segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 17.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XVII

Alkon correu mais do que na sua época de colegial ou de treinamento na academia. Chegou ao sopé da montanha quase sem ar.

[O senhor está bem, capitão?] _perguntou Siro preocupado.

[Acho que gastei todo o meu suprimento de oxigênio]_responde arfando.

[Não foi fácil correr neste relevo acidentado com neve de trinta centímetros, mas acho temos uma boa dianteira.] _confirma Siro olhando seu scanner em seu rifle.

[Graças ao nosso pessoal! Espero que eles também tenham conseguido!] _comentou Alkon.

Vulpes estava ao lado deles impassível. Não parecia cansado. Não estava usando traje de isolamento ou vestimenta espacial. Apenas o uniforme de assalto da Federação. Ele analisava a situação e resolveu se pronunciar:

-Capitão...Eu posso escalar mais rápido do que vocês e poderei trazer a nave para mais perto. – ele quase gritava para ser ouvido em meio a tempestade.

[Está bem, soldado. Vá na frente. Ficaremos aqui dando-lhe cobertura.] _responde Alkon aceitando a sugestão do Tosk que, imediatamente, pôs-se a escalar o paredão reutilizando as cordas que haviam deixado para trás. A sua agilidade era impressionante,. Não era à toa que sua raça era projetada para serem os fugitivos perfeitos. Olhando como Vulpes escalava com extrema facilidade, era difícil imaginar que alguém conseguisse pegá-lo.

[Capitão.Não acho uma boa idéia.] _protestou Siro.

[Por quê?]

[Um Tosk é um fugitivo por natureza. Quando ele tiver pegado a nave, vai dar o fora e nos deixar para trás.]

[Vulpes não é  um Tosk comum. Ele escolheu servir à Frota.] _Alkon discorda do bajoriano.

[O senhor confia demais nas pessoas, capitão.]

[Assim como confiei em você. Você ainda é um Maqui e está sob a minha custódia. Você poderia também me dar um tiro e fugir. Por quê ainda está aqui, lutando ao meu lado?]

Siro pensa um pouco e responde:

[Para fazer o que é certo. Se temos alguma chance de derrotar o Dominion, espero poder colaborar com isso. Detestaria ter que, depois de tantas batalhas, apenas ver que trocamos um inimigo por outro que não poderemos vencer. Com vocês e os cardassianos sabemos que podemos lidar.]

[Como vê, todos nós temos as nossas motivações. A de Vulpes é de ter a oportunidade de fugir a sua programação genética, de conquistar a sua individualidade.]

[E qual é a sua motivação, capitão?]

Alkon fica sem resposta por um momento. Por que ele ainda arriscava o pescoço pela Frota depois que a mesma o havia quase expulsado? Ele ainda se fazia esta pergunta todas as manhãs desde que retiraram o seu comando da USS Babel.

[Sou um oficial da Frota Estelar. Minha motivação é manter a paz e a ordem no quadrante Alfa.] _respondeu da forma mais hipócrita possível.

[Besteira!] _comenta Siro não acreditando em nenhuma sílaba que Alkon pronunciara.

O papo fora abruptamente interrompido pelas rajadas de phaser vindas em suas direções. Os Jem’Hadar os haviam encontrado.

[Proteja-se!] _gritou Siro para Alkon que não contava com a invisibilidade. Não foi preciso dizer duas vezes. Alkon encontrou um escudo em uma rocha próxima. Devolveram o fogo. Alkon jogou duas granadas na direção do inimigo. Não dava para ver quantos eram pois eles também contavam com dispositivo pessoal de camuflagem. Mas o silêncio advindo depois das explosões significavam que Alkon havia acertado o alvo.

[Boa pontaria, capitão!] _elogiou Siro.

[Obrigado!Esta foi apenas a primeira onda. Vamos procurar uma possição mais protegida.]

Os dois combatentes se deslocam cuidadosamente, com armas em punho, entre os rochedos.

[Uma nova patrulha não tardará. A explosão vai atrair mais deles até a nossa posição.] _afirmava Alkon.

[Vamos torcer então para que o Tosk chegue antes.] _disse Siro jogando o seu rifle descarregado no chão e pegando um phaser de mão.

Um novo grupo de soldados Jem’Hadar chegam  trazendo desesperança para o bajoriano. Eram muitos tiros. Siro imitou Alkon e jogou duas granadas na direção deles, porém, antes que explodissem sozinhas, ele atirou nelas enquanto estavam no ar. O deslocamento de ar foi maior e atingiu mais inimigos. Alkon ficou espantado com aquela inusitada tática.

[Foi uma coisinha que aprendi entre os Maquis.] _se vangloriava o bajoriano.[Cadê aquele lagarto supernutrido? Eu avisei que não devíamos confiar nele!] _praguejava.

[É uma escalada difícil. Mesmo para um Tosk. Acredite. Ele voltará.Continue atirando. Cuidado! À sua direita!]

O aviso de Alkon foi providencial. Um Jem’Hadar havia se materializado bem perto de Siro, que só tem tempo de se abaixar antes de quase ter sua cabeça decepada por uma lâmina. Siro dá-lhe um golpe , rouba a lâmina e tira a vida de seu inimigo. Como eles o havia encontrado?

