sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 21.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XXI

A USS Albedo navegou camuflada até o ponto de encontro com a USS Fitzgerald e chegou um pouco adiantada. Teria que esperar algumas horas até poderem atravessar a fenda espacial.

O capitão Alkon estava na ponte de comando durante todo o dia. Não conseguira pregar o olho a noite inteira. O trabalho o faria esquecer um pouco da condição de Sarah. Comunicou-se com a engenharia:

_Por quanto tempo poderemos manter a camuflagem, Naomi?

[Nossos sistemas ainda não estão totalmente integrados com a tecnologia breen, mas creio que podemos ficar no modo fantasma por mais seis horas, antes de superaquecermos, capitão.]

_Modo fantasma?

[Uma gíria do pessoal da engenharia, senhor.]

_Ok. Alkon desliga. Alguma coisa nos sensores, McCormick?

_Ainda não, senhor.

_Tenente Brixx?

_Nada nos sensores de longo alcance, senhor.

_Manter o alerta amarelo. Fazer varreduras de longo alcance a cada dez minutos. McCormick prepare uma sonda para detectar naves camufladas em nossa retaguarda. Quero, inclusive, análise de variância de neutrinos.

_Entendido, senhor. Vamos providenciar.

_Assim que a Fitzgerald aparecer me chame em meu gabinete. – Alkon se dirige para a sala contígua À ponte. Ao entrar aciona o sintetizador, materializando uma caneca de café forte sem açúcar.

_Tentando se manter em alerta máximo? – perguntou a doutora T´Vel ao entrar em seu gabinete em meio ao forte aroma de café.

_Olá doutora, bebe alguma coisa? – a vulcana recusa a oferta _Alguma novidade?

_Sarah...A comandante Okaido está bem. A retiramos de stasis esta manhã para começar o seu tratamento. Mas não conseguimos acabar com a infecção ainda. O doutor holográfico notou que seu sistema imunológico está respondendo ao nosso tratamento e ele prevê que a infecção poderá se estabilizar.

_Já é uma boa notícia. Sabe de uma coisa? Eu acho que ontem consegui fazer um contato mental. Na verdade foi ela que me contactou, mas foi apenas por um momento.

_Hummm...Interessante... Isto é um bom sinal. Vou monitorar com maior atenção suas ondas cerebrais. Talvez possamos trazê-la a um nível de consciência onde você possa tocar a sua mente mais uma vez e ajuda-la a expulsar os microrganismos invasores.

_Se isto for possível é só me avisar quando.

_Vou verificar e entrarei em contato.

_Você sabe onde me encontrar. – disse saudando-a com sua caneca de café erguida para o alto.

A doutora sai do gabinete e Alkon se volta para a escotilha para observar as estrelas. Algumas delas estavam ficando mais brilhantes e mais próximas. O alerta vermelho soou. Alkon largou sua caneca sobre a mesa e correu para a ponte. Brixx logo comunicou o que estava ocorrendo.

_Oito naves Jem´Haddar. Corrigindo...Nove naves de batalha Jem´Haddar. 

_Elas nos detectaram?

A Albedo é sacudida violentamente.

_Acho que temos a nossa resposta. – disse Alkon ao sentar-se em sua cadeira. – Parece que a nossa vantagem do dispositivo de camuflagem se foi. Como será que eles...

_Varreduras por feixe de anti-prótons. – informou McCormick.

_Ótimo. Vamos nos lembrar disso se houver uma próxima vez. Postos de batalha. Desligar camuflagem. Erguer escudos. Preparar armas! Sleek...manobras evasivas.

A Albedo é alvejada duas vezes e sacode violentamente.

_Escudos multifásicos a cem por cento. Nenhum dano ao casco! – gritou Brixx.

_Preparar uma salva de torpedos quânticos. Tiro disperso. Phasers à vontade. Escolha os alvos tenente.

_Sim senhor!

Duas naves de batalha são atingidas. Danos mínimos. A perseguição continuava. De um lado. Feixe de pólarons, do outro phasers tipo X. Era um espetáculo e tanto.

_Escudo de popa caiu para oitenta por cento. Integridade do casco normal. – informava o oficial tático boliano.

_Manobra Zeta Beta Alkon Omega. Continuar a devolver fogo. Lançar minas.

_Sim, senhor! – responderam, quase num coro, Brixx, Sleek e McCormick.

Uma nave de batalha Jem’Hadar fica avariada, o que não impede das outras continuarem a perseguição. Até que um fato novo ocorre.

_Naves de batalha diminuindo velocidade....Senhor...Caças Jem’Hadar sendo liberados. – Brixx parecia atônito.

_Quantos, senhor Brixx?

_Sessenta e quatro, senhor.

 Um silêncio  tomou conta da ponte de comando. Alkon não tinha como enfrentar uma situação daquela. Acionou o comunicador e entrou em contato com a engenharia.

_Naomi...Chegou a hora de testarmos a tecnologia de dobra breen. Nos dê a transdobra.

[Afirmativo, capitão. Segurem-se aí em cima!]

Neste momento Allison chega a ponte e rende Sleek que fica ao lado de McCormick esperando ajudar de alguma forma.

_Tenente Allison. Marque um curso seguro e pise fundo!

_Sim senhor. Curso marcado. Implementando dobra oito. Oito ponto dois. Oito ponto cinco. Oito ponto...

_Senhor....Estamos sendo contatados. – informa Brixx surpreso.

_Ponha somente o áudio.

[Federação, rendam-se e pouparemos suas vidas.]

_Responda com estática, alferes. – Alkon faz sinal para cortar a comunicação.

_... dobra nove. Nove ponto dois...ponto três... – falava Allison em alto e bom som.

_Tenente...Dispenso a contagem. Apenas nos coloque o mais longe possível deles, mas não atravesse a fenda.

_Sim, senhor.

_Brixx...Ainda estamos no alcance deles?

_Não senhor. Estranho...Eles pararam de nos seguir. Mudaram o curso. Estão indo para próximo da fenda espacial.

_Eles o quê? – Alkon vai até o posto tático para confirmar com seus olhos a informação. Então ele percebe que fora enganado. – Allison, abortar transdobra! Parada Total!

_Sim, senhor.

_Senhores...Considerações...

_Eles parecem não nos querer por perto. Vieram em maior número e poderiam  ter nos destruído, mas não o fizeram. Sem contar o pedido de rendição. Os Jem’Hadar não negociam. – McCormick também estava intrigado.

_Eles podem estar montando uma linha defensiva do outro lado da fenda. – diz Klag ao entrar na ponte mancando e usando uma bengala.

_O senhor não deveria estar repousando? – pergunta o capitão. O klingon faz uma cara de quem suplicava pelo direito de guerrear. Era algo cultural.

_Muito bem, senhor Klag. Continue. – autoriza Alkon.

_Qualquer nave vinda do quadrante alfa estaria ameaçada. Cargueiros ou ...

-..a Fitzgerald! Senhor Ferris, alguma maneira deles terem interceptado nossa mensagem para o almirante? – perguntou o capitão ao alferes que estava no posto de Zagar.

_Como não conhecemos bem sua tecnologia não há como dizer, capitão, mas em princípio não.

_A não ser..._especula Brixx.

_Que alguém os tenha informado também. – conclui McCormick.

_Ou eles já sabiam de todo o nosso plano desde o início. – diz Alkon dando vazão a paranóia.

_O certo é que, se a Fitzgerald aparecer entrará num confronto e é tudo que o Dominion quer. – diz Klag.

_Não podemos deixar o episódio da Odissey se repetir. Tenente Allison Reverter curso. Vamos voltar ao ponto de encontro.

_Senhor... Com todo o respeito..._Klag voltou a falar – Não poderemos ajudar muito contra aquela força inimiga. 

_Temos que tentar. Usaremos a Zênite, a Nadir e o caça Jem’Hadar que capturamos como apoio.

_Capitão... Corremos o risco de virar o estopim de uma guerra. Nossas ordens são... – alerta Brixx.

_Eles a começaram quando destruíram a Odissey, tenente._interrompe Alkon a fala do observador da missão com uma raiva na voz. – Perdi muitos amigos naquela nave. Já perdi gente demais. Se eles querem briga. Terão uma boa oportunidade para isso. Além do mais tenho um plano em mente.

_Adoro quando o senhor fica com este olhar. Começo a ficar com pena deles!

