segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 23.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.
Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo XXIII.

Todos estavam na sala de reuniões, exceto a Dra. Andrews, que estava tentando salvar a vida do alferes Rodrigues. O mais calado era Julius. Sua mente obtusa não conseguia absorver toda aquela nova situação. Lucília tentava conter a curiosidade de Espartacus que perguntava, sem parar, o que era cada novo objeto que via. Septimus aguardava seu destino nas palavras do capitão.

Os oficiais que formaram a equipe de descida estavam tentando traçar novos planos. O capitão Goldman, já uniformizado, dá início à reunião.

“Senhores... temos que reavaliar a nossa missão. A primeira coisa a decidir é sobre o asilo à sra. Lucília e ao seu filho. Enviamos o pedido à Frota Estelar que, dentre em pouco, dará seu parecer, mas precisamos de uma declaração formal para os arquivos. Sra. Lucília, por que quer sair de seu planeta natal?”

“Como eu já disse, eu e meu filho estamos constantemente ameaçados de morte. Vivemos escondidos em cavernas, nos alimentando mal e sob tensão dia após dia. Se meu marido estivesse vivo acredito que me levaria embora na primeira chance que tivesse. Eu não desejo que o mestre Septimus me considere uma ingrata ou que não simpatizo por sua causa. Agradeço o que ele e os outros fizeram por mim ,mas será apenas uma questão de tempo para que as forças de Roma nos encontre e nos prenda. Eu não quero isso para mim nem para meu filho.”

O argumento de Lucília era bastante forte e suas palavras eram verdadeiras, principalmente no que dizia a rebelião que não estava surtindo muito efeito, a morte de Flavius Maximus que era o ídolo dos rebeldes, afetou profundamente as convicções de todos. Septimus resolveu se pronunciar: “Não posso considerar a cidadã Lucília uma ingrata. Ela procura a mesma coisa que todos nós: a liberdade e a paz. Não me oponho ao seu desejo. Não posso impedir que as pessoas tomem seus destinos em suas próprias mãos. É a favor disso que venho lutando. Estamos numa encruzilhada ou enfrentamos Roma ou nos rendemos. Eu desejo voltar e acabar com aquilo que eu comecei. Marcharemos até Roma e enfrentaremos o nosso destino.”

O antigo senador parecia determinado em se tornar um mártir para servir a sua causa. Goldman sabia que não podia interferir diretamente, mas poderia por bom senso no rumo da conversa.

“Gostaria de acreditar que o senhor e seus seguidores teriam alguma chance, mas não posso permitir que se matem sem darem uma real contribuição ao seu povo.”

Julius se levanta da mesa e encara o capitão.

“O senhor não conhece o nosso povo. Eles nos prantearão, mas depois se erguerão e derrubarão o governo e ...”

“E teremos uma nação banhada em sangue e mais lágrimas. É isto que realmente querem para o futuro de seu povo? O seu povo é muito parecido com o meu em um passado não muito distante. A morte de vocês só servirá para causar caos e destruição. A morte de milhares de inocentes que acontecerá não parece com o que vocês defendem em sua causa”.

Existe uma tensão no ar por algum momento. Após um minuto de silêncio todos reavaliam suas posições. Tudo era um jogo de xadrez, só que as peças tinham vida própria. O comodoro Solano se pronuncia tentando controlar a situação.

“Senhores, não podemos nos alongar em debates de plenário, temos objetivos a serem cumpridos. Objetivo número um: Temos uma missão por terminar e devemos prosseguir com os nossos planos preliminares. Número dois: A Sra. Lucília e o filho ficam na nave até o pedido de asilo ser aceito. Número três: Devolvemos o sr. Septimus, Julius e o tigre ao planeta de origem e deixemos que cada um siga o seu caminho. Como oficial de maior patente e observador desta missão não admitirei que nos desviemos do que nos foi confiado pelo comando da Frota. Não estamos autorizados a intervir em uma guerra particular. Isto violaria a primeira diretriz.”