[Eles devem estar usando sensores térmicos!] _concluiu Alkon como se lesse os pensamentos de Siro.

[Eles nos encurralaram! E a nossa munição está acabando!] _constata o bajoriano.

[Ainda temos uma opção.] _Alkon se referia aos seus poderes telecinéticos. Concentrou-se na rocha pendente acima deles e provocou uma avalanche. _[Corra para o paredão até aquela fenda. Rápido!]

[Por quê?]

[Não discuta! Faça o que mandei! Vai!]

Quando Siro ouviu o ruído da avalanche entendeu as ordens do capitão. Correu o mais rápido que pôde.

Exausto com o esforço mental que fizera, Alkon, ao correr, tropeça e cai. A última coisa que vê é um manto branco vindo do céu em sua direção.

No espaço...

_Naves Jem’Hadar se aproximando a bombordo a quinhentos quilômetros. – avisou Brixx do console tático.

_Quantas são? – perguntava McCormick da cadeira do capitão.

_Uma nave de batalha e cinco caças. – informava o boliano prontamente.

Naomi olhou assustada para o oficial de ciências. McCormick sabia que de nada adiantaria se desesperar. Neste momento, Gilbert e Allison adentram a ponte, ela reassume o leme e Gilbert, o posto científico.

_Graças a Deus que vocês estão bem. Onde está o capitão e a número um ? – pergunta McCormick.

_A comandante Sarah e Klag estão sendo atendidos na enfermaria pela doutora T´Vel. O capitão, o bajoriano e o Tosk ainda estão no planetóide. – informou Allison.

_Senhor, se me permite...Não podemos deixa-los. Temos que resgata-los. – solicitou o alferes Gilbert.

_Não se preocupe, alferes, iremos fazê-lo, mas agora parece que temos um problema maior. Parada total. Cortar a energia de todas as áreas não essenciais. Suporte de vida em cinqüenta por cento. Como está a nossa camuflagem, Naomi?

_Poderemos mantê-la, sem nenhuma flutuação, com energia de emergência, por mais uma hora.

_Tenente Brixx...Eles já nos detectaram?

_Não, senhor. Eles estão sondando o perímetro.

_Mantenha-nos em órbita. Vamos dar essa hora para o capitão. Depois disso ou nos revelamos ou partimos.

Um grande silêncio tomou conta da ponte. Todos sabiam dos riscos da missão, mas enfrenta-los era outra história. Torciam para que seus companheiros tivessem sorte.

...

No planetóide, Elik, o karemma administrador do centro de produção de ketracel-white, estava descontrolado.

_Como ainda não o encontraram? – gritava contra uma tela de comunicação.

[Houve uma avalanche, senhor. Eles foram soterrados juntos com muitos soldados nossos.] _informou um soldado Jem´Haddar.

_Vasculhe a área. Quero os seus corpos. Algum vestígio de naves da Federação?

_Nossos sensores em terra foram sabotados. Temos uma equipe reparando o problema, mas vai levar ainda seis horas até que tudo esteja operacional. – informava Sajmar.

_Zaldro...Comunique-me com Tulel em órbita.

_Comunicação estabelecida.

_Tulel, algum vestígio de uma nave da Federação por perto?

_Ainda não, meu senhor. Contudo descobrimos que um de nossos caças está desaparecido.]

_Desaparecido...desaparecido....Esta palavra já está me irritando.Prisioneiros que dasaparecem. Naves que desaparecem. Eles não são etéreos. São de carne e osso e sangram. Nós vimos isto. Eles não podem ficar invisíveis...Espere...Talvez possam....Tulel, procure por naves camufladas. Use sensores de tachyons. Eles não devem estar longe.

As ordens foram cumpridas. A Albedo estava em uma órbita geo-sincrônica negativa, ou seja, estava voando no sentido contrário da rotação do planetóide e da flotilha Jem´Haddar. Não demorou muito para serem detectados.

...

Na Albedo, Naomi, prevendo que seriam descobertos mais cedo ou mais tarde, sugeriu um novo plano de ação.

_Mack, escute...estive pensando...Não é muito difícil detectar uma nave camuflada. A tecnologia do Dominion pode ser bem melhor do que a nossa então eles não demorarão a nos encontrar. Principalmente se emitirem feixes de tachyons em suas varreduras.

_O que você sugere ?

_Baixar a nossa órbita. Os sensores do planetóide estão danificados e todas as naves deles estão aqui no espaço nos procurando.

_Vamos ficar bem embaixo do focinho deles e eles não irão nos ver! Bem pensado!

_Talvez ganhemos algum tempo com isso. – conclui a engenheira.

_Não perderemos nada se tentarmos. Tenente Saint-John...Baixar órbita em trinta graus. Mantenha-nos acima da nevasca. Zagar...Mande mensagem criptografada para a Azimute dando nossa posição. Brixx...Come a sondagem em busca do nosso pessoal. Eles podem não estar conseguindo teto para decolar.