A Albedo volta a zona de batalha camuflada e as naves Jem’Hadar estavam posicionadas formando uma linha de defesa conforme Klag havia especulado.

Alkon designou Allison, Klag e Siro para pilotarem as naves de apoio. O bajoriano ficou surpreso quando Gilbert foi transmitir a ordem e liberá-lo do confinamento.

_O capitão deve estar desesperado, não?

_Estamos em uma situação em que seria uma burrice não aproveitar sua experiência em combate. Agora corra para o hangar. Temos pouco tempo. – disse Gilbert enquanto apressava o passo pelo corredor.

No hangar, Naomi e sua equipe estavam armando as naves com muito cuidado. Siro reconheceu as ogivas de bilitrium. O negócio era sério.

Alkon estava lá para dar as últimas instruções.

_Allison e McCormick irão na Zênite. Siro e Gilbert irão na Nadir. Vulpes e Klag irão no caça Jem´Haddar. As naves auxiliares deverão proteger o caça até ele atingir a distância de cem quilômetros da nave central da linha de defesa. Depois disso eles se transportarão para a nave mais próxima. O caça navegará por controle remoto até a detonação trinta segundos depôs. Será o tempo que vocês terão para se afastarem o máximo possível do epicentro da explosão. A Albedo tentará dar o suporte necessário o máximo de tempo possível. Boa sorte, senhores. Realmente tem sido um prazer servir com vocês. Vamos dar a eles um gostinho com quem estão se metendo! Pela Odissey!

_PELA ODISSEY! – respondem os oficiais com o que se tornou o grito de guerra do pessoal da Albedo. Menos Vulpes e Siro que não sabiam do que se tratava.

A batalha recomeça. A Albedo se descamufla, libera as naves, e é rapidamente alvejada. Três vezes. Mas não são tiros eficazes, pois, os escudos são rapidamente erguidos.

Alkon retorna a ponte. – Começaram a brincadeira sem mim? – brinca o capitão para aliviar a tensão sobre o perigo do momento.

_Escudos em setenta por cento. Estamos sendo alvejados por três naves. Integridade do casco mantida. – informava Brixx.

_Usar todos os bancos phasers em disrupção máxima! Sleek...Vamos passar a tropa em revista. – Alkon queria dizer passar com Albedo por todas as naves inimigas, atraindo o fogo delas, desviando a atenção das naves menores. Caças seguem a Albedo e abrem fogo.

A Albedo consegue destruir cinco deles. As naves de batalha não alteram suas posições.

Vulpes e Klag se misturam aos caças Jem´Haddares e, para não  serem descobertos como impostores, atiram em seus colegas. É claro, tendo o cuidado de errar sempre o alvo.

_O que eles estão fazendo? – reclama McCormick.

_Mantendo o disfarce. Não reclame. A pontaria deles é péssima. Se preocupe com os que realmente querem nos acertar. – diz Allison.

_Muito bem. Manobras evasivas Charlie-Tango-Delta. – ordena McCormick

_Implementando. – a Zênite faz uma curva para direita, desce e dá um looping. Fica entre dois caças e quando ia ser alvejado libera microtorpedos de ré, phasers na proa e sai para a esquerda. As naves inimigas são destruídas.

_Escapamos por pouco dessa. Temos mais dois vindo a boreste. Nove horas. – Informa Allison enquanto a nave é atingida duas vezes.

_Liberando minas.

Quando se distanciam, McCormick usa os phasers para detonar as minas. Um dos caças tenta se desviar, mas a explosão o faz rumar em direção ao outro caça, os dois colidem e explodem.

_É menos dois! Só faltam sessenta! – diz McCormick ironicamente.

_É isso que eu gosto em você. Bom humor nos piores momentos! – Allison deixa escapar um elogio que deixa McCormick sem jeito.“Ela disse que gosta de mim?” – pensou o oficial de ciências. 

_Veja. – diz Allison apontando para a tela do tático. Siro e Gilbert estão sendo perseguidos por três deles. Vamos ajudá-los.

_E quem nos ajuda?

_Cadê o seu otimismo? Já o perdeu?

_È difícil mantê-lo quando temos pelo menos vinte naves inimigas vindo em nossa direção.

_Uma coisa de cada vez. Vamos lá.

As duas naves auxiliares conseguem fugir das rajadas das naves inimigas como podem enquanto, no caça Jem’Hadar pilotado por Vulpes, Klag preparava o mecanismo de detonação da ogiva.

_Estaremos no alvo em dois minutos, senhor. – informou o tosk.

_Estou quase pronto. Mande o sinal para as naves se aproximarem de nós para efetuar o transporte.

O sinal foi recebido tanto na Zênite quanto na Nadir, mas eles estavam longe e com muitos problemas para resolver. Dezesseis caças estavam caçando-os impiedosamente.

_Klag está chamando. Temos que ir até ele. Escudos a quarenta por cento. Não iremos agüentar muito este fogo. – reclamou McCormick.

_Vamos fazer a volta e tentar uma aproximação. Olhe! A Nadir pegou mais três! – entusiasmava-se Allison.

_Ótimo. Faltam quantos agora? Quarenta? Trinta? – McCormick não estava muito animado.

_Deixe de ser negativo, Doug. Vamos enfrentá-los de cabeça erguida.

_É ...Enquanto ainda temos uma. Eu sou um homem de ciência, não um guerreiro. Gostaria de enfrentá-los de uma forma mais justa.

_Não há justiça em uma guerra, Doug. Nem vencedores. Somente sobreviventes. Aí vem mais três ao alcance das armas. Segure-se.

A Zênite fez um parafuso para fugir dos feixes de pólarons, mas acabou sendo atingida na nacele esquerda. Parecia que a batalha para eles havia chegado ao fim.

McCormick sentiu um arrepio correr a sua espinha. Estes poderiam ser seus últimos momentos e ele não havia revelado o que sentia por Allison. Quando tentou falar algo ela encostou dois dedos por sobre a sua boca, silenciando-o e, simplesmente o abraçou. McCormick, a princípio, ficou sem ação, mas depois correspondeu ao abraço e fechou os olhos, esperando virar poeira cósmica a qualquer instante.

A outra nave auxiliar, a Nadir, voava como um míssil desorientado o que dificultava a mira do inimigo. Siro parecia estar se divertindo.

_Vem, seus viciados entubados! Eh,Eh,Eh! Opa, lá foi mais um!

_Alferes Siro, não estamos propriamente num parque de diversões. – critica Gilbert a atitude de seu colega.

_Desculpe, colega. Eu gosto da adrenalina que a guerra proporciona.

_Escudos a sessenta por cento. O Jem´haddares são formas de vida projetadas para matar. Não possuem vontade própria. Não podemos culpá-los pelo que...

_ORA, ME POUPE GAROTO! Eles servem ao Dominion! Eles irão nos destruir! O meu mundo será o primeiro e depois poderá ser o seu. Eu já tive uma vida inteira arrancada pó alienígenas invasores. Não vou deixar que isso aconteça de novo!

Gilbert se calou. Compreendia a revolta de Siro apesar de não concordar em sentir prazer em matar.

_Veja ! A Zênite está em apuros. Lançar os microtorpedos. Fator dispersão. AGORA! – ordenou Siro.

Gilbert obedeceu. Embora Siro fosse novo na nave, tinha quase o dobro de sua idade e experiência.

Duas naves foram atingidas. Mas uma ainda mantinha rota de colisão. Quando ela fez a uma aproximação maior e estava para dar o golpe de misericórdia, a Zênite revidou com toda energia dos phasers em carga máxima. A explosão da nave deslocou a Zênite pelo espaço.

_É isso. Desviei energia do suporte de vida para este último tiro. Estamos sem armas, sem dobra. Somente impulso. Suporte de vida para mais meia hora. – disse McCormick. Ele tinha que se dar uma nova oportunidade e iria tentar de tudo para tê-la.

_Atenção Nadir. Obrigado pela ajuda, mas agora terá que ser com vocês. Estamos fora do jogo. – informava Allison, feliz, de certa forma, pelo rádio. Depois que desligou as comunicações deu um grande beijo na boca de McCormick. Parecia que seu último gesto havia valido a pena. Ele estava pronto para morrer.

[Afirmativo. Que os profetas os protejam!] _o casal não ouviu muito bem esta benção.

