segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Imperius Rex, Dei Est - 28.


“IMPERIUS REX, DEI EST”.
Autor: Marcos De Chiara - Direitos Reservados.
Fanfiction de Jornada nas Estrelas.
Star Trek criação de Wesley E. Rondenberry.

Capítulo XXVIII.

USS Áries alguns minutos antes...

O chefe de transporte estava tendo dificuldades na reintegração de matéria dos tripulantes que foram transportados automaticamente pelo sinal dos transponders.

A dra. Andrews foi chamada às pressas com sua equipe até a sala de transporte. O tenente Tagushi chegou quase ao mesmo tempo e foi auxiliar o chefe de transporte.

Um show de luzes partia da plataforma de transporte. Imagens confusas se formavam.

“Temos muita interferência no sinal.”- comenta o chefe.

“Tente isolar. Engenharia nos dê mais força. - pede Tagushi pelo intercom.

A dra. Andrews e sua equipe ficam torcendo para que tudo dê certo.

“Reforce os sinais. Separe-os. Forma Um para o canal A e forma Dois passe para o canal B”- ordena Tagushi.

Um corpo começa a se formar. Era Baudelaire. Johnson não teve a mesma sorte. Apenas sua mão esquerda ficou intacta, mas o resto do corpo era um conjunto de carne e roupas fumegantes.

“Engenharia! Cortar a força para os transportes.”- ordena Tagushi com medo que aquele show de horrores se repita.

A dra se aproxima e constata que o tenente estava com duas costelas quebras devido a duas perfurações de balas e mais outras três perfurações que atingiram a perna e a nádega esquerda, mesmo assim iria sobreviver. Os médicos o levaram rapidamente para a enfermaria. Alguns técnicos também se apressaram em limpar a plataforma de transportes.

O chefe de transporte e o engenheiro-chefe estavam transtornados. A dra. Ficou e pôs-se a consolá-los.

“Vocês não tiveram culpa. Vocês fizeram tudo o que puderam.”

“Mas não foi o suficiente. Um jovem perdeu a vida porque não consegui força suficiente...”

“Ei, sr. Tagushi, não se martirize. Eu escutei pelo intercom quando o capitão se comunicou conosco. Há uma tempestade lá embaixo. O homem nunca conseguiu vencer a natureza. Dibrá-la, evitá-la, fugir dela mas vencer ? Nunca. Por isso não se culpe. Vocês salvaram uma vida também.
O chefe de transporte compreende que aquelas não eram meras palavras; dá um tapa nos ombros de seu colega e agradece a doutora com um sorriso não escondendo uma lágrima que escorre pela face direita.

Hiroshi Kalmus Tagushi não esperava que aquela missão o colocasse frente a tantos desafios inclusive de testar os limites de sua resistência emocional. Quando a dra. se aproxima e o abraça ele quase se esquece que era um oficial treinado e que não deveria demonstrar fraquezas. Ele então afasta a doutora e diz: “Obrigado pelas palavras doutora, mas temos que salvar mais vidas lá embaixo”.

“O grupo de descida está em perigo?”

“Sim, e não podemos transportá-los. Não nessas condições. Desativei a conexão automática com os transponders. Não podemos nos arriscar a perder mais vidas. Pelo último relatório temos um grupo inconsciente, aparentemente presos em um soterramento e mais cinco homens em um tiroteio feio.”

“Não podemos mandar uma nave auxiliar”

“De acordo com nossa atual órbita demoraria muito. Quase uma duas horas para chegar ao ponto exato isto sem considerarmos o choque cultural quanto a aterrissagem de uma nave alienígena provocaria.”

“Não há uma brecha nesta tempestade? Poderíamos arriscar um transporte?”

“Estas brechas são inconstantes e imprevisíveis. Somente um louco desceria lá nestas condições...”

A doutora sorri.

“Não, não senhora. Não posso permitir. – Tagushi percebe pela expressão do rosto da médica e traduz seu pensamento – A senhora já viu o que pode acontecer. Se eu a transportar no meio de uma parede? Não, Não. Não posso arriscar”.