_Presumindo que eles ainda estejam vivos... – comentou o tenente boliano.

_Vamos manter o otimismo, tenente. Não quero pensamentos negativos aqui na ponte.

_Desculpe, senhor. Eu só presumi...

_Por favor, tenente. Vamos nos ater apenas aos fatos. Procure pelos sinais de transponder deles, e nos dê apenas boas notícias. – McCormick sorri cinicamente para o boliano.

_Sim, senhor. Farei o que puder. – disse Brixx um pouco  desconcertado.

McCormick estava preocupado com os seus companheiros na enfermaria, ordenou que Zagar colocasse na tela principal a comunicação com a enfermaria. Apareceu a imagem da médica assistente, a indiana Indira Nepatshanu, com uma pintura colorida circular no meio da testa.

[Sim?]

_Gostaria de saber das condições da comandante Sarah e do tenente Klag.

[A doutora T´Vel está operando a comandante neste momento. Quanto ao tenente Klag...] _neste momento o klingon apareceu empurrando a médica assistente para o lado.

[Permissão para retornar ao meu posto, senhor.]

_Que bom que o sangue do guerreiro klingon ainda ferve em você, mas gostaria de ouvir a opinião da doutora primeiro.

O klingon se afastou da frente da câmara aborrecido. A dra. Indira fez o seu relatório.

[O tenente teve uma perfuração nos músculos reto femoral, vasto lateral, com uma pequena lesão no bíceps femoral. Podemos restaurar a musculatura em uma semana, mas para isso ele precisará ser afastado de suas funções.]

_Você ouviu a doutora, tenente. Estamos dando conta aqui em cima. Vamos precisar de você inteiro. Dra. Nepatshanu...Me informe das condições da comandante assim que puder.

 O klingon grune e volta a se deitar. A imagem da doutora desaparece dando vez ao espaço sideral.

_Senhor...Acho que captei o sinal da Azimute. – informou Gilbert.

_Ampliando o sinal...Confirmado. É ela. – confirma Brixx.

_Sinais vitais? – perguntou McCormick.

_Estamos com muita interferência....melhorando o sinal...três sinais. São eles e estão vivos! Acredito ser essa uma boa notícia, senhor. – disse Brixx lembrando da conversa que tiveram a pouco.

_Pode contar que sim, tenente. Bom trabalho. – McCormick sorri de alívio e sua felicidade ressoa no semblante da engenheira-chefe e da piloto.

Lá embaixo o capitão Alkon estava recobrando a consciência.

_Ai...O que...Onde...?

_Nosso amigo lagarto aqui conseguiu nos teletransportar para a nave a tempo, mas parece que um pouco de neve te pegou antes. Não se mexa muito. Seu ombro está deslocado.

_Obrigado, alferes.

_Não tem de quê, capitão. Eu demorei um pouco, pois tive que retirar um pouco de neve que estava sobre a nave.

_Pelo que sei você fez tudo no tempo certo. Onde estamos?

_Infelizmente ainda no planetóide. Tentamos decolar, mas a nevasca não permitiu.Este planetóide é como se fosse um cometa gigante e agora ele está voltado para o sol do sistema. Sua camada de gelo e neve exposta aos raios solares é que estão causando a nevasca. Não sabemos quando durará o periélio , pode ser semanas, meses ou até mesmo anos. A boa notícia é que estamos pelo menos a uns duzentos quilômetros do laboratório da montanha e a rede de sensores deles ainda continua inativa. – informa Siro.

_Como pode ter certeza disso? – pergunta o capitão.

_Ainda estamos vivos, não?_responde o bajoriano com simplicidade.

_Vivos, mas não seguros. Quando poderemos decolar novamente ? – perguntou apreensivo o capitão.

_As naceles congelaram. Estamos presos em um banco de neve depois de uma aterrissagem forçada. Teremos que ir lá fora  para desenterrar parte da nave. Só que está um frio daqueles! – informa Siro.

_Ainda temos nossos trajes de EVA ?

_Sim, dois deles apenas.

_Ótimo. Eu e você vamos lá fora. Vulpes fica aqui e tente estabelecer um contato com a Albedo.

_Ahn...capitão...As comunicações caíram. Vai levar ainda algum tempo para fazer tudo funcionar de novo. Eu poderia tentar, mas vou logo adiantando que não mexo em um transceptor subespacial há muito tempo. – diz Siro meio sem jeito.

_Então parece que teremos que resolver um problema de cada vez. – Alkon se levantou com dificuldade do chão e foi amparado por Vulpes.

_Vamos ter que trabalhar em duas frentes. Vulpes irá comigo e você mexe no console de comunicações. Só vou precisar de uma..ai...pequena ajuda para vestir o traje.

 Momentos depois, já fora da nave, Alkon percebe um dano na nacele direita após ter derretido a neve em volta dela com o seu phaser. Parecia que a queda havia provocado danos maiores do que o pensado. Alkon dá um chute no casco da nave ao perceber que ficariam ali mais tempo do que gostaria e a mercê dos inimigos.

Texto por: Marcos De Chiara.

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