A batalha estava difícil. Os caças restantes perseguiam a Albedo. Eram agora quarenta e dois. Cinco deles ainda estavam dando atenção especial à Nadir. Faltava trinta segundos para conseguirem teleportar Klag e Vulpes e para isso teriam que abaixar os escudos e evitar de serem alvejados no processo.

A Albedo fez uma volta e veio em socorro destruindo os caças que perseguiam a Nadir. Mas neste momento, algo não previsto ocorreu. As naves de batalha se reposicionaram e atiraram, todas ao mesmo tempo e no mesmo alvo: a Albedo.

O super-raio de pólarons concentrado atravessou o casco próximo ao disco principal. As explosões pelos decks causaram inúmeros incêndios. Todos os sistemas caíram. A nave girou em torno de si, dando umas três cambalhotas no espaço até ficar à deriva.

O pessoal da Nadir e do falso caça ficaram chocados com o que viram. Relaxaram na segurança e foram atingidos algumas vezes.

  Sob as luzes de emergência, Alkon se ergue do chão com um corte profundo na testa cujo sangue que escorria impedia a sua visão do olho esquerdo. Limpou o sangue com a manga da camisa e, em meio a fumaça, gritou:

_Relatório? Relatório de danos? – ninguém respondeu.

Brixx, Zagar e Sleek estavam inconscientes. Ele mesmo se dirigiu ao console tático para verificar as condições da nave. Elas não eram nada boas. A missão estava severamente comprometida. Ele teria que tirar um ás da manga se quisesse ver as estrelas do quadrante alfa novamente.

Texto por: Marcos De Chiara.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 20.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XX

USS Albedo – No dia seguinte...
SST: 7:45 am
Auditório

O capitão Alkon apareceu para a instrução só depois que todos os membros do grupo avançado já estavam sentados.

_Bom dia. Estamos aqui para avaliação da missão e concluir o relatório que será entregue ao almirante Petersen. Gostaria de ouvir o tenente Klag.

_Observei alguns erros em nossa abordagem. Não conhecíamos bem o terreno, o inimigo e o local que iríamos invadir. Agimos na maior parte do tempo no escuro e no improviso. Sugiro avaliar melhor o nosso alvo antes de enviarmos uma equipe em uma outra missão.

_Anotado. Tenente Saint-John? – diz Alkon dando a palavra para outro oficial.

_As naves auxiliares se portaram muito bem e a camuflagem holográfica foi muito útil. A Azimute deverá estar totalmente funcional em dois dias.

_Devemos agradecer a equipe da nossa engenheira-chefe. Os emissores holográficos foram realmente uma ótima idéia. – anotou Alkon. Naomi ergueu o braço agradecendo o cumprimento em nome de sua equipe.

_Os trajes de isolamento deram uma boa vantagem na incursão, apesar de que, da próxima vez eles já estarão preparados. Sensores termográficos ou qualquer coisa que caia sobre os nossos trajes nos denunciam. Diria que eles não são mais uma opção. – reportou o alferes Gilbert.

_Creio que conseguimos os nossos objetivos. Temos as imagens da fábrica, amostras da enzima, da forma de produção e sintetização. Sem contar que danificamos sua produção, roubamos uma de suas naves e detivemos dois prisioneiros. Sem contar a informação da presença amistosa de cardassianos em espaço do dominion. Acho que a seção 31 vai gostar de saber disso. – disse Klag.

_E temos também isso. – Siro coloca uma pedra amarela esbranquiçada sobre a mesa.

_O que é isso? – perguntou Gilbert.

_KW bruto. Peguei no laboratório deles quando não estavam olhando. Acho que o pessoal do departamento de bioquímica vai gostar de analisar isso. Parece ser alguma secreção produzida por fungos ou bactérias em rochas de clima bem frio. Deste composto eles sintetizam a droga.

_Muito bem, alferes. Mandaremos isso para análise o quanto antes. Com isso cumprimos os nossos objetivos. A missão foi um sucesso, apesar dos percalços. – concluiu o capitão.

_Contratempos fazem parte do serviço. Fizemos um pouco de barulho, mas o que vale é que superamos os obstáculos. – comenta Allison.

_Isso só foi possível porque agimos como uma equipe, algo que o alferes Siro custou a entender e quase prejudicou toda a missão no início quando decidiu agir por conta própria. Espero que isto não se repita. Apesar de ter demonstrado valor em batalha, sofrerá uma punição. Continuará confinado ao alojamento até o nosso retorno à base 375.

-É justo. Eu  mereço... –concorda o alferes.

_Tenente Brixx, como observador da missão, gostaria de ouvir seus comentários.

_Bom...Achei o local com muito pouca segurança. Poderia ser para despistar, mas também poderia ser uma armadilha. Como poucas naves vieram ao nosso encalço, devemos presumir que as forças Jem’Hadar estão espalhadas pelo quadrante e que, para reunirem uma grande força levará tempo. Isto poderia ser uma vantagem se quisermos elaborar um ataque contra eles.

_Mas não é o que queremos, não é? – provoca Alkon.

_Não senhor. Pelo menos não neste momento. Acredito que nosso próximo encontro com eles não será tão fácil assim.

_Tenente-comandante Silva... – pede Alkon o comentário da engenheira-chefe.

_A nave agüentou bem o batismo. Os escudos multifásicos nem foram arranhados, devido a tática de cautela que adotamos. As naves auxiliares responderam a contento. Continuamos ainda com o problema para manter a nossa camuflagem. A tecnologia Breen é de difícil calibração. A energia direcionada as armas força um pouco os sistemas da nave que demoram cinco ponto seis segundos para ficarem totalmente operacionais, causando um decréscimo de dois por cento nas força destinada aos escudos. Tais problemas teremos que resolver quando voltarmos à base.

_Tenho certeza que resolveremos. Doutora T´Vel... Relatório médico.

_Nesta missão tivemos cinco feridos. Dois já estão aptos ao serviço, os alferes Vulpes e Siro. Recomendo repouso de pelo menos cinco dias ao tenente Klag até que sua perna se recupere totalmente. Quanto a comandante...Ela ainda está em stasis e o HME continua procurando uma cura para a sua condição. Suspeitamos de uma bactéria que, possivelmente, estava nas correntes que a amarrou. A mesma bactéria foi encontrada nos tecidos de Vulpes, Siro e Klag, mas seus sistemas imunológicos são mais resistentes que o humano. Estamos pesquisando uma enzima compatível que possa inibir a ação da toxina da bactéria a partir do soro dos três tipos sanguíneos. O que parece mais compatível é o bajoriano, por sua similaridade com a fisiologia humana. Creio que não demorará muito para acharmos uma cura. 

_Você disse cinco feridos, quem é o quinto? – perguntou o capitão.

_O senhor. – respondeu a médica vulcana.

_Eu? Meu ombro dói um pouco, mas não creio que isso me torne inapto ao serviço...

_Não me refiro ao ombro e sim à sua mente. O senhor voltou a usar dopaminalamina, por quê?

O capitão é pego de surpresa. Nem todos sabiam de suas habilidades psicocinéticas.

_Prefiro responder sobre isto mais tarde. Como você soube? – esquiva-se Alkon.

_Toda a sintetização de medicamentos me é informada. Sintetizar medicamentos fora da área médica é proibido. O único que pode anular a minha autorização é o senhor. Acho que esta é uma boa hora para falar sobre isso. Somos uma equipe, não? E somos amigos. Não há nada para se envergonhar ou temer.

_Eu...Para quem ainda não sabe...Possuo certas habilidades que parecem não ter adiantado muito nesta missão. Não posso contar com algo com o qual não tenho total controle.

_O senhor só terá controle total quando adquirir confiança em sua capacidade. – diagnosticou T´Vel.

_Eu quase perdi bons oficiais nesta missão. Eu achei que podia prever tudo e, no caso de alguma eventualidade, socorrê-los.

_Mas o senhor fez isso, capitão. Eu vi quando o senhor jogou aqueles soldados Jem´Haddares contra a parede e ergueu o administrador no ar só com sua mente. Foi um belo espetáculo. Não deve subestimar o seu potencial. – comentou Siro.

_Não se trata de dar espetáculo, alferes, e sim de salvar vidas! – respondeu o capitão elevando a voz.

_Capitão...O que aconteceu coma a comandante...O senhor não pode se culpar. – disse Allison chegando ao cerne da questão.

