quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 20.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XX

USS Albedo – No dia seguinte...
SST: 7:45 am
Auditório

O capitão Alkon apareceu para a instrução só depois que todos os membros do grupo avançado já estavam sentados.

_Bom dia. Estamos aqui para avaliação da missão e concluir o relatório que será entregue ao almirante Petersen. Gostaria de ouvir o tenente Klag.

_Observei alguns erros em nossa abordagem. Não conhecíamos bem o terreno, o inimigo e o local que iríamos invadir. Agimos na maior parte do tempo no escuro e no improviso. Sugiro avaliar melhor o nosso alvo antes de enviarmos uma equipe em uma outra missão.

_Anotado. Tenente Saint-John? – diz Alkon dando a palavra para outro oficial.

_As naves auxiliares se portaram muito bem e a camuflagem holográfica foi muito útil. A Azimute deverá estar totalmente funcional em dois dias.

_Devemos agradecer a equipe da nossa engenheira-chefe. Os emissores holográficos foram realmente uma ótima idéia. – anotou Alkon. Naomi ergueu o braço agradecendo o cumprimento em nome de sua equipe.

_Os trajes de isolamento deram uma boa vantagem na incursão, apesar de que, da próxima vez eles já estarão preparados. Sensores termográficos ou qualquer coisa que caia sobre os nossos trajes nos denunciam. Diria que eles não são mais uma opção. – reportou o alferes Gilbert.

_Creio que conseguimos os nossos objetivos. Temos as imagens da fábrica, amostras da enzima, da forma de produção e sintetização. Sem contar que danificamos sua produção, roubamos uma de suas naves e detivemos dois prisioneiros. Sem contar a informação da presença amistosa de cardassianos em espaço do dominion. Acho que a seção 31 vai gostar de saber disso. – disse Klag.

_E temos também isso. – Siro coloca uma pedra amarela esbranquiçada sobre a mesa.

_O que é isso? – perguntou Gilbert.

_KW bruto. Peguei no laboratório deles quando não estavam olhando. Acho que o pessoal do departamento de bioquímica vai gostar de analisar isso. Parece ser alguma secreção produzida por fungos ou bactérias em rochas de clima bem frio. Deste composto eles sintetizam a droga.

_Muito bem, alferes. Mandaremos isso para análise o quanto antes. Com isso cumprimos os nossos objetivos. A missão foi um sucesso, apesar dos percalços. – concluiu o capitão.

_Contratempos fazem parte do serviço. Fizemos um pouco de barulho, mas o que vale é que superamos os obstáculos. – comenta Allison.

_Isso só foi possível porque agimos como uma equipe, algo que o alferes Siro custou a entender e quase prejudicou toda a missão no início quando decidiu agir por conta própria. Espero que isto não se repita. Apesar de ter demonstrado valor em batalha, sofrerá uma punição. Continuará confinado ao alojamento até o nosso retorno à base 375.

-É justo. Eu  mereço... –concorda o alferes.

_Tenente Brixx, como observador da missão, gostaria de ouvir seus comentários.

_Bom...Achei o local com muito pouca segurança. Poderia ser para despistar, mas também poderia ser uma armadilha. Como poucas naves vieram ao nosso encalço, devemos presumir que as forças Jem’Hadar estão espalhadas pelo quadrante e que, para reunirem uma grande força levará tempo. Isto poderia ser uma vantagem se quisermos elaborar um ataque contra eles.

_Mas não é o que queremos, não é? – provoca Alkon.

_Não senhor. Pelo menos não neste momento. Acredito que nosso próximo encontro com eles não será tão fácil assim.

_Tenente-comandante Silva... – pede Alkon o comentário da engenheira-chefe.

_A nave agüentou bem o batismo. Os escudos multifásicos nem foram arranhados, devido a tática de cautela que adotamos. As naves auxiliares responderam a contento. Continuamos ainda com o problema para manter a nossa camuflagem. A tecnologia Breen é de difícil calibração. A energia direcionada as armas força um pouco os sistemas da nave que demoram cinco ponto seis segundos para ficarem totalmente operacionais, causando um decréscimo de dois por cento nas força destinada aos escudos. Tais problemas teremos que resolver quando voltarmos à base.

_Tenho certeza que resolveremos. Doutora T´Vel... Relatório médico.

_Nesta missão tivemos cinco feridos. Dois já estão aptos ao serviço, os alferes Vulpes e Siro. Recomendo repouso de pelo menos cinco dias ao tenente Klag até que sua perna se recupere totalmente. Quanto a comandante...Ela ainda está em stasis e o HME continua procurando uma cura para a sua condição. Suspeitamos de uma bactéria que, possivelmente, estava nas correntes que a amarrou. A mesma bactéria foi encontrada nos tecidos de Vulpes, Siro e Klag, mas seus sistemas imunológicos são mais resistentes que o humano. Estamos pesquisando uma enzima compatível que possa inibir a ação da toxina da bactéria a partir do soro dos três tipos sanguíneos. O que parece mais compatível é o bajoriano, por sua similaridade com a fisiologia humana. Creio que não demorará muito para acharmos uma cura. 

_Você disse cinco feridos, quem é o quinto? – perguntou o capitão.

_O senhor. – respondeu a médica vulcana.

_Eu? Meu ombro dói um pouco, mas não creio que isso me torne inapto ao serviço...