“Me arranje uma britadeira sônica e algumas máscaras de oxigênio e me avise quando estiver pronto. Vou me preparar também.”- disto isto a doutora deixa a sala de transportes para pegar seu kit médico.

O engenheiro-chefe tenta argumentar, mas ela já havia saído. Olha para o chefe de transporte esperando algum apoio, mas ele dá de ombros.

Mesmo ele estando no lugar do capitão no comando da nave a Dra. Andrews ainda era sua superiora na hierarquia, só restava-lhe obedecer.


Gemidos e tosses foram as primeiras coisas que Bergman ouviu ao voltar à consciência. O ar abafado demonstrou que ele não havia sido transportado.

“Porcaria esse negócio de transponder”- pensou. Quando tentou se mover sentiu uma forte dor nas pernas. Estava preso da cintura para baixo sob os escombros. Não escutava muito bem. Provavelmente havia perfurado o tímpano. Quando passou a mão nos ouvidos e sentiu o filete de sangue que escorria teve certeza disso. Tentou olhar em sua volta para encontrar alguém vivo, mas seu ângulo de visão estava limitado. Começou a gritar.

“Ei, alguém está acordado? Alguém está me ouvindo”

“Eu estou...Cóf, cóf, cóf.”- era Julius. Ele estava livre e bastante machucado. Tinha um ferimento na cabeça e sangue escorrendo pelo olho esquerdo que lhe turvava a visão.Provavelmente tinha cortado o supercilho.

Septimus estava ao seu lado, caído, ainda inconsciente, como muitos outros.

“Quem está aí? Não estou escutando bem.”- grita Bergman sem saber qual o tom de voz que usava.

Julius aparece na sua frente.

“Sou eu. Pode mover a perna?”

Bergman diz que não e Julius tenta remover as pedras sem causar muitas dores, algo quase impossível. Ele então começa a procurar algo para fazer um apoio. Um cano partido foi achado e dele fez uma alavanca. Sua força era descomunal. Como um ex-gladiador tinha a saúde perfeita e músculos muito bem trabalhados, só que estas qualidades estavam a favor da vida e não da morte como esporte.

Logo se juntaram a eles três pessoas. Um técnico, um segurança da Aries e um dos membros dos filhos do sol que, num esforço em conjunto conseguiram liberar Bergman dos escombros.

Infelizmente suas pernas estavam quebradas, mas, felizmente, pelas dores que sentia não havia ficado paralítico. Em ambos diagnósticos ele sabia que não iria muito longe. Tendo consciência da sua situação tratou logo de saber dos demais.

“Como estão todos ?”

“Temos dois mortos, senhor. Um técnico e um filho do sol. Dois outros técnicos conseguiram passar antes do teto desabar. Os restantes estão feridos, mas sem gravidade. A passagem está bloqueada nos dois sentidos. Temos pouco espaço e pouco ar também. Não conseguimos nos comunicar com a nave e, ao que tudo indica, o transporte não está operacional.” – informa todos os detalhes o alferes Ekberg.

“Muito bem. Escute alferes... Reúna todos que possam trabalhar e comecem a cavar. Não sei se os guardas romanos tentarão o mesmo para resgatar corpos como troféus e não vamos dar esta chance à eles, entendido?”

“Sim senhor”- o alferes escolheu os menos feridos e executou a ordem.

Na plataforma, Goldman, Ross e Jamal tentavam se proteger dos tiros dos soldados que ficaram no solo. Até que, um mais inteligente, resolveu atirar no painel de controle abaixo do elevador onde ficava o gerador que o movimentava. O tranco fez com que todos fossem ao chão.

“E agora?” – pergunta Ross quando se vê a meio caminho de seu objetivo.

“ Teremos que escalar.” – responde Goldman com objetividade.