_Eu sei. Agradeço as palavras de apoio, mas querendo ou não, eu sou responsável pela vida de todos vocês. Acreditem...Não é algo confortável. Quero dizer...Eu gosto do comando, mas, talvez pela minha fisiologia betazóide, sinto a patente pesar mais do que eu posso suportar. Não é o que vocês esperam que um capitão diga, mas é verdade. Talvez a doutora esteja certa. Talvez eu deva ser afastado comando. – Alkon, que estava de pé durante a reunião, sentou-se em um dos degraus do auditório, e ficou cabisbaixo. A doutora se levantou e foi até ele. Tocou em seu ombro e disse:

_Estamos todos sob muita pressão e você mais do que todos. Sugiro que descanse. Use seu programa favorito de holodeck. Todos aqui confiam em você e no seu comando. E o que passe entre nós é resolvido por nós. Não é mesmo pessoal?

_Sim, senhora. – disseram McCormick ,Allison e Zagar.

_Correto. – concordaram Siro e Klag.

_Cem por cento. – disse Naomi.

_Sim, madame. – disse o respeitoso Gilbert.

Vulpes e Brixx demoraram a responder, mas concordaram também com a médica meneando a cabeça para frente.

Alkon sorri com lágrimas nos olhos. Seu momento de fraqueza, afinal, não foi considerado pelos seus camaradas, como tal.

_Bom...Tenho que finalizar esta reunião. – Alkon se levantou e ajeitou sua túnica antes de continuar a falar: _O senhor Klag fica de licença e o senhor Brixx assume o posto tático até seu pronto restabelecimento. O alferes Gilbert e ..._Alkon se utiliza de uma rápida leitura em um pad que tinha à mão. – o alferes DeMornay completaram a escala de serviço. Quero fazer uma menção honrosa ao cadete Vulpes e promovê-lo a alferes por mérito em ação no campo de batalha. – O capitão se dirige ao Tosk e coloca um botão na gola de seu uniforme.

Todos felicitam o tosk, que, meio sem jeito, esboça um sorriso.

_Dispensados. – ordena o capitão. Os oficiais vão saindo um a um até o capitão ficar sozinho com seus medos e culpas. Só sentia um pouco reconfortado quando via o corpo de Sarah pela janela da câmara de stasis da enfermaria. Às vezes ficava ali por uma hora ou mais, tentando alcançar a mente dela, mas sem sucesso. Até o HME se comovia com o seu gesto.

_Não creio estar sendo muito saudável para o seu sistema límbico continuar a forçar a sua mente deste jeito. Quando obtivermos algum progresso garanto que o senhor será o primeiro a ser informado.

_O senhor foi programado para amar, doutor?

_Amor? Conheço o sentimento por descrição em meu banco de dados. Sou capaz de simular quase todas as emoções humanas, todavia não possuo muita experiência neste ramo, uma vez que só fui ativado há apenas trinta e seis horas, quarenta e dois minutos e oito segundos.

_Então me deixe ficar aqui mais um pouco, está bem?

_Como desejar, capitão. – o HME se afasta.

Alkon ficou em pé olhando para o rosto sereno de Sarah por mais uma hora e depois foi para a sua cabine. Tomou um banho e bebeu um cálice de vinho Gamzain, uma bebida que experimentou em sua estadia, no ano passado na estação DS9.

De repente pareceu ouvir algo em meio ao silêncio. Uma voz que conhecia muito bem. Era suave e dizia: “Imzadi...”

Era a voz de Sarah.

Procurou por ela em seu quarto, mas certamente ela não estava lá. Talvez fosse um sinal de que poderia alcançar a sua mente. Tentou se concentrar, mas não conseguiu mais ouvi-la. Olhou para o frasco de hipospray sobre a sua cabeceira, pegou-o e jogou-o contra a parede num ato de fúria.

Texto por: Marcos De Chiara.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 19.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XIX

Tulel´Tulen era o comandante da nave de batalha Jem´Haddar. Ele havia sido projetado, desde antes de nascer, para ser o guerreiro perfeito e morrer, se ncessário fosse, arrastando o máximo de inimigos que pudesse com ele. Antes de sai do planetóide fez seu juramento junto com os seus comandados. “Sou o primeiro, Tulel´tulen, e eu estou morto. A partir de agora todos nós estamos mortos. Vamos lutar para reaver as nossas vidas. O que fazemos alegremente porque somos Jem´Haddares. Lembrem: Vitória é vida!”

Nada lhe daria mais prazer do que acabar com aquele pessoal da Federação. Nunca antes tinha sido ultrajado por alguém. Nunca nenhum prisioneiro seu havia conseguido escapar. A segurança da fábrica de enzimas isogênicas KW fora quebrada sob o seu comando. Duas vezes. Era muita humilhação. Agora uma pequena nave tentava  zombar da força dos Jem´Haddares. Ele iria pulverizá-la. Ora se ia. Mas o inimigo era esperto. Parecia agir como um louco. Não havia como prever suas ações. Quem quer que fosse o piloto daquela nave, era um guerreiro experiente e seria muito honroso destruí-lo. A nave maior poderia ter escapado, mas esta não era páreo para a sua. Ordenou o lançamento de mais três caças. Iria diminuir mais ainda as chances do inimigo.

Siro Lian. Um ex-terrorista bajoriano que lutou para libertar seu povo do jugo dos cardassianos. Depois continuou lutando pela independência das colônias que ficaram sobre o domínio cardassiano sob força de um tratado de paz. Ele se tornou um Maqui. Depois de muitas operações viu que nem sempre os meios justificam um fim. Ele jamais se envolvera com ações que provocassem a morte de civis. Até que, quando isso aconteceu, ele se deixou capturar para fugir daquela vida. A imagem de uma garotinha cardassiana morta ainda assombrava os seus sonhos. Agora estava servindo à Federação em busca de perdão. Mas o único que poderá concedê-lo era ele mesmo. Agora ele sabia disso. Todavia não iria fugir do seu pacto de honra. A Albedo havia conseguido fugir e com isso ele pôde ter salvado várias vidas e faria de tudo para que aquelas naves não a seguissem. Agora eram nove contra um. Seria uma brincadeira interessante. Estava tentando se lembrar de todas as batalhas espaciais que lutara antes e de todos os ardis que usara.

_Ok...Estão gostando da brincadeira? Opa...Muito bem. – dizia cada vez que conseguia se desviar de uma rajada das naves inimigas, voando em zigue-zague. _Vulpes...Acione os projetores holográficos.

A Zênite se transforma em um caça Jem´Haddar. Agora eles teriam que adivinhar quem era o inimigo. Siro esperava que eles só fizessem isso quando fosse tarde demais. Dois caças atiraram em um terceiro e o destruíram. Mas não era a Zênite. Siro rumou na direção da nave-mãe e forçou os caças a atirarem contra ela na perseguição.

_O que estes soldados estão fazendo? Devolvam o fogo! – gritava Tulel com seu armeiro.

Dois caças a mais foram destruídos. Siro ria tanto que assustava Vulpes com sua loucura.

-Hurrá! Só faltam seis. Mire naquele que está a nove horas. Disparar microtorpedos. Fogo!

Um caça Jem’Hadar explodiu em uma luz cegante.

_É isso aí lagartões!

Vulpes grunhiu em objeção ao adjetivo.

_Desculpe, Tosk, é a força do hábito. Sem ofensas. Eles não contavam com essa, não é mesmo?Ah,ah,ah!

_É Vulpes. Cadete Vulpes.

-Tá. Vou procurar me lembrar.

...

Na nave mãe Tulel´tulan estava confuso. Onde fora parar a nave da Federação? Na dúvida resolveu abater todos os caças. A Zênite resolve fugir do fogo pesado indo para o ventre da nave-mãe e igualando sua velocidade à dela.

Quatro caças são logo destruídos. Faltavam dois. Cada um deles resolve seguir a Zênite e a aborda pelos dois lados. Se  livrasse de um o outro, na certa, o pegava. Siro e Vulpes estavam encurralados.  Neste derradeiro momento. A Albedo se descamufla como se aparecesse do nada, como um passe de mágica. Atira em uma dos caças deixando o outro para a Zênite.

Tulel e sua tripulação estavam atônitos e não tiveram tempo de reagir.

