terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 18.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XVIII

[Elik!] _a imagem de Dorth, o Vorta, seu superior, aparece na tela  do centro de operações do laboratório.

_Senhor? – Elik engasga – O que o senhor quer? Digo...Estou ouvindo.

[Escutei que está com alguma dificuldade em manter a produção de White nos limites acertados.]

Elik olha para seus assistentes procurando o dedo-duro. Eles, temerosos, balançam a cabeça negativamente tentando se eximirem de qualquer culpa.

_Não, senhor. Tivemos alguns problemas, mas agora já está tudo sob controle.

[Esses problemas não teriam nada a ver com a ação de terroristas do quadrante alfa, teria?]

_Terroristas? Oh, não. Como o senhor ficou sabendo disso? Quero dizer...O que levou o senhor a pensar numa coisa dessas? – “De certo algum transmorfo estava infiltrado na base sem que ele soubesse. Só assim os Vorta podiam saber de tudo.” – pensou Elik.

[Elik...Elik...Ninguém esconde nada de mim. Seja sincero...O que está havendo aí?]

_Bom...um ..pequeno grupo tentou sabotar a produção, mas os detivemos antes disso. – o karemma resolveu admitir logo a situação antes que as coisas se complicassem para o seu lado.

[Onde eles estão? Você os capturou? Quem eram eles? Cardassianos?]

-Bom...senhor...na verdade....

[Eles fugiram? Como?] _Dorth estava visivelmente irritado e isto não era bom.

_Eles possuíam alguma arma secreta...Um dispositivo que lhes permitiam ficar invisíveis e...

[Invisíveis?]-Dorth estava incrédulo.

_Sim, senhor. Estamos vasculhando tudo num raio de um ano-luz. Mais cedo ou mais tarde eles serão encontrados. Eu garanto.

[Assim espero. No momento estou ocupado com outros assuntos, mas aguardarei um relatório completo seu em uma hora ou então enviarei minha querida esposa com reforços e, é claro, um novo administrador.]

-Obrigado pela confiança. Eles não escaparão. Eu pro..._antes de Elik terminar a frase a imagem de Dorth desaparece da tela. Elik respira aliviado.

-Aquela carniceira não vai ter o gosto de provar o meu sangue. Quero um pente fino neste planetóide. Sajmar mande uma comunicação para Tulel intensificar as buscas no espaço e em terra. Zaldro...Prepare uma nave de fuga. Só por precaução.

Alguns quilômetros dali...

_Algum sucesso com as comunicações? – perguntou Alkon assim que retirou o capacete quando retornou para o interior da nave auxiliar.

_Não sei ao certo... Talvez tenha que substituir alguns chips isolineares. Isso se conseguir, é claro, reativar o sintetizador. Como estão as coisas lá fora?

_A nacele direita está comprometida. Mesmo que a façamos funcionar de novo, será difícil decolar com apenas uma nacele. Além disso, a nevasca parece que não vai dar trégua por um bom tempo. O que mais podemos esperar? – mal Alkon acaba de falar e a nave começa a balançar. O terreno no qual se encontrava estava cedendo.

_Acho melhor sentarem e se segurarem firmes. – gritou Siro enquanto consultava informações no painel._Estamos sobre uma fenda. A neve embaixo de nós está cedendo. Temos que decolar senão seremos soterrados. – Siro religou os motores, mas a nacele direita ainda não respondia._Vou tentar uma ascensão inclinada e corrigir com manobradores.

Alkon senta-se do lado de Siro ainda com o traje espacial e comenta:

_O ângulo de ascensão nos levará direto para aquele paredão – disse enquanto olhava para um mapa topográfico que calculava a trajetória da decolagem.

_Capitão...Já enfrentei problemas semelhantes antes. Creio que sei o que estou fazendo.

_Você realmente não se dá por vencido, não é? Nem que as evidências provem o contrário? Veja! Esta rota de navegação é um suicídio! – Alkon aponta para a tela ao seu lado.

Siro Lian fica fitando o capitão por alguns segundos e desliga os motores.