“Talvez não tenhamos tempo, capitão. De acordo com os meus cálculos o motor do foguete irá superaquecer explodir em vinte nove minutos, quarenta e seis segundos e...” - explica Jamal com certa prudência.

“Temos que conseguir. Vamos nos livrar primeiro de nossos agressores.”- acionou o comunicador e deu ordens para os dois oficiais de segurança que ficaram embaixo.”- Alferes Silva e Jackson, ao meu sinal acertem na base da viga que está à esquerda de vocês. Agora!”

Goldman reforçou com seu phaser o feixe e em segundos a viga caiu sobre os soldados. Matando uns, ferindo outros e, principalmente, fazendo o restante recuar.

“ Jackson e Silva, continuem nos dando cobertura. Jamal, a que distância estamos deles?”

“Uns vinte metros acima de nós, capitão. Estão presos no segundo estágio do foguete.”

“Então vamos à nossa escalada.”

Começaram a subir pelas vigas metálicas escorregadias e perigosas. Em um dado momento o próprio capitão quase despencou para o vazio, mas foi salvo pelo reflexo de seu oficial de ciências.
Quando chegaram próximos ao local , ainda havia um vão de cerca de cinco metros entre eles e o foguete. Precisariam de uma rampa para chegarem aos prisioneiros. O capitão olhou para os lados e não encontrou nada que pudesse ajudá-lo; a chuva e a névoa atrapalhava muito a sua visão. Então Jamal teve uma idéia.

“Senhor, podemos cortar uma viga da torre sem afetar a estrutura e depois a soldaremos para formar uma ponte.”

“Boa idéia. Coloque seu phaser em potência máxima. Nós dois faremos isso rápido”.

Em menos de cinco minutos a ponte estava improvisada. Restava ainda cortar o casco do foguete e salvar os líderes romanos. Ross indicou a Jamal o local mais adequado para o corte e começaram a fazê-lo. A chapa cortada caiu como um papelão. Lá dentro podia se ver o vulto de dois homens sentados, com as mãos amarradas para trás. Goldman pediu ao tenente para gravar a cena com o tricorder. Jamal os sondou e notou que o senador Lucius inspirava cuidado. Estava preste a entrar em coma, já o cônsul Otavius pôde ser reanimado. Assim que abriu os olhos perguntou: “Quem são vocês? Onde estamos?”

“Tudo ao seu tempo, excelência. Agora nos ajude a tirá-lo daqui. Não temos muito tempo”.

Otavius foi erguido pelo capitão enquanto o senador era carregado por Jamal e Ross. Goldman perguntou ao engenheiro se houve o corte de energia da estação, por que o foguete não havia sido desligado? Ross tentou explicar.

“ A estação era para alimentar a energia dos injetores de combustível e da torre retrátil. Para desligar os foguetes só podemos fazer por rádio. A transmissão da central de controles estava danificada. Teremos que chegar na cabine no topo do foguete.”

“ Não teremos tempo. Temos que sair daqui rápido e rezar para estar fora do raio da explosão.”

Ross hesita um pouco, mas dá razão às palavras do capitão. Era uma pena que tantos anos de trabalho fossem pelos ares. Mas era melhor que fosse o satélite e não ele.

Voltaram a plataforma. Ainda tinham um problema a resolver. Como iriam descer e ficar longe da explosão iminente a tempo?

No palácio Claudius Marcus estava presenciando um pesadelo. Tudo aquilo que sonhara, planos arquitetados durante anos estava se desvanecendo. Era como tentar segurar água nas mãos. Por mais que quisesse ela escorria pelos dedos.

O senador Cassius não parecia representar uma ameaça e nunca Claudius cogitou em tentar algo contra ele até ser tarde demais. Ele havia sido um eficiente agente secreto do departamento de segurança do estado e foi introduzido por Julius Crato para vigiar os senadores de oposição e conseguiu cumprir sua missão sem ninguém desconfiar Mas o encontro na casa de banhos com Lucius e Otavius podia incriminá-lo. Mas ele sendo um agente tão bom como não evitou as escutas?