A Albedo disparou uma salva de vinte torpedos , dez fotônicos, dez quânticos, mais os canhões isomagnéticos e phasers em carga máxima à queima roupa.

_Esta é pela Odissey! – disse Alkon antes de ordenar fogo. Em poucos segundos a batalha chegava ao fim e só restava pequenas fagulhas, que, por causa do vácuo, logo deixariam de existir. Os escudos da Albedo protegeram a nave da explosão.

_Senhor, a Zênite foi atingida pela explosão. Ela está à deriva. – informou McCormick.

_Vamos pegá-los. Acione o raio trator e conduza-a até o hangar. Como eles estão?

_Inconscientes. Sinais vitais fracos. – respondeu o oficial de ciências.

_Avise a enfermaria.  Transporte-os para lá se houver necessidade. Condições da nave?

_Todos os sistemas on-line. Para a nossa primeira batalha diria que nossa atuação foi perfeita. Eles nem souberam direito o que os atingiu. – disse Brixx demonstrando certo orgulho.

_Algum sinal de outras naves Jem´Haddares no perímetro? – perguntou Alkon preocupado.

_Não, senhor. Está tudo limpo e calmo. – informou mais uma vez o oficial do tático.

_Ótimo. Tenente Saint-John...Rume para o nosso ponto de encontro. Dobra seis. Vou até a enfermaria. Tenente McCormick...Tenha a bondade..._diz Alkon ordenando que o oficial científico assumisse a ponte mais uma vez. McCormick ergue os olhos em uma prece para que os anjos o protegessem mais uma vez.


...


Na enfermaria T´Vel zelava pela comandante próximo à sua cama. O capitão Alkon assim que adentra o recinto pergunta por sua amada:

_Como ela está reagindo?

_Ela é uma lutadora. Vai sobreviver.

_Foi muito sério?

_Perfuração no baço, intestino delgado e rim direito. Estou trabalhando na clonagem destes órgãos. Devo substituí-los amanhã. Ela está recebendo sangue artificial e imunoglobulinas sintéticas. Estou fazendo análises de radiação da lança laser que foi usada nela pra ver se não houve danos aos tecidos periféricos. Precisamos ter certeza que não irá surgir tumores futuros ou gerar esterilidade.

_Faça tudo o que puder por ela, T´Vel. Você sabe o quanto ela significa para mim.

_A tratarei com a mesma eficácia que destinaria para qualquer tripulante, capitão. Por falar nisso, o senhor não perguntou pelos outros. – T´Vel  se referia ao bajoriano e o Tosk deitados ao lado e sendo tratados pela doutora Nepatshanu.

_Eu sei que eles estão sendo bem tratados. – sorri meio constrangido.

De repente os sinais vitais da comandante começam a cair.

_O que está acontecendo? – pergunta Alkon assustado.

_Não sei. – T´Vel aciona o scanner médico sobre a cama. – É uma infecção por algum patógeno  que não foi detectado antes. Está gerando uma septicemia . Causando falência múltipla dos órgãos. Ela está entrando em choque. Indira me dê 2 cc de delactovina  

Mas a comandante parece não reagir e as convulsões continuam. Alkon fica descontrolado.

_Ela está morrendo. Faça alguma coisa!

_Eu estou fazendo, capitão! Se o senhor quiser ajudar deveria controlar sua histeria e usar o elo mental que mantém com ela para fortalecer a vontade dela de viver!

Alkon procura se controlar e alcançar a mente de Sarah.

_Indira me dê 5 cc de synaptizina . – ordena a médica-chefe.

A mente de Alkon vê um branco sem fim até que, em meio a brumas, estava Sarah. Sozinha e desorientada. Ele chamou por ela:

“Sarah!”

“Quem está aí? Quem é você?”

“Sou eu, Dorian!”

“Dorian! Eu não o vejo! Onde você está?”

“Aqui! Siga a minha voz!”

“Continue falando. Eu ainda não o vejo.”

“Continue andando nesta direção”

“Dorian...Eu estou com medo...Aqui está tão frio...”

“Não tenha medo. Eu estou aqui para te proteger”.– Alkon podia vê-la caminhar em sua direção com os braços esticados. Quando estava preste a abraçá-la, sua imagem se desvaneceu em meio a um sorriso. O elo mental fora rompido. Alkon sai do transe de uma forma súbita.

_O que houve? – perguntou com grande dificuldade. Estava exausto.

_Tive que colocá-la em stasis. Paralisei seu metabolismo até identificar o que causou a infecção.

_Eu quase a toquei...Por um momento pareceu-me que a tinha perdido para sempre.

_Desculpe ter rompido o seu elo mental de forma tão abrupta, mas precisava agir rápido para salvá-la.

_Se isso a salvar, está perdoada. Quanto tempo ela deverá ficar em stasis?

_Não posso precisar no momento. Preciso isolar o agente causador da infecção. Poderei levar horas, dias, semanas...

_Sua equipe é reduzida e tem outros feridos para cuidar. Acho melhor a senhora ter uma ajuda extra.

_O senhor não está dizendo...

_Sim. Computador...Acionar programa holográfico médico.

Uma cópia holográfica do doutor Lewis Zimmerman, o criador do programa, se materializa no meio da enfermaria.

_Por favor informar a natureza da emergência médica.

Os três oficiais ficaram olhando para o doutor holográfico sem nada dizerem.

_Já que não se manifestam posso dizer que temos um paciente em stasis que já foi devidamente tratado, um bajoriano com escoriações leves e um...Tosk inconsciente. Nada que um pouco de codrazina  não possa curar. E o senhor..._diz voltando para o capitão. – O senhor está com o ombro direito deslocado, sabia? Mas podemos cuidar disso rapidinho. – o médico holográfico, num gesto rápido e imprevisível, coloca o ombro do capitão no lugar.

_AAII! – grita o capitão.

_Ótimo! Estão todos tratados. Se não há mais ninguém que necessite de meus serviços, sugiro desativar o programa. – o médico holográfico fica sorrindo enquanto os médicos reais e o capitão ficam espantados com sua performance.

Texto por: Marcos De Chiara.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 18.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XVIII

[Elik!] _a imagem de Dorth, o Vorta, seu superior, aparece na tela  do centro de operações do laboratório.

_Senhor? – Elik engasga – O que o senhor quer? Digo...Estou ouvindo.

[Escutei que está com alguma dificuldade em manter a produção de White nos limites acertados.]

Elik olha para seus assistentes procurando o dedo-duro. Eles, temerosos, balançam a cabeça negativamente tentando se eximirem de qualquer culpa.

_Não, senhor. Tivemos alguns problemas, mas agora já está tudo sob controle.

[Esses problemas não teriam nada a ver com a ação de terroristas do quadrante alfa, teria?]

_Terroristas? Oh, não. Como o senhor ficou sabendo disso? Quero dizer...O que levou o senhor a pensar numa coisa dessas? – “De certo algum transmorfo estava infiltrado na base sem que ele soubesse. Só assim os Vorta podiam saber de tudo.” – pensou Elik.

[Elik...Elik...Ninguém esconde nada de mim. Seja sincero...O que está havendo aí?]

_Bom...um ..pequeno grupo tentou sabotar a produção, mas os detivemos antes disso. – o karemma resolveu admitir logo a situação antes que as coisas se complicassem para o seu lado.

[Onde eles estão? Você os capturou? Quem eram eles? Cardassianos?]

-Bom...senhor...na verdade....

[Eles fugiram? Como?] _Dorth estava visivelmente irritado e isto não era bom.

_Eles possuíam alguma arma secreta...Um dispositivo que lhes permitiam ficar invisíveis e...

[Invisíveis?]-Dorth estava incrédulo.

_Sim, senhor. Estamos vasculhando tudo num raio de um ano-luz. Mais cedo ou mais tarde eles serão encontrados. Eu garanto.

[Assim espero. No momento estou ocupado com outros assuntos, mas aguardarei um relatório completo seu em uma hora ou então enviarei minha querida esposa com reforços e, é claro, um novo administrador.]

-Obrigado pela confiança. Eles não escaparão. Eu pro..._antes de Elik terminar a frase a imagem de Dorth desaparece da tela. Elik respira aliviado.

-Aquela carniceira não vai ter o gosto de provar o meu sangue. Quero um pente fino neste planetóide. Sajmar mande uma comunicação para Tulel intensificar as buscas no espaço e em terra. Zaldro...Prepare uma nave de fuga. Só por precaução.