_Capitão...Nós temos que avaliar bem as nossas chances. Eu vejo quatro opções para a nossa situação. Primeiro: Os Jem´ Haddar nos encontram e nós já éramos. Segunda: Vamos cair direto em um precipício e morrermos soterrados por neve e rochas. Terceiro: O terreno pode se acomodar, nossos sistemas de suporte de vida não vão durar muito e morreremos de frio; e por último, que é a minha preferida, investimos contra aquele paredão e, com uma pequena margem, passamos por ele e saímos daqui. Mas o senhor, é o capitão. O que o senhor escolher estará bom para mim.

Alkon odiava que medissem força com ele. Principalmente um subordinado. Siro era atrevido. O que era o espírito de todo maqui. Entretanto havia uma possibilidade dele estar certo.

A nave balançou mais uma vez. Vulpes olhava fixamente para os dois como que ansioso para ver o desfecho daquele embate.

_Muito bem, alferes. Vamos tentar do seu jeito. – Alkon cedeu. Ele sabia que seria burrice não tentar uma chance, ainda que remota.

_Obrigado. – Siro religa os sistemas. – Segurem-se. Não vai ser uma viagem de cruzeiro.

A Azimute chacoalha bastante antes de alçar vôo. O terreno abaixo deles se parte, deixando uma fissura de grande profundidade que poderia ser seus túmulos.

_Inclinação de vinte e cinco graus! Tentando corrigir!_grita Siro irritando os ouvidos de Alkon.

_Ainda estamos indo de encontro ao paredão. – alerta Vulpes ao olhar para tela de navegação.

_Eu sei. Eu sei. Inclinação de vinte e oito graus. – diz Alkon enquanto decidia tentar algo que não haviam planejado antes. Usar a sua telecinese para inclinar a nave o suficiente para poderem vencer a altura do paredão. Nunca havia tentado isto antes, mas estava em uma situação de vida ou morte. Era um excelente momento de tentar. Motivação era o que não faltava.

_Inclinação a..trinta e oito graus e aumentando? – Siro ficou surpreso com a mudança repentina da sorte.

_Impacto em vinte segundos. – informou Vulpes ao olhar os sensores de proximidade.

_Inclinação a quarenta graus...Pelos Profetas, não vamos conseguir! – Siro não acreditava mais na sorte nem na escolha que fizera.

No momento fatal a nave balançou forte, mas todos continuaram inteiros. Alkon saiu de seu transe. Tinha convicção de que não fora sua força mental que livrou a todos de uma morte certa, pois nunca havia movido algo tão grande antes e em condições tão adversas. Então o que acontecera?

[Azimute...Aqui é...rrrrssss....A USS Albedo...rrrrsssss...Querem carona pra casa?]

A voz era do tenente McCormick, não era bonita, mas parecia uma linda música aos ouvidos de todos.

_Será um prazer, tenente. Lembre-me de pagar uma rodada para todos mais tarde. – brincou o capitão.

[Não esquecerei, capitão.]

Um raio trator capturou a Azimute antes que ela batesse. Contudo o salvamento teve um preço. A Albedo tinha desligado a camuflagem e religado todos os sistemas da nave. Não só estavam de novo visíveis, como haviam dado a oportunidade para os Jem’Hadar de detectá-los. Uma esquadrilha veio ao encalço deles.

_Quatro caças vindo em nossa direção. Contato em um minuto e vinte oito segundos.-informou Brixx.

_Parece que vamos ver o quanto este novo motor é capaz. Acho melhor você ir lá para baixo, engenheira-chefe. Sleek..Assuma o lugar da tenente. – a troca de posto foi efetuada e Naomi correu até o turboelevador em direção à engenharia.

_O capitão e os demais já estão à bordo, senhor. – o boliano Brixx era eficaz em seus informes.

_Ótimo. Esta cadeira já estava me incomodando. Camuflagem?

_Operacional em cinco minutos. – informou Gilbert.

_Droga. Alerta vermelho. Erguer escudos. Preparar armas.

...

No hangar, ainda dentro da Azimute, assim que Alkon retira seu traje espacial, resolve dar novas ordens a Siro e Vulpes. Só então se lembra que o bajoriano também estava ferido ao ver os seus pulsos cortados.

