dedução interessante tenente. Eu diria quase vulcana, sem ofensas. – Sarah sabia que os klingons não eram muito simpáticos aos vulcanos, mas sabia também que Klag era diferente, ele tinha a mente mais aberta e não era tão xenófobo quanto aos seus irmãos. Contudo não custava nada respeitar estas diferenças. – Se este for o nosso lugar e se a sua lógica estiver certa, ela poderia ser aplicada aos outros sistemas, não?

_Eu me baseei nos dados do agente Vulpes. Há registros de assinatura de dobra partindo deste planetóide para os demais e quase nenhum no caminho inverso. Algo está sendo transportado. Nos outros sistemas eu não encontrei este padrão. As rotas se cruzavam o tempo todo.

_Bom...Temos que escolher um mesmo e o nosso tempo é curto. Prepare todo o equipamento. Vou avisar o capitão. Quando estaremos prontos para partir?

_Posso aprontar tudo em uma hora.

_Ótimo. Avise Siro e Vulpes para se prepararem.

_Sim, senhora.

Sarah deixa o escritório de operações táticas e toca no seu comunicador.

_Capitão...Vamos ter que sair do modo de camuflagem. O dispositivo está superaquecendo. Temos que encontrar um esconderijo. Recomendo o cinturão de asteróides próximo.

“Temos um grupamento de asteróides errantes a dois mil quilômetros.” – informa Gilbert.

“Allison marque o novo curso. Zagar...Manter o silêncio de rádio. Gilbert vamos reduzir a energia da nave. Vamos dificultar o máximo a nossa detecção.”

Sarah escutava a conversa na ponte enquanto subia pelo elevador. Ao chegar pediu uma conferência privada com o capitão na sala de reunião ao lado.

_Já temos todo o plano de ação traçado. Ficaremos um pouco vulneráveis, mas é a nossa melhor opção. – informa a imediato.

_Confio em você. – diz Alkon fazendo um carinho no rosto de Sarah. - Não se arrisque muito. – pede Alkon.

Sarah fica constrangida e afasta a mão de Alkon do seu rosto.

_Capitão...Dorian...Precisamos aprender a separar as coisas. Ainda sou uma oficial eficiente apesar de estar enamorada. Na verdade acho que estamos dando muita bandeira. O pessoal está comentando e...aquela loucura na baia de atracação.... – comenta Sarah em tom de arrependimento.

_Por que está dizendo isso? Alguém nos viu? – perguntou Alkon preocupado.

_Não, mas tudo foi gravado pelas câmeras de segurança. Tive que apagar os registros e Naomi acabou descobrindo durante uma inspeção de rotina e...O que eu quero dizer é que precisamos ter cuidado. Nos controlar.

_Oh! As câmeras...Tinha me esquecido delas... Não se preocupe. Naomi é uma mulher discreta. Mas você está certa. Preciso me controlar...Não sei o que está acontecendo comigo. Sinto-me mais desinibido depois que deixei de tomar a  tal droga. Acho que mexeu com as minhas taxas hormonais. Vou ter que realizar mais sessões de controle mental com a Dra. T´Vel. – Alkon se sentou no sofá.

_Você uniu a sua mente a dela ? – Sarah ficou surpresa.

_Só superficialmente, por quê?

_Oh, meu Deus, Dorian...Ela também deve saber...Deve ter visto e sentido...Oh! Isto é muito embaraçoso! – Sarah andava de um lado para o outro escondendo sua face com as mãos tamanha era a vergonha que sentia.

_Será? Ela não me disse nada.

_Ela é vulcana e uma médica, esqueceu? Ela não fala sobre a intimidade de outras pessoas.

_E o que vamos fazer?

_Agir normalmente e controlar nossos impulsos na frente da tripulação. Nada que o código de conduta ética e moral da Frota já não nos obrigue a fazer no dia a dia.

_Eu sabia que o nosso relacionamento ia ser complicado. Eu jamais quis deixá-la  em uma posição incômoda...- Alkon se levantara e tomara as mãos de Sarah por entre as suas procurando dar conforto a ambos.

_Você não tem que se desculpar, Dorian. Aconteceu. – agora era Sarah que lhe afagava o rosto – Estamos vivendo algo que era para ter acontecido há muito tempo.

_Engraçado isto ocorrer justamente agora quando estamos mortos. – diz Alkon em tom jocoso se referindo ao que o almirante Petersen informara sobre a atual situação da tripulação.

_Talvez seja um bom sinal. O nosso amor será eterno. – Sarah acompanha o bom humor de Alkon.

_Sarah..Eu...Posso pedir a permissão para beijá-la ?

_Um momento...Computador...Código de segurança alfa-tango-quatro-sete-dois. Desligar câmeras de segurança por...- Sarah olha nos olhos de Alkon e pois completa a frase-... cinco minutos na sala de reunião da ponte. Executar.

[CÓDIGO ACEITO.IMPLEMENTADO] 

_Cinco minutos ? – perguntou Alkon surpreso pelo tempo determinado pela comandante. Ia ser um beijo bem comprido.

Sarah sorriu e se deixou beijar sem preocupações. Procurou não pensar que em pouco tempo arriscaria a sua vida em uma missão quase suicida. Queria poder viver aquele momento e não ter que se arrepender depois.

Dorian Alkon, por sua vez, queria poder compensá-la por tê-la colocado em uma situação de vida e morte. Poderia ter se negado em aceitar a missão, mas seu senso de dever falou mais alto. Agora enviava a sua  amada para o covil dos lobos e teria que assistir  a tudo impassível. Ele teria que ter um ás na manga, afinal ele era um capitão da Frota Estelar.

Texto por: Marcos De Chiara.

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