Alguns quilômetros dali...

_Algum sucesso com as comunicações? – perguntou Alkon assim que retirou o capacete quando retornou para o interior da nave auxiliar.

_Não sei ao certo... Talvez tenha que substituir alguns chips isolineares. Isso se conseguir, é claro, reativar o sintetizador. Como estão as coisas lá fora?

_A nacele direita está comprometida. Mesmo que a façamos funcionar de novo, será difícil decolar com apenas uma nacele. Além disso, a nevasca parece que não vai dar trégua por um bom tempo. O que mais podemos esperar? – mal Alkon acaba de falar e a nave começa a balançar. O terreno no qual se encontrava estava cedendo.

_Acho melhor sentarem e se segurarem firmes. – gritou Siro enquanto consultava informações no painel._Estamos sobre uma fenda. A neve embaixo de nós está cedendo. Temos que decolar senão seremos soterrados. – Siro religou os motores, mas a nacele direita ainda não respondia._Vou tentar uma ascensão inclinada e corrigir com manobradores.

Alkon senta-se do lado de Siro ainda com o traje espacial e comenta:

_O ângulo de ascensão nos levará direto para aquele paredão – disse enquanto olhava para um mapa topográfico que calculava a trajetória da decolagem.

_Capitão...Já enfrentei problemas semelhantes antes. Creio que sei o que estou fazendo.

_Você realmente não se dá por vencido, não é? Nem que as evidências provem o contrário? Veja! Esta rota de navegação é um suicídio! – Alkon aponta para a tela ao seu lado.

Siro Lian fica fitando o capitão por alguns segundos e desliga os motores.

_Capitão...Nós temos que avaliar bem as nossas chances. Eu vejo quatro opções para a nossa situação. Primeiro: Os Jem´ Haddar nos encontram e nós já éramos. Segunda: Vamos cair direto em um precipício e morrermos soterrados por neve e rochas. Terceiro: O terreno pode se acomodar, nossos sistemas de suporte de vida não vão durar muito e morreremos de frio; e por último, que é a minha preferida, investimos contra aquele paredão e, com uma pequena margem, passamos por ele e saímos daqui. Mas o senhor, é o capitão. O que o senhor escolher estará bom para mim.

Alkon odiava que medissem força com ele. Principalmente um subordinado. Siro era atrevido. O que era o espírito de todo maqui. Entretanto havia uma possibilidade dele estar certo.

A nave balançou mais uma vez. Vulpes olhava fixamente para os dois como que ansioso para ver o desfecho daquele embate.

_Muito bem, alferes. Vamos tentar do seu jeito. – Alkon cedeu. Ele sabia que seria burrice não tentar uma chance, ainda que remota.

_Obrigado. – Siro religa os sistemas. – Segurem-se. Não vai ser uma viagem de cruzeiro.

A Azimute chacoalha bastante antes de alçar vôo. O terreno abaixo deles se parte, deixando uma fissura de grande profundidade que poderia ser seus túmulos.

_Inclinação de vinte e cinco graus! Tentando corrigir!_grita Siro irritando os ouvidos de Alkon.

_Ainda estamos indo de encontro ao paredão. – alerta Vulpes ao olhar para tela de navegação.

_Eu sei. Eu sei. Inclinação de vinte e oito graus. – diz Alkon enquanto decidia tentar algo que não haviam planejado antes. Usar a sua telecinese para inclinar a nave o suficiente para poderem vencer a altura do paredão. Nunca havia tentado isto antes, mas estava em uma situação de vida ou morte. Era um excelente momento de tentar. Motivação era o que não faltava.

_Inclinação a..trinta e oito graus e aumentando? – Siro ficou surpreso com a mudança repentina da sorte.

_Impacto em vinte segundos. – informou Vulpes ao olhar os sensores de proximidade.

_Inclinação a quarenta graus...Pelos Profetas, não vamos conseguir! – Siro não acreditava mais na sorte nem na escolha que fizera.

No momento fatal a nave balançou forte, mas todos continuaram inteiros. Alkon saiu de seu transe. Tinha convicção de que não fora sua força mental que livrou a todos de uma morte certa, pois nunca havia movido algo tão grande antes e em condições tão adversas. Então o que acontecera?

[Azimute...Aqui é...rrrrssss....A USS Albedo...rrrrsssss...Querem carona pra casa?]

A voz era do tenente McCormick, não era bonita, mas parecia uma linda música aos ouvidos de todos.

_Será um prazer, tenente. Lembre-me de pagar uma rodada para todos mais tarde. – brincou o capitão.

[Não esquecerei, capitão.]

Um raio trator capturou a Azimute antes que ela batesse. Contudo o salvamento teve um preço. A Albedo tinha desligado a camuflagem e religado todos os sistemas da nave. Não só estavam de novo visíveis, como haviam dado a oportunidade para os Jem’Hadar de detectá-los. Uma esquadrilha veio ao encalço deles.

_Quatro caças vindo em nossa direção. Contato em um minuto e vinte oito segundos.-informou Brixx.

_Parece que vamos ver o quanto este novo motor é capaz. Acho melhor você ir lá para baixo, engenheira-chefe. Sleek..Assuma o lugar da tenente. – a troca de posto foi efetuada e Naomi correu até o turboelevador em direção à engenharia.

_O capitão e os demais já estão à bordo, senhor. – o boliano Brixx era eficaz em seus informes.

_Ótimo. Esta cadeira já estava me incomodando. Camuflagem?

_Operacional em cinco minutos. – informou Gilbert.

_Droga. Alerta vermelho. Erguer escudos. Preparar armas.

...

No hangar, ainda dentro da Azimute, assim que Alkon retira seu traje espacial, resolve dar novas ordens a Siro e Vulpes. Só então se lembra que o bajoriano também estava ferido ao ver os seus pulsos cortados.

_Você acha que agüenta mais uma missão?

_Se isto diminuir minha pena...Desculpe, não resisti. Estou às ordens, capitão.

_Quero você e Vulpes na Zênite. Vamos precisar de alguma distração.

_O senhor vai me deixar sozinho em uma nave?

-Você me pediu confiança. Estou disposto a te dar uma chance. O que me diz?

-Bom...Está bem. Afinal sou só eu contra quatro naves Jem´Haddar. Já fugi deles uma vez. Posso fazer de novo. Vamos lagartão. Você ouviu o capitão, vamos brigar mais um pouquinho.

-È VULPES! – reclama o Tosk antes de seguir o bajoriano. Os três saem da nave, mas Alkon segue na direção do turbo elevador, sentindo muita dor em seu ombro esquerdo. Apesar disso se preocupava mais com outra pessoa. De dentro do elevador se comunica com a enfermaria.

_Dra. T´Vel...Alkon...Como ela está?

[É bom ouvi-lo novamente, capitão. Necessita de ajuda médica?]

_Como Sarah está?

[Estável, mas a deixei em coma induzido. Ela sofreu severos traumas, mas creio que sobreviverá. Mandarei o meu relatório mais tarde, mas gostaria de vê-lo antes disso.] _respondeu a doutora.

_Obrigado.

[Não há o que agradecer, capitão. Apenas cumpri com a minha função.]

_Mesmo assim obrigado. Alkon desliga.

A porta do turboelevador se abre e revela a ponte de comando que ele achou que não veria. Não nesta vida.

-Capitão na ponte!-informava Brixx, conforme o protocolo.

_Devolvendo o comando, senhor! – disse McCormick em posição de sentido.

_Comando aceito. Qual a situação? – A própria Albedo responde ao ser sacudida pelos tiros das naves inimigas.

_Escudos em noventa por cento e agüentando.

_Devolver fogo. Mirem em seus motores. – ordena Alkon.

_Devolvendo fogo. Um caça foi incapacitado. Faltam três. – informou Brixx.

_Manobras evasivas, srta Saint-Jonh. Victor-Delta-Tango.

A Albedo navega em parafuso se desviando dos raios emitidos pelas naves inimigas.

_Liberar minas. Quatro cargas em intervalos de dois segundos.

Uma série de vinte microbombas são lançadas ao espaço pela popa da nave. Elas possuíam sensores de proximidade que detonam quando o alvo chega a uma distância de quinhentos metros. Lançadas a uma velocidade que não possibilite uma manobra de fuga, o inimigo sempre acaba sendo alvejado por algumas. Desta vez não foi diferente.