O cônsul estava confuso, mas em breve ouviria a verdade de próprio Cassius que tratou de esclarecer seu plano.

“O senhor deve se estar perguntando como escapei de seus guardas e vim parar aqui. Não é? Isto é muito simples. Com os idiotas que o rodeiam, entrar no palácio sem ser notado até que não foi a coisa mais difícil do mundo. Difícil mesmo foi seguir os seus passos e me adiantar à eles. Sabia que planejava um golpe de estado desde a morte de Julius Crato. Aliás foi o próprio que me advertiu quanto a sua pessoa e havia pedido que o vigiasse desde aquela época. Deixei que pensasse que estava controlando a situação para que você pudesse eliminar todos que ficassem em meu caminho sem eu ter que sujar as mãos. Surpreso? Ora, nobre Claudius; quando você observa os caminhos do poder muito de perto e vê que é muito fácil chegar lá por que não tomá-lo para si?

Sabe, fez um ótimo trabalho com Lucius e Otavius. Achei criativo tê-los prendido no foguete que em breve dará um grande espetáculo iluminando Roma com o fogo de sua explosão.”

Claudius procura se sentar enquanto pensa numa maneira de escapar durante a tagarelice de seu inimigo. Quanto mais ele falasse mais tempo teria para elaborar sua fuga. Talvez usasse Druscila como refém, mas precisaria de uma arma. Cassius continuava a falar: “Os filhos do sol levam a culpa de tudo, você é encontrado morto e alguém terá que surgir para governar o nosso povo. É claro que não poderei ser incriminado por nada, pois o dono da casa de banhos, depois de uma gorda propina, dirá que nunca me viu lá e a fita gravada com a nossa conversa...- Cassius retira a fita gravada do bolso, joga-a no chão e a incinera com um tiro de laser - ... não existe mais! É claro que me certifiquei se havia cópias e sei que ela era única!”

Claudius tenta reverter a situação.

“Escute Cassius. Podemos dividir o poder de Roma. A riqueza que adquiri e a tecnologia alienígena é muita para um homem só. Vamos dividi-las, o que acha ? “ - o cônsul parecia demonstrar estar desesperado para fazer tal proposta.

“Esta tecnologia é realmente interessante. Já sabia que você possuía um poder oculto só não esperava algo assim. Um arsenal de por inveja ‘a Marte. Pena que a fonte tenha secado. Alguns homens do espaço vieram resgatar aqueles que aqui caíram e agora, pelo que sei, estão destruindo a sua grande obra: a base de lançamento do satélite. Isto até parece vingança dos deuses. Você não pensa assim ? “ – Cassius andava pelo aposento enquanto falava e se descuidou por uma fração de segundos quando deu ‘as costas para seu inimigo. Foi o tempo suficiente para que Claudius retirasse uma adaga que trazia na sua cintura e a fincasse em suas costas.

Cassius, o cauteloso, caiu de joelhos agonizando por ter pecado em não manter sua maior virtude.
Drusilla solta um grito de horror e tenta fugir, mas é bloqueada por Claudius com a adaga em punho e ainda pingando sangue da lâmina.

“Aonde pensa que vai, traidora ?“

“Não me mate, senhor. Pelos Deuses, eu imploro!” – a jovem se ajoelha segurando em suas pernas. Sabia que só a benevolência de Claudius poderia salvá-la.

Claudius segura seus cabelos loiros e começa afaga-los tentando tranqüiliza-la. Ela começa a parar de chorar em meio a alguns soluços.

Ele ajoelha, segura sua cabeça ternamente e a beija ardentemente. Drusilla se acalma, corresponde ao afeto e relaxa nos braços de seu amado.

De repente ouve-se um estalido. Drusilla cai para o lado com o pescoço quebrado. Uma morte rápida, indolor e limpa.

O cônsul a abraça novamente e começa a chorar. Algo que não fazia desde a morte de seu pai.

Texto por: Marcos De Chiara.

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