Bergman assentiu com a cabeça. Não importaria a ordem das coisas, mas era assim que elas tinham que ser.

“Bom, parece que esta reunião está encerrada e ...” - Goldman é interrompido pelo soar do intercom.- “Goldman falando, prossiga”

“Senhor, estamos captando algumas transmissões do planeta que podem interessá-los.” - o alferes Akwe parecia ansioso em colaborar.

“Em aúdio ou vídeo?”

“Em vídeo, senhor. É da televisão local.”

“Transfira para cá. Ponha na tela principal”. Todos olharam para a parede onde começa a ser exibido a programação especial da TV Imperial onde mostrava o senador Lucius e o cônsul Otavius acorrentados e sendo conduzidos à prisão por traição ao governo. O senador Cassius também era acusado, mas não havia sido capturado ainda. Após essas imagens surge o rosto de Claudius Marcus declarando estado de emergência e se aclamando o único governante.

“Cidadãos Romanos. Este ato de traição contra a nossa nação foi o último. Estamos empenhados em banir a rebeldia e a corrupção de nossa terra. A partir de agora estou dissolvendo o senado e assumindo todas as funções que um líder deve ter. Todos os direitos civis serão revogados até que todos os inimigos de Roma sejam destruídos. A partir de hoje, eu, Claudius Marcus, serei seu César e que a glória de nosso passado possa iluminar o nosso futuro!”

Pôde-se ouvir, ao final do discurso gritos de ‘Ave César’!

O capitão Joshua Goldman sentiu um calafrio na espinha. A cena parecia um discurso de um outro líder lunático que havia visto em um holo-vídeo de história da Terra do século XX. Já Septimus e Julius estavam atônitos com a transmissão e Bergman começava a se desesperar, pois agora estavam sem nenhuma margem de segurança para completarem a missão.

“É, senhores, as coisas se complicaram. Parece que não podemos seguir em nossa missão sem nos evolvermos. O que sugere, comodoro?”.

“Bom, capitão. Todo o líder do perfil deste aí tem um ponto fraco que é ser autoconfiante demais. Ele deve ter um sonho megalomaníaco qualquer a ser realizado para que possa se eternizar através dele. Os faraós tiveram as pirâmides; Alexandre, a Pérsia; Júlio César, Cleópatra; Napoleão e Hitler, a Europa; e Khan, todo o planeta. Todos quiseram dominar o mundo conhecido de seus tempos e falharam. Temos apenas que descobrir qual é o seu sonho e destruí-lo. Com ele fora do caminho Roma estará sem governo e a situação poderá ficar pior do que está. A não ser que nós equilibremos as coisas e assumamos o governo, provisóriamente. Mas isto é apenas uma hipótese. Uma hipótese muito séria a ser considerada.”

“O senhor comodoro está certo.” - intervém Septimus - “Vocês precisarão de nós para isso. Vocês procuram mais gente de sua espécie e nossos líderes estão na prisão. Lá será um bom lugar para começarmos.”

“Suas informações serão úteis. A partir de agora nossas ações poderão violar as ordens da Frota Estelar. Ninguém estará obrigado a participar desta empreitada e nada será mencionado em suas fichas. Aqueles que quiserem se manifestar que o façam agora.” - após a fala do capitão houve um silêncio profundo na sala.

“Muito bem. Bergman, Yuchenko e Baudelaire retornarão ao planeta com Julius e reunirão quantos homens puderam. Daremos armas que os deixem equivalentes às tropas de Roma. Quando estiverem prontos as mandaremos para os pontos chaves. O ataque será de surpresa e deve ser resolvido rápido”.

“Estou pronto para lutar” - diz Julius orgulhosamente. Bergman então o conduz para o corredor em direção à sala de transportes.

“Tenente Jamal, processe as informações sobre armamentos deste planeta e mande o computador fazer as cópias que o comandante precisar.”