-Caças destruídos, senhor. – a pequena comemoração na ponte é interrompida pelo novo informe de Brixx. – Mais seis caças aparecendo nos sensores. E uma nave de batalha.

_Tenente Saint-John, marque o curso para 431 marco 2.

_Curso traçado e implementado, senhor.

_Naves a seiscentos quilômetros. Mudaram a formação. Três se dirigem a boreste e os outros três a bombordo. Nave de batalha permanece à nossa popa. Tempo estimado para contato....quarenta segundos.

-Zênite, ouviu isso?

[Alto e claro, senhor!]

_Vocês pegam os da direita e nós os da esquerda. Liberar baia  de lançamento.

_Zênite liberada, senhor._informou Brixx.

A nave auxiliar atraiu o fogo dos caças. De todos eles. Siro fazia manobras erráticas que não constavam do plano inicial.

_O que ele está fazendo? – perguntava McCormick.

Alkon, porém, não se surpreendeu. O bajoriano nunca obedecia direito a uma ordem direta. Na verdade, se sobrevivesse, iria agradecê-lo. Ele estava deixando o caminho livre para a fuga da Albedo.

_Preparar para velocidade de dobra nove ponto dois, tenente.

_E quanto a Zênite? –McCormick estava preocupado com os seus camaradas.

_Não se preocupe, número dois. Piloto...Acionar!

A Albedo sumiu na vastidão negra do espaço.

Texto por: Marcos De Chiara.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

FB 1 - Mudando as Regras - 17.


FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Mudando as Regras – Parte I
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma
Por Marcos De Chiara

Capítulo XVII

Alkon correu mais do que na sua época de colegial ou de treinamento na academia. Chegou ao sopé da montanha quase sem ar.

[O senhor está bem, capitão?] _perguntou Siro preocupado.

[Acho que gastei todo o meu suprimento de oxigênio]_responde arfando.

[Não foi fácil correr neste relevo acidentado com neve de trinta centímetros, mas acho temos uma boa dianteira.] _confirma Siro olhando seu scanner em seu rifle.

[Graças ao nosso pessoal! Espero que eles também tenham conseguido!] _comentou Alkon.

Vulpes estava ao lado deles impassível. Não parecia cansado. Não estava usando traje de isolamento ou vestimenta espacial. Apenas o uniforme de assalto da Federação. Ele analisava a situação e resolveu se pronunciar:

-Capitão...Eu posso escalar mais rápido do que vocês e poderei trazer a nave para mais perto. – ele quase gritava para ser ouvido em meio a tempestade.

[Está bem, soldado. Vá na frente. Ficaremos aqui dando-lhe cobertura.] _responde Alkon aceitando a sugestão do Tosk que, imediatamente, pôs-se a escalar o paredão reutilizando as cordas que haviam deixado para trás. A sua agilidade era impressionante,. Não era à toa que sua raça era projetada para serem os fugitivos perfeitos. Olhando como Vulpes escalava com extrema facilidade, era difícil imaginar que alguém conseguisse pegá-lo.

[Capitão.Não acho uma boa idéia.] _protestou Siro.

[Por quê?]

[Um Tosk é um fugitivo por natureza. Quando ele tiver pegado a nave, vai dar o fora e nos deixar para trás.]

[Vulpes não é  um Tosk comum. Ele escolheu servir à Frota.] _Alkon discorda do bajoriano.

[O senhor confia demais nas pessoas, capitão.]

[Assim como confiei em você. Você ainda é um Maqui e está sob a minha custódia. Você poderia também me dar um tiro e fugir. Por quê ainda está aqui, lutando ao meu lado?]

Siro pensa um pouco e responde:

[Para fazer o que é certo. Se temos alguma chance de derrotar o Dominion, espero poder colaborar com isso. Detestaria ter que, depois de tantas batalhas, apenas ver que trocamos um inimigo por outro que não poderemos vencer. Com vocês e os cardassianos sabemos que podemos lidar.]

[Como vê, todos nós temos as nossas motivações. A de Vulpes é de ter a oportunidade de fugir a sua programação genética, de conquistar a sua individualidade.]

[E qual é a sua motivação, capitão?]

Alkon fica sem resposta por um momento. Por que ele ainda arriscava o pescoço pela Frota depois que a mesma o havia quase expulsado? Ele ainda se fazia esta pergunta todas as manhãs desde que retiraram o seu comando da USS Babel.

[Sou um oficial da Frota Estelar. Minha motivação é manter a paz e a ordem no quadrante Alfa.] _respondeu da forma mais hipócrita possível.

[Besteira!] _comenta Siro não acreditando em nenhuma sílaba que Alkon pronunciara.

O papo fora abruptamente interrompido pelas rajadas de phaser vindas em suas direções. Os Jem’Hadar os haviam encontrado.

[Proteja-se!] _gritou Siro para Alkon que não contava com a invisibilidade. Não foi preciso dizer duas vezes. Alkon encontrou um escudo em uma rocha próxima. Devolveram o fogo. Alkon jogou duas granadas na direção do inimigo. Não dava para ver quantos eram pois eles também contavam com dispositivo pessoal de camuflagem. Mas o silêncio advindo depois das explosões significavam que Alkon havia acertado o alvo.

[Boa pontaria, capitão!] _elogiou Siro.

[Obrigado!Esta foi apenas a primeira onda. Vamos procurar uma possição mais protegida.]

Os dois combatentes se deslocam cuidadosamente, com armas em punho, entre os rochedos.

[Uma nova patrulha não tardará. A explosão vai atrair mais deles até a nossa posição.] _afirmava Alkon.

[Vamos torcer então para que o Tosk chegue antes.] _disse Siro jogando o seu rifle descarregado no chão e pegando um phaser de mão.

Um novo grupo de soldados Jem’Hadar chegam  trazendo desesperança para o bajoriano. Eram muitos tiros. Siro imitou Alkon e jogou duas granadas na direção deles, porém, antes que explodissem sozinhas, ele atirou nelas enquanto estavam no ar. O deslocamento de ar foi maior e atingiu mais inimigos. Alkon ficou espantado com aquela inusitada tática.

[Foi uma coisinha que aprendi entre os Maquis.] _se vangloriava o bajoriano.[Cadê aquele lagarto supernutrido? Eu avisei que não devíamos confiar nele!] _praguejava.

[É uma escalada difícil. Mesmo para um Tosk. Acredite. Ele voltará.Continue atirando. Cuidado! À sua direita!]

O aviso de Alkon foi providencial. Um Jem’Hadar havia se materializado bem perto de Siro, que só tem tempo de se abaixar antes de quase ter sua cabeça decepada por uma lâmina. Siro dá-lhe um golpe , rouba a lâmina e tira a vida de seu inimigo. Como eles o havia encontrado?

[Eles devem estar usando sensores térmicos!] _concluiu Alkon como se lesse os pensamentos de Siro.

[Eles nos encurralaram! E a nossa munição está acabando!] _constata o bajoriano.

[Ainda temos uma opção.] _Alkon se referia aos seus poderes telecinéticos. Concentrou-se na rocha pendente acima deles e provocou uma avalanche. _[Corra para o paredão até aquela fenda. Rápido!]

[Por quê?]

[Não discuta! Faça o que mandei! Vai!]

Quando Siro ouviu o ruído da avalanche entendeu as ordens do capitão. Correu o mais rápido que pôde.

Exausto com o esforço mental que fizera, Alkon, ao correr, tropeça e cai. A última coisa que vê é um manto branco vindo do céu em sua direção.

No espaço...

_Naves Jem’Hadar se aproximando a bombordo a quinhentos quilômetros. – avisou Brixx do console tático.

_Quantas são? – perguntava McCormick da cadeira do capitão.

_Uma nave de batalha e cinco caças. – informava o boliano prontamente.

Naomi olhou assustada para o oficial de ciências. McCormick sabia que de nada adiantaria se desesperar. Neste momento, Gilbert e Allison adentram a ponte, ela reassume o leme e Gilbert, o posto científico.

_Graças a Deus que vocês estão bem. Onde está o capitão e a número um ? – pergunta McCormick.

_A comandante Sarah e Klag estão sendo atendidos na enfermaria pela doutora T´Vel. O capitão, o bajoriano e o Tosk ainda estão no planetóide. – informou Allison.