_Não me refiro ao ombro e sim à sua mente. O senhor voltou a usar dopaminalamina, por quê?

O capitão é pego de surpresa. Nem todos sabiam de suas habilidades psicocinéticas.

_Prefiro responder sobre isto mais tarde. Como você soube? – esquiva-se Alkon.

_Toda a sintetização de medicamentos me é informada. Sintetizar medicamentos fora da área médica é proibido. O único que pode anular a minha autorização é o senhor. Acho que esta é uma boa hora para falar sobre isso. Somos uma equipe, não? E somos amigos. Não há nada para se envergonhar ou temer.

_Eu...Para quem ainda não sabe...Possuo certas habilidades que parecem não ter adiantado muito nesta missão. Não posso contar com algo com o qual não tenho total controle.

_O senhor só terá controle total quando adquirir confiança em sua capacidade. – diagnosticou T´Vel.

_Eu quase perdi bons oficiais nesta missão. Eu achei que podia prever tudo e, no caso de alguma eventualidade, socorrê-los.

_Mas o senhor fez isso, capitão. Eu vi quando o senhor jogou aqueles soldados Jem´Haddares contra a parede e ergueu o administrador no ar só com sua mente. Foi um belo espetáculo. Não deve subestimar o seu potencial. – comentou Siro.

_Não se trata de dar espetáculo, alferes, e sim de salvar vidas! – respondeu o capitão elevando a voz.

_Capitão...O que aconteceu coma a comandante...O senhor não pode se culpar. – disse Allison chegando ao cerne da questão.

_Eu sei. Agradeço as palavras de apoio, mas querendo ou não, eu sou responsável pela vida de todos vocês. Acreditem...Não é algo confortável. Quero dizer...Eu gosto do comando, mas, talvez pela minha fisiologia betazóide, sinto a patente pesar mais do que eu posso suportar. Não é o que vocês esperam que um capitão diga, mas é verdade. Talvez a doutora esteja certa. Talvez eu deva ser afastado comando. – Alkon, que estava de pé durante a reunião, sentou-se em um dos degraus do auditório, e ficou cabisbaixo. A doutora se levantou e foi até ele. Tocou em seu ombro e disse:

_Estamos todos sob muita pressão e você mais do que todos. Sugiro que descanse. Use seu programa favorito de holodeck. Todos aqui confiam em você e no seu comando. E o que passe entre nós é resolvido por nós. Não é mesmo pessoal?

_Sim, senhora. – disseram McCormick ,Allison e Zagar.

_Correto. – concordaram Siro e Klag.

_Cem por cento. – disse Naomi.

_Sim, madame. – disse o respeitoso Gilbert.

Vulpes e Brixx demoraram a responder, mas concordaram também com a médica meneando a cabeça para frente.

Alkon sorri com lágrimas nos olhos. Seu momento de fraqueza, afinal, não foi considerado pelos seus camaradas, como tal.

_Bom...Tenho que finalizar esta reunião. – Alkon se levantou e ajeitou sua túnica antes de continuar a falar: _O senhor Klag fica de licença e o senhor Brixx assume o posto tático até seu pronto restabelecimento. O alferes Gilbert e ..._Alkon se utiliza de uma rápida leitura em um pad que tinha à mão. – o alferes DeMornay completaram a escala de serviço. Quero fazer uma menção honrosa ao cadete Vulpes e promovê-lo a alferes por mérito em ação no campo de batalha. – O capitão se dirige ao Tosk e coloca um botão na gola de seu uniforme.

Todos felicitam o tosk, que, meio sem jeito, esboça um sorriso.

_Dispensados. – ordena o capitão. Os oficiais vão saindo um a um até o capitão ficar sozinho com seus medos e culpas. Só sentia um pouco reconfortado quando via o corpo de Sarah pela janela da câmara de stasis da enfermaria. Às vezes ficava ali por uma hora ou mais, tentando alcançar a mente dela, mas sem sucesso. Até o HME se comovia com o seu gesto.

_Não creio estar sendo muito saudável para o seu sistema límbico continuar a forçar a sua mente deste jeito. Quando obtivermos algum progresso garanto que o senhor será o primeiro a ser informado.

_O senhor foi programado para amar, doutor?

_Amor? Conheço o sentimento por descrição em meu banco de dados. Sou capaz de simular quase todas as emoções humanas, todavia não possuo muita experiência neste ramo, uma vez que só fui ativado há apenas trinta e seis horas, quarenta e dois minutos e oito segundos.

_Então me deixe ficar aqui mais um pouco, está bem?

_Como desejar, capitão. – o HME se afasta.

Alkon ficou em pé olhando para o rosto sereno de Sarah por mais uma hora e depois foi para a sua cabine. Tomou um banho e bebeu um cálice de vinho Gamzain, uma bebida que experimentou em sua estadia, no ano passado na estação DS9.

De repente pareceu ouvir algo em meio ao silêncio. Uma voz que conhecia muito bem. Era suave e dizia: “Imzadi...”

Era a voz de Sarah.

Procurou por ela em seu quarto, mas certamente ela não estava lá. Talvez fosse um sinal de que poderia alcançar a sua mente. Tentou se concentrar, mas não conseguiu mais ouvi-la. Olhou para o frasco de hipospray sobre a sua cabeceira, pegou-o e jogou-o contra a parede num ato de fúria.

Texto por: Marcos De Chiara.

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