domingo, 19 de janeiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 4.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo IV

Base Estelar 375 – Setor Kalandra
Próximo ao Sistema Cardassiano

O Almirante Petersen estava inquieto. Toda a sua vida dedicou-se a engenharia espacial. Quando o assunto era política, procurava evitar ao máximo. Contudo o destino havia lhe pregado uma peça. Por ordem do alto comando ele fora transferido para o departamento de segurança na missão de chefiar, secretamente, incursões no quadrante Gamma. Por que ele havia aceito tal missão ?

Primeiro: Ele era um militar que não questionava ordens.

Segundo: Prometeram-lhe não desativar o programa de construção das naves classe Nova que chefiava. As naves Nova seriam o seu legado para a posteridade. Só restou a ele ir para o sacrifício.

Mas o que realmente lhe afligia era: O que ele entendia de batalhas de campo?  De espionagem? Bem talvez um pouco. Fazia muitos anos em que ele não atuava ativamente em uma missão. Ele agora era um almirante de gabinete prestes a se aposentar. Só havia servido em naves espaciais no começo de sua carreira há quase trinta anos atrás, até que fora mandado em uma missão da qual não tem boas recordações. Depois disso, contando com a ajuda de amigos nos lugares certos, se transferiu para trabalhos burocráticos até que conseguiu o que queria. Trabalhar como projetista-chefe de naves da Frota. Estava fazendo isso há vinte anos. O único comando que tinha domínio era do seu escritório que só tinha um tripulante, a sua ordenança. Além do mais o pessoal do departamento de segurança sempre causou-lhe certo medo. Havia muitos segredos obscuros que ele não ousava saber, mas tinha ouvido que a Frota nem sempre revelava tudo sobre as suas ações no espaço profundo.

Se havia algo de podre na Frota certamente começaria a feder dentro do departamento de segurança. E a seção 31? Esta nem mesmo o alto comando sabia o que fazia de tão secretas que eram as suas missões.  Não havia arquivos, nomes e nem um lugar onde os agentes pudessem ser encontrados. Pelo menos não eram de fácil acesso. Sabia-se, porém que os trabalhos sujos e as missões suicidas cabiam aos agentes da seção 31. Não que a Frota confirmasse que tais missões existissem ou tivessem existido um dia.

Agora Petersen seria um agente também. Na verdade chefe de agentes, mas com nenhuma experiência. Como ele poderia passar confiança aos seus comandados? Não seria isto necessário? Seriam essas missões suicidas? Bastaria enviar-lhes diretamente para morte certa? Seria ele agora um membro da seção 31? Petersen não queria acreditar nisso, mas estava apavorado com a possibilidade de seus receios se concretizarem. Pensava apenas quando iria poder rever sua mulher, filhos e netos. Quando teve a reunião com o almirante Leyton ele havia explicado que o estava enviando em uma missão sem expectativa de término a curto prazo. Se ele e seus comandados fizessem tudo certo  voltariam para casa mais cedo.

Durante o último ano ele havia se informado do que estava acontecendo próximo a fenda espacial bajoriana. Todas as intrigas políticas e comerciais do setor estavam arquivadas para livre consulta sua com uma senha especial. Os arquivos eram, logicamente, secretos. Alguns destes arquivos também o inteirou sobre os avanços tecnológicos mais secretos que a Frota e a Federação dispunham. Teria carta branca para usar todos eles. Se, por ventura, soubesse de algo ou alguma coisa que não estivesse disponível, a Frota se encarregaria de torná-la acessível, de um jeito ou de outro. Mas ao ler os arquivos Petersen ficou estarrecido. Nunca vira tantas maravilhas nem em seus sonhos ou pesadelos. Seria difícil ele imaginar algo que os porões da Frota já não possuísse. Tecnologias que só seriam de domínio público dez ou vinte anos no futuro. Nem nos círculos fechados de engenheiros escutara algum rumor que tais coisas pudessem existir. Até hoje ele não se cansava de ler tais arquivos. Eram muitos e em um ano não conseguira lê-los todos.

Olhou a hora em seu monitor e entrou em contato com o centro de comando da base:_Aqui é o Almirante Petersen. Alguma notícia para mim?

“Ainda não, senhor”

_Por favor, comunique-me assim que as minhas “encomendas” chegarem.

“Sim, senhor. O informarei imediatamente.”

Assim que desligou o monitor tocaram a campainha de sua sala.

_Pode entrar.

Um oficial boliano entra com um padd(1) e entrega ao almirante.

_Brixx! Como está o nosso convidado?

_Pareceu-me à vontade. Ele fala pouco, mas acredito que será de grande valia para a missão.

_Alguém sabe da presença dele na estação?

_Não, senhor. Ele está incomunicável. Kobler já chegou?

_Ainda não. Ele saiu de Meldrar a pelo menos duas horas.

_E o pessoal da Albedo?

_Também estão por chegar. Vejo que você está tão ansioso para conhecê-los quanto eu.

_Devo confessar que sim. Será interessante conhecer a tripulação com a qual meu primo Borix lutou até à morte.

_Pelo que li no relatório, Borix deu sua vida no cumprimento do dever. Esta é a maior honraria que um oficial pode ter.

_Permita-me discordar, senhor. Prefiro receber as honrarias vivo.

Petersen sorri. Tinha que concordar com ele. Resolveu mudar de assunto:_Aqui tem todo o manifesto da Albedo? – refere-se ao padd que Brixx lhe entregara.

_Sim senhor e algumas informações adicionais do departamento de inteligência.

_Claro, eles não deixam passar nada, não é mesmo?_sorri ironicamente _Preciso me familiarizar com eles. Só sei que o capitão é muito jovem para o cargo.

_O senhor ainda vai precisar de mim?

_Não, dispensado. Mas assim que a Albedo aportar entre em contato com o capitão Alkon e traga-o aqui. Siga o protocolo Bravo Dois.

_Sim senhor. – O boliano se retira e Petersen começa a ler o manifesto. Teria que conhecer aquelas pessoas mais do que elas mesmas. – Hum...Eles tem um klingon à bordo também ? Interessante...

Brixx andou pelos corredores vazios e quando entrou no elevador retirou um outro pad de sua túnica e o ligou. Apareceu o rosto de Alkon e ele não fez uma cara boa. Havia feito uma cópia do manifesto para ele sem que soubessem. Queria conhecer aquela tripulação também. Principalmente seu capitão.

(1)Personal Acess Display - uma espécie de prancheta eletrônica onde é possível armazenar fotos, documentos e textos.

Texto por: Marcos De Chiara.

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