“Sim, senhor.” - o tenente saiu também da sala para executar a ordem recebida.

O comodoro Solano se levantou e chamou Goldman no canto para uma conversa particular.

“Você tem certeza que quer fazer isso? Como observador desta missão e seu superior sabe que posso parar toda esta operação agora. Você está pondo em risco sua carreira, já parou para pensar nisso?”

“Henry... Eu entrei para à Frota porque sabia que poderia lutar pela paz e pela preservação dos direitos civis, do direito à vida de qualquer ser inteligente. Não posso assistir o que acontece lá embaixo impassível em minha cadeira de capitão porque algumas regras de diplomacia me impedem de agir.”

“Você está falando da primeira diretriz. Nossa lei mais sagrada. A lei de não interferência.”

“Se você pudesse impedir um assassinato de um ser de um outro mundo você não impediria por causa da primeira diretriz? Eu falo do direito à liberdade, à vida. Você me conhece a mais de vinte anos. Sabe que meu povo quase desapareceu da face da Terra por causa de lunáticos como ele. Não posso deixar isso se repetir. Seja qual for o mundo ou povo. Você teve sua oportunidade de se manifestar, por que não o fez ?”

“Talvez porque eu seja seu amigo. Talvez porque eu queria escutar seus motivos. E talvez porque eu confie em você e no seu julgamento. Eu estou com você Josh. Mas advirto que devemos pesar bem as consequências de nossos atos. Estaremos entrando num possível cenário de guerra e não houve uma, até agora, que não houvesse baixas.”

“Agradeço a confiança. Espero que continue a realizar o excelente trabalho que vem realizando. Se não nos expulsarem terá mais uma medalha na sua coleção.”

Ambos sorriem e apertam as mãos com firmeza. Goldman se dirige para Lucília que ainda estava sentada, visivelmente cansada e tentando entender os últimos eventos.

“Vamos, vou acompanhá-la e ao seu filho a uma cabine onde poderá descansar.”

“Muito obrigada capitão. Gostaria de poder ajudar também no que for preciso.”

“Claro. Depois que tiver acomodado seu filho, poderá se reunir a Septimus e ao comodoro, se quiser. Qualquer informação nos será útil.”

“Será um prazer colaborar, capitão. O senhor tem sido tão bom para mim.” - e o abraça causando um certo embaraço. Uma ordenança, que estava no corredor pegou o menino pela mão e todos seguiram para ala dos alojamentos.

Na sala ficaram apenas Septimus, o comodoro Solano e o tenente Marino, trocando informações para a ofensiva contra Roma. Ë claro que se a Aries resolvesse usar todos os seus recursos, aquela civilização seria reduzida à ruínas em menos de um dia. Tudo teria que ser feito para que ambos objetivos fossem alcançados: acabar com a opressão e resgatar os sobreviventes da Beagle.

Goldman aproveitou a oportunidade para também descansar um pouco em seu aposento. As últimas horas foram realmente fatigantes. Muitos anos de serviço burocrático o tinham enferrujado. Já estava velho demais para se envolver em aventuras pelo espaço. Não via a hora de voltar para Terra, para seu apartamento em São Francisco e tomar um bom chá de maçã. Pelo menos um dos desejos ele podia realizar. Pediu ao sintetizador de comida a bebida. Um segundo depois, como um desejo atendido pelo gênio da lâmpada, lá estava o líquido aromatizado em uma xícara. Bebeu o chá vagarosamente enquanto pensava nas palavras de Solano. Sentou-se na cama e tentou massagear o pescoço em vão e por fim deitou-se. O sono não demorou a vir, mas em meio a um turbilhão de imagens que tentavam se formar em sua mente. Uma sempre aparecia como a de um fantasma querendo lhe assombrar.

Era o rosto da Dra. Andrews.

Texto por: Marcos De Chiara.

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