_Você acha que agüenta mais uma missão?

_Se isto diminuir minha pena...Desculpe, não resisti. Estou às ordens, capitão.

_Quero você e Vulpes na Zênite. Vamos precisar de alguma distração.

_O senhor vai me deixar sozinho em uma nave?

-Você me pediu confiança. Estou disposto a te dar uma chance. O que me diz?

-Bom...Está bem. Afinal sou só eu contra quatro naves Jem´Haddar. Já fugi deles uma vez. Posso fazer de novo. Vamos lagartão. Você ouviu o capitão, vamos brigar mais um pouquinho.

-È VULPES! – reclama o Tosk antes de seguir o bajoriano. Os três saem da nave, mas Alkon segue na direção do turbo elevador, sentindo muita dor em seu ombro esquerdo. Apesar disso se preocupava mais com outra pessoa. De dentro do elevador se comunica com a enfermaria.

_Dra. T´Vel...Alkon...Como ela está?

[É bom ouvi-lo novamente, capitão. Necessita de ajuda médica?]

_Como Sarah está?

[Estável, mas a deixei em coma induzido. Ela sofreu severos traumas, mas creio que sobreviverá. Mandarei o meu relatório mais tarde, mas gostaria de vê-lo antes disso.] _respondeu a doutora.

_Obrigado.

[Não há o que agradecer, capitão. Apenas cumpri com a minha função.]

_Mesmo assim obrigado. Alkon desliga.

A porta do turboelevador se abre e revela a ponte de comando que ele achou que não veria. Não nesta vida.

-Capitão na ponte!-informava Brixx, conforme o protocolo.

_Devolvendo o comando, senhor! – disse McCormick em posição de sentido.

_Comando aceito. Qual a situação? – A própria Albedo responde ao ser sacudida pelos tiros das naves inimigas.

_Escudos em noventa por cento e agüentando.

_Devolver fogo. Mirem em seus motores. – ordena Alkon.

_Devolvendo fogo. Um caça foi incapacitado. Faltam três. – informou Brixx.

_Manobras evasivas, srta Saint-Jonh. Victor-Delta-Tango.

A Albedo navega em parafuso se desviando dos raios emitidos pelas naves inimigas.

_Liberar minas. Quatro cargas em intervalos de dois segundos.

Uma série de vinte microbombas são lançadas ao espaço pela popa da nave. Elas possuíam sensores de proximidade que detonam quando o alvo chega a uma distância de quinhentos metros. Lançadas a uma velocidade que não possibilite uma manobra de fuga, o inimigo sempre acaba sendo alvejado por algumas. Desta vez não foi diferente.

-Caças destruídos, senhor. – a pequena comemoração na ponte é interrompida pelo novo informe de Brixx. – Mais seis caças aparecendo nos sensores. E uma nave de batalha.

_Tenente Saint-John, marque o curso para 431 marco 2.

_Curso traçado e implementado, senhor.

_Naves a seiscentos quilômetros. Mudaram a formação. Três se dirigem a boreste e os outros três a bombordo. Nave de batalha permanece à nossa popa. Tempo estimado para contato....quarenta segundos.

-Zênite, ouviu isso?

[Alto e claro, senhor!]

_Vocês pegam os da direita e nós os da esquerda. Liberar baia  de lançamento.

_Zênite liberada, senhor._informou Brixx.

A nave auxiliar atraiu o fogo dos caças. De todos eles. Siro fazia manobras erráticas que não constavam do plano inicial.

_O que ele está fazendo? – perguntava McCormick.

Alkon, porém, não se surpreendeu. O bajoriano nunca obedecia direito a uma ordem direta. Na verdade, se sobrevivesse, iria agradecê-lo. Ele estava deixando o caminho livre para a fuga da Albedo.

_Preparar para velocidade de dobra nove ponto dois, tenente.

_E quanto a Zênite? –McCormick estava preocupado com os seus camaradas.

_Não se preocupe, número dois. Piloto...Acionar!

A Albedo sumiu na vastidão negra do espaço.

Texto por: Marcos De Chiara.

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