_Senhor, se me permite...Não podemos deixa-los. Temos que resgata-los. – solicitou o alferes Gilbert.

_Não se preocupe, alferes, iremos fazê-lo, mas agora parece que temos um problema maior. Parada total. Cortar a energia de todas as áreas não essenciais. Suporte de vida em cinqüenta por cento. Como está a nossa camuflagem, Naomi?

_Poderemos mantê-la, sem nenhuma flutuação, com energia de emergência, por mais uma hora.

_Tenente Brixx...Eles já nos detectaram?

_Não, senhor. Eles estão sondando o perímetro.

_Mantenha-nos em órbita. Vamos dar essa hora para o capitão. Depois disso ou nos revelamos ou partimos.

Um grande silêncio tomou conta da ponte. Todos sabiam dos riscos da missão, mas enfrenta-los era outra história. Torciam para que seus companheiros tivessem sorte.

...

No planetóide, Elik, o karemma administrador do centro de produção de ketracel-white, estava descontrolado.

_Como ainda não o encontraram? – gritava contra uma tela de comunicação.

[Houve uma avalanche, senhor. Eles foram soterrados juntos com muitos soldados nossos.] _informou um soldado Jem´Haddar.

_Vasculhe a área. Quero os seus corpos. Algum vestígio de naves da Federação?

_Nossos sensores em terra foram sabotados. Temos uma equipe reparando o problema, mas vai levar ainda seis horas até que tudo esteja operacional. – informava Sajmar.

_Zaldro...Comunique-me com Tulel em órbita.

_Comunicação estabelecida.

_Tulel, algum vestígio de uma nave da Federação por perto?

_Ainda não, meu senhor. Contudo descobrimos que um de nossos caças está desaparecido.]

_Desaparecido...desaparecido....Esta palavra já está me irritando.Prisioneiros que dasaparecem. Naves que desaparecem. Eles não são etéreos. São de carne e osso e sangram. Nós vimos isto. Eles não podem ficar invisíveis...Espere...Talvez possam....Tulel, procure por naves camufladas. Use sensores de tachyons. Eles não devem estar longe.

As ordens foram cumpridas. A Albedo estava em uma órbita geo-sincrônica negativa, ou seja, estava voando no sentido contrário da rotação do planetóide e da flotilha Jem´Haddar. Não demorou muito para serem detectados.

...

Na Albedo, Naomi, prevendo que seriam descobertos mais cedo ou mais tarde, sugeriu um novo plano de ação.

_Mack, escute...estive pensando...Não é muito difícil detectar uma nave camuflada. A tecnologia do Dominion pode ser bem melhor do que a nossa então eles não demorarão a nos encontrar. Principalmente se emitirem feixes de tachyons em suas varreduras.

_O que você sugere ?

_Baixar a nossa órbita. Os sensores do planetóide estão danificados e todas as naves deles estão aqui no espaço nos procurando.

_Vamos ficar bem embaixo do focinho deles e eles não irão nos ver! Bem pensado!

_Talvez ganhemos algum tempo com isso. – conclui a engenheira.

_Não perderemos nada se tentarmos. Tenente Saint-John...Baixar órbita em trinta graus. Mantenha-nos acima da nevasca. Zagar...Mande mensagem criptografada para a Azimute dando nossa posição. Brixx...Come a sondagem em busca do nosso pessoal. Eles podem não estar conseguindo teto para decolar.

_Presumindo que eles ainda estejam vivos... – comentou o tenente boliano.

_Vamos manter o otimismo, tenente. Não quero pensamentos negativos aqui na ponte.

_Desculpe, senhor. Eu só presumi...

_Por favor, tenente. Vamos nos ater apenas aos fatos. Procure pelos sinais de transponder deles, e nos dê apenas boas notícias. – McCormick sorri cinicamente para o boliano.

_Sim, senhor. Farei o que puder. – disse Brixx um pouco  desconcertado.

McCormick estava preocupado com os seus companheiros na enfermaria, ordenou que Zagar colocasse na tela principal a comunicação com a enfermaria. Apareceu a imagem da médica assistente, a indiana Indira Nepatshanu, com uma pintura colorida circular no meio da testa.

[Sim?]

_Gostaria de saber das condições da comandante Sarah e do tenente Klag.

[A doutora T´Vel está operando a comandante neste momento. Quanto ao tenente Klag...] _neste momento o klingon apareceu empurrando a médica assistente para o lado.

[Permissão para retornar ao meu posto, senhor.]

_Que bom que o sangue do guerreiro klingon ainda ferve em você, mas gostaria de ouvir a opinião da doutora primeiro.

O klingon se afastou da frente da câmara aborrecido. A dra. Indira fez o seu relatório.

[O tenente teve uma perfuração nos músculos reto femoral, vasto lateral, com uma pequena lesão no bíceps femoral. Podemos restaurar a musculatura em uma semana, mas para isso ele precisará ser afastado de suas funções.]

_Você ouviu a doutora, tenente. Estamos dando conta aqui em cima. Vamos precisar de você inteiro. Dra. Nepatshanu...Me informe das condições da comandante assim que puder.

 O klingon grune e volta a se deitar. A imagem da doutora desaparece dando vez ao espaço sideral.

_Senhor...Acho que captei o sinal da Azimute. – informou Gilbert.

_Ampliando o sinal...Confirmado. É ela. – confirma Brixx.

_Sinais vitais? – perguntou McCormick.

_Estamos com muita interferência....melhorando o sinal...três sinais. São eles e estão vivos! Acredito ser essa uma boa notícia, senhor. – disse Brixx lembrando da conversa que tiveram a pouco.

_Pode contar que sim, tenente. Bom trabalho. – McCormick sorri de alívio e sua felicidade ressoa no semblante da engenheira-chefe e da piloto.

Lá embaixo o capitão Alkon estava recobrando a consciência.

_Ai...O que...Onde...?

_Nosso amigo lagarto aqui conseguiu nos teletransportar para a nave a tempo, mas parece que um pouco de neve te pegou antes. Não se mexa muito. Seu ombro está deslocado.

_Obrigado, alferes.

_Não tem de quê, capitão. Eu demorei um pouco, pois tive que retirar um pouco de neve que estava sobre a nave.

_Pelo que sei você fez tudo no tempo certo. Onde estamos?

_Infelizmente ainda no planetóide. Tentamos decolar, mas a nevasca não permitiu.Este planetóide é como se fosse um cometa gigante e agora ele está voltado para o sol do sistema. Sua camada de gelo e neve exposta aos raios solares é que estão causando a nevasca. Não sabemos quando durará o periélio , pode ser semanas, meses ou até mesmo anos. A boa notícia é que estamos pelo menos a uns duzentos quilômetros do laboratório da montanha e a rede de sensores deles ainda continua inativa. – informa Siro.

_Como pode ter certeza disso? – pergunta o capitão.

_Ainda estamos vivos, não?_responde o bajoriano com simplicidade.

_Vivos, mas não seguros. Quando poderemos decolar novamente ? – perguntou apreensivo o capitão.

_As naceles congelaram. Estamos presos em um banco de neve depois de uma aterrissagem forçada. Teremos que ir lá fora  para desenterrar parte da nave. Só que está um frio daqueles! – informa Siro.

_Ainda temos nossos trajes de EVA ?

_Sim, dois deles apenas.

_Ótimo. Eu e você vamos lá fora. Vulpes fica aqui e tente estabelecer um contato com a Albedo.

_Ahn...capitão...As comunicações caíram. Vai levar ainda algum tempo para fazer tudo funcionar de novo. Eu poderia tentar, mas vou logo adiantando que não mexo em um transceptor subespacial há muito tempo. – diz Siro meio sem jeito.

_Então parece que teremos que resolver um problema de cada vez. – Alkon se levantou com dificuldade do chão e foi amparado por Vulpes.

_Vamos ter que trabalhar em duas frentes. Vulpes irá comigo e você mexe no console de comunicações. Só vou precisar de uma..ai...pequena ajuda para vestir o traje.

 Momentos depois, já fora da nave, Alkon percebe um dano na nacele direita após ter derretido a neve em volta dela com o seu phaser. Parecia que a queda havia provocado danos maiores do que o pensado. Alkon dá um chute no casco da nave ao perceber que ficariam ali mais tempo do que gostaria e a mercê dos inimigos.

Texto por: Marcos